Frente a frente: Montenegro apela ao voto útil, Rocha diz que “solução está nesta mesa”

O líder da AD sublinhou que os eleitores vão escolher um primeiro-ministro e não só parlamentares, apelando ao voto útil. Rui Rocha sinalizou que a solução pode estar entre os dois partidos.

Balanço

Após respostas pouco surpreendentes sobre a crise política na Madeira – com Luís Montenegro a aguardar “serenamente” a decisão do Presidente e Rui Rocha a pedir eleições – o debate transmitido pela SIC, sempre amigável, focou no apelo ao voto. O candidato da Aliança Democrática (AD) sublinhou a necessidade de os eleitores escolherem um primeiro-ministro (ele próprio ou Pedro Nuno Santos), enquanto o da Iniciativa Liberal (IL) deu um sinal claro de que apesar de não ter aceitado participar numa coligação pré-eleitoral, poderá estar disponível para apoiar um Governo liderado pelo PSD.

Definidas essas posições, Rui Rocha apresentou a Montenegro um documento com 10 desafios para o país, um dos quais foi tema de discussão: a baixa de impostos sobre o rendimento. O líder da IL deu um exemplo para demonstrar que a proposta do seu partido para o IRS é mais generosa e abrangente, enquanto a do PSD oferece menos e para menos contribuintes. Montenegro rebateu as críticas, dizendo que Rocha estava a mostrar uma versão muito redutora das propostas, mas piscou o olho a futuras discussões sobre o assunto.

Na Saúde, as divergências são de base no equilíbrio público-privado para resolver os problemas, mas neste campo foi Rui Rocha a sinalizar que “haverá condições para discutir”. Já na questão da privatização da CGD, as linhas são mais rígidas: o PSD é liminarmente contra, enquanto a IL completamente a favor.

Leilão

Luís Montenegro: “Não temos falta de ambição, antes pelo contrário.. Dizer ao Rui Rocha que a visão que ele aqui trouxe é muito redutora da proposta do PSD. O exemplo que aqui trouxe fala apenas da taxa do IRS, do escalão. É que além dessa medida temos duas que são complementares”.

Rui Rocha: “Ambos apresentamos baixas nos impostos. Mas eu quero apresentar um caso concreto. Alguém que tenha 40 anos e ganha 1.500 euros brutos por mês, o salário médio português. Hoje com a proposta do PS para o Orçamento essa pessoa paga 211 euros por mês de imposto antes de deduções. E o PSD retira 5 euros por mês a esta proposta. E nós retiramos 109. Aqui vemos o que é a ambição”.

Bottom line

Luís Montenegro: “Esta atitude [de a IL não participar na coligação pré-eleitoral], é legítima e respeitável, mas aquilo que está em causa também é a eleição de um primeiro-ministro. Uma eleição, naturalmente, dos deputados para a Assembleia da República, mas é a escolha entre duas opções para liderar o Governo. É a opção do PS e de Pedro Nuno Santos, e a possibilidade de eu próprio liderar o Governo. E é com base neste cenário que o eleitores ponderarão”.

Rui Rocha: “A solução para o país está nesta mesa. E mais do que isso, qualquer voto que não esteja representado nesta mesa é um voto que atrasa a solução, que pode bloquear a solução e que consiste, no final do dia em manter o PS no Governo”.

Parecer

Um debate que serviu para criar pontes. O apelo de Montenegro ao voto útil é natural, portanto o ponto alto foi a declaração de Rui Rocha sobre a solução estar na mesa do debate, ou seja que a IL poderá apoiar um Governo liderado pelo PSD caso seja necessário. Sobre as divergências, os dois líderes maior ou menor disponibilidade para conversar, maior na Saúde e nos impostos, menor no controlo público ou privado da CGD. Num debate sem grandes momentos quentes, os dois líderes conseguiram um empate amigável com um olho no futuro.

Shrikesh Laxmidas, diretor-adjunto do ECO

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