Redes atuam como “estabilizador” para EDP face a quebra nos preços

Apesar da descida nos preços de venda da energia ter abalado as contas da EDP Renováveis, a casa mãe teve um aumento de 40% nos lucros. EDP destaca o caráter "estabilizador" do negócio das redes.

As redes elétricas estão a servir como um elemento “estabilizador” no portefólio da EDP, permitindo resiliência num ano em que os preços de venda da energia desceram.

“Gostava de reforçar o valor do nosso negócio de rede elétrica. É uma parte importante do nosso negócio e está a atuar como um estabilizador do portefólio. A emprestar alguma resiliência num contexto de preços de energia decrescentes”, afirmou o CEO da EDP, numa chamada com analistas, a propósito da recente apresentação de resultados da elétrica.

As redes tiveram um peso de 30% no EBITDA e no resultado líquido de 2023, mantendo aproximadamente os níveis do ano anterior, lê-se na apresentação disponibilizada aos analistas.

Para Miguel Stilwell, “o modelo de negócios é bastante resiliente a preços de mercado mais baixos”, e considera que 2023 “correu bem”, apesar da descida nestes preços.

O desempenho na Península Ibérica melhorou à boleia da recuperação dos volumes hídricos, depois de uma “seca severa” em 2022 e, regista a empresa, 2024 apresenta um “começo forte” nesta frente, com a geração hídrica e os reservatórios de água acima da média.

Uma “forte” rotação de ativos, que gerou ganhos de 460 milhões de euros, também contribuiu para a evolução em 2023, e as perspetivas são animadoras para 2024, indica o CEO, que espera concretizar a meta de adição de 4 gigawatts (GW) de capacidade, tal como previsto no plano estratégico.

Estes ganhos permitiram compensar, ainda que só em parte, a diminuição do EBITDA dos projetos eólicos e solares, que sofreram com a produção de menos energia eólica e com preços de venda mais baixos.

A EDP Renováveis alcançou lucros de 309 milhões de euros em 2023, metade do resultado líquido conseguido no ano anterior. A queda é justificada, entre outros fatores, pela redução do preço médio de venda do megawatt-hora (MWh) em 6%, reflexo dos preços mais baixos da eletricidade na Europa em comparação com os máximos alcançados em 2022.

Quebra nos preços das renováveis não preocupa analistas

A queda abrupta nos resultados da EDP Renováveis “não é de todo preocupante, a menos que se torne um hábito”, considera o analista da ActiveTrades Mário Martins. A redução dos preços de venda de energia, que ditaram esta quebra em particular, “era expectável”, após a “forte subida” dos preços em 2022, resultante da guerra na Ucrânia.

A empresa conseguiu adicionar capacidade renovável e aumentar a produção que procurou compensar a queda do preço médio de comercialização“, aponta João Queiroz, do Banco Carregosa, quando os preços de 2022 “não aparentavam ser sustentáveis de manter”.

No entender deste último analista, “a longo prazo, os investimentos em capacidade renovável parecem posicionar esta cotada de forma competitiva no mercado de energia renovável, aumentando sua capacidade de geração de receitas e melhorando seu perfil de sustentabilidade”.

Isto, sem afastar que, no curto prazo, há uma maior pressão sobre os fluxos de caixa e pode verificar-se um aumento no custo de financiamento devido ao “elevado” nível do stock de dívida. “A gestão mais eficaz destes desafios será essencial e crucial para capitalizar as oportunidades futuras”, considera Queiroz. Ambos os analistas destacam, contudo, como ponto mais negativo, o atraso nos projetos eólicos na Colômbia.

Apesar de existir “uma parte de tendência” na baixa dos preços, indica Mário Martins, e de “a diminuição dos resultados ser transversal ao setor e às diversas geografias”, na voz de Queiroz, este segundo analista destaca as perspetivas de crescimento da procura mundial por eletricidade até 2026 como um ponto a favor.

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