Após “enorme aposta” nórdica, Sonae afasta grandes aquisições nos próximos anos

Prestes a concluir, “provavelmente, a maior aposta individual nos 60 anos da Sonae”, com a compra da finlandesa Musti, o CFO fecha a porta a futuras compras da mesma dimensão nos próximos anos.

A Sonae afasta a hipótese de avançar “nos próximos anos” com novas aquisições da mesma magnitude daquela que está prestes a concluir na Finlândia, na sequência da Oferta Pública de Aquisição (OPA) que lançou em novembro sobre a empresa de produtos para animais de estimação Musti, propondo-se pagar 26 euros por cada ação, o que avalia a cotada na bolsa de Helsínquia em 868 milhões de euros.

O administrador financeiro (CFO), João Dolores, disse à agência Bloomberg que esta operação é uma “enorme aposta” do grupo português, “provavelmente a maior aposta individual nos 60 anos da Sonae”. No entanto, contrapôs, a companhia liderada por Cláudia Azevedo “não [gosta] de ter níveis muito elevados de alavancagem” e irá manter uma abordagem “conservadora” em termos financeiros.

A aquisição na Finlândia, que já obteve “luz verde” de Bruxelas e a recomendação da administração para que os acionistas aceitem as condições propostas, está a ser realizada pela dona do Continente através da sociedade Flybird Holding Oy, em consórcio com Jeffrey David, presidente do conselho de administração da Musti, Johan Dettel, membro do conselho de administração, e o CEO David Rönnberg.

Nos próximos anos, sentimos que tem potencial para, pelo menos, duplicar a dimensão da Musti.

João Dolores

CFO da Sonae

Assim que estiver concluída a operação, previsivelmente ainda no primeiro trimestre de 2024, o grupo sediado na Maia conta ficar a controlar mais de 90% das ações e dos direitos de voto na Musti, que fatura 426 milhões de euros e detém 340 lojas na Finlândia, Suécia e Noruega. “Nos próximos anos, sentimos que tem potencial para, pelo menos, duplicar a dimensão”, aponta João Dolores.

Apresentação de resultados de 2022 da Sonae - 16MAR23
João Dolores, CFO da Sonae, durante a apresentação de resultados de 2022Ricardo Castelo/ECO

Na primeira comunicação ao mercado, a Sonae apontou o retalho de produtos para animais de estimação como um segmento em rápido crescimento, “beneficiando das fortes tendências de adoção e cuidados premium, do aumento dos gastos por animal e da resiliência inerente ao padrão de consumo não discricionário da sua alimentação”. Por outro lado, salientou que o consórcio pode beneficiar da “combinação da experiência da Sonae em retalho omnicanal, bem como dos seus recursos e alcance geográfico”.

Mesmo não antecipando novas aquisições desta dimensão, o CFO salientou que a Sonae tem atualmente capacidade para angariar fundos a “custos relativamente baixos”, o que confere a capacidade para analisar transações de “tamanho considerável”. Na mesma entrevista, apontou ainda que vê neste momento menos concorrência para este tipo de negócios, ao mesmo tempo que as avaliações estão a cair para ativos ligados a alguns “temas quentes”, como é o caso deste setor de atividade.

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