Ministra da Agricultura vai receber sexta-feira grupo de agricultores das várias regiões do país. À porta deve ter manifestação

O encontro com agricultores de norte a sul do país está agendado para as 14h30. Através das redes sociais está ser organizado um protesto em frente ao ministério, no Terreiro do Paço.

A ministra da Agricultura vai receber na sexta-feira um grupo de agricultores representativo das várias regiões do país. O encontro está agendado para as 14h30 e os agricultores estão a usar as redes sociais para mobilizar um protesto em frente ao ministério, no Terreiro do Paço, em Lisboa.

Só com manifestações de força se consegue a atenção do poder”, disse ao ECO António Almodôvar que integra o movimento de agricultores que cortou a Estrada Nacional 260 (EN260), na passada quinta-feira, deixando dezenas de camiões retidos na fronteira de Vila Verde de Ficalho, no concelho de Serpa (Beja). “Comecei com um grupo de agricultores do Baixo Alentejo, mas este é já um movimento conjunto, de norte a sul do país”, sublinhou o responsável que tem uma exploração de romãs.

Os agricultores estavam expectantes com o resultado da reunião do Conselho de Ministros desta quinta-feira. “Vamos ficar a saber se o esforço e união de todos fez o esperado efeito”, dizia a mensagem de mobilização. “Esperemos até ao final do dia o resultado do Conselho de Ministros. De qualquer forma as portas do Ministério da Agricultura amanhã, as 14h30 serão abertas para receber um grupo de agricultores representativo das várias regiões do país”, continua a mesma nota.

Em causa está o pagamento dos 60 milhões de euros, do primeiro pilar do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) – os pagamentos diretos – nos apoios à produção, de modo a assegurar que as candidaturas aos ecorregimes agricultura biológica e produção integrada sejam pagos na totalidade. O presidente do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP) comunicou que haveria um corte de 35 a 25% nestes apoios, a dias do pagamento dos mesmo e depois de o agricultores já terem feito o investimento. A CAP negociou diretamente com o primeiro-ministro que a verba iria ser paga e a ministra da Agricultura explicou, posteriormente que foi um erro de comunicação do IFAP. Esta quinta, o Conselho de Ministros aprovou a resolução que garante o pagamento desta verba.

O caderno de encargos dos agricultores inclui outras medidas, como apoios à seca para os agricultores que não beneficiam do regadio alimentado pelo Alqueva, ou seja, 90% do Alentejo. “O Governo está a iludir os agricultores”, diz António Almodôvar, recordando que dos 200 milhões de euros anunciados de apoio à seca, 100 milhões são para o Algarve e há uma fatia importante dos apoios que só será paga em 2025.

Mas, “muitas medidas não têm a ver com dinheiro, mas com estratégica” que, naturalmente, terão de ficar para o próximo Executivo, nomeadamente o regresso das florestas ao Ministério da Agricultura (estão presentemente no Ministério do Ambiente).

António Almodôvar chama a atenção para o facto de o problema dos agricultores não ter a ver apenas com o Governo, mas com o monopólio da Jerónimo Martins e da Sonae cujos supermercados têm 70% da quota de mercado. “Vendo as minhas romãs a 65 cêntimos e depois são vendidas nos supermercados a três e cinco euros, quando até o transporte das frutas é assegurado por mim”, denuncia.

O responsável defende ainda que é muito importante alertar os consumidores para a sua segurança alimentar, porque os produtos importados da América do Sul, de África ou da Ásia não são produzidas com as mesmas regras. “Em Marrocos já há mais estufas do que Almería, em Espanha, e usam pesticidas que são proibidos desde os anos 60”.

Reunião com ministra foi “bastante positiva”, garantem agricultores transmontanos

A ministra têm-se desdobradas esta semana em encontros online com os diversos movimentos inorgânicos de agricultores para tentar acalmar os ânimos. Esta quinta-feira não foi exceção. Os agricultores transmontanos consideraram que a reunião online foi “bastante produtiva”, recebendo a garantia de que o pagamento de 60% das medidas agroambientais será feito antes do final do mês.

Depois de aceitarem desmobilizar o protesto desta manhã que cortou a Autoestrada 4 (A4) nos dois sentidos, entre os nós de Lamas e Amendoeira, em Macedo de Cavaleiros, após garantida reunião com a tutela, membros da organização deslocaram-se ao edifício da Câmara Municipal do concelho, onde tiveram um primeiro contacto com Maria do Céu Antunes, via videoconferência.

Ao final de quase duas horas, Armindo Lopes, um dos porta-vozes dos agricultores referiu aos jornalistas que na reunião marcou também presença Rui Martinho, presidente do IFAP. “Tivemos a garantia da senhora ministra que entre o dia 20 e 24 de fevereiro serão pagas 60% das [medidas] agroambientais”, revelou Armindo Lopes, salientando que há apoios, pendentes de aprovação da União Europeia, que podem atrasar “entre dois a três meses”, citado pela Lusa.

Quanto às ajudas atribuídas habitualmente em junho, referiu que vão manter-se com pagamentos até ao dia 25 daquele mês.

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