Sondagem brasileira proibida em Portugal ‘disparou’ nas redes com ajuda do Chega

  • Lusa
  • 3 Março 2024

O Chega ajudou a multiplicar e difundir uma sondagem do Instituto Paraná Pesquisas, do Brasil, que não está credenciada em Portugal, e que levou a ERC a abrir um processo de averiguações.

As contas nas redes sociais do Chega foram “as grandes impulsionadoras” na difusão de uma sondagem que não podia ser publicada em Portugal e que colocava o partido num suposto empate técnico com AD e PS.

Uma pesquisa do MediaLab do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE-IUL), relativa à semana passada, concluiu que o Chega e o seu líder foram quem mais ajudou a multiplicar e difundir uma sondagem do Instituto Paraná Pesquisas, do Brasil, que não está credenciada em Portugal, e que levou a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) a abrir um processo de averiguações.

O ‘ranking’ de publicações nas quatro redes sociais (Facebook, X, Instagram e TikTok) é obtido somando o número de interações de todos os ‘posts’, tomando em consideração as métricas de interações disponíveis em cada plataforma. Um dos objetivos do projeto do MediaLab e da agência Lusa é o de identificar os conteúdos desinformativos atribuídos aos partidos ou candidatos pelos ‘fact-checkers’ nacionais credenciados pela International Fact-Checking Network (IFCN), Polígrafo, Observador Fact Check e Público – Prova dos Factos, e avaliar o impacto nas redes sociais, medido em interações e visualizações.

No Facebook, mais de metade das publicações a partilhar uma captura de ecrã com o resultado desta sondagem são de “páginas de militantes ou dirigentes do partido Chega”, segundo o MediaLab, que está a conduzir um projeto de parceria com a agência Lusa sobre as eleições nas redes sociais e os processos de desinformação na fase pré-eleitoral para as legislativas de 10 de março.

Foram os ‘posts’ de André Ventura e do Chega que angariaram 88% das interações (soma de todas as reações, comentários e partilhas de uma publicação).

E, no X (ex-Twitter), a “partilha da captura de ecrã do artigo do Folha Nacional”, jornal do Chega, com a sondagem, foi feita “sobretudo por membros do partido que angariaram metade das interações (soma de todos os “gostos”, comentários e partilhas), destacando-se André Ventura e o dirigente Pedro dos Santos Frazão.

A ERC já abriu “um processo de averiguações” à sondagem divulgada pelo Chega no jornal Folha Nacional, feita por uma empresa brasileira não credenciada pelo regulador português.

André Ventura afirmou que o Chega nada tem a ver com a empresa e adiantou que apenas partilhou uma notícia que estava “espalhada por toda a imprensa brasileira”.

Na análise do MediaLab surgem, igualmente, publicações nas redes sociais relativas a uma alegada sondagem, em 21 de fevereiro. Era falsa, atribuída ao CESOP – Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica, e colocava o Chega em empate técnico com a AD e o PSD.

Tudo era falso e o ‘site’ Polígrafo confirmou o seu caráter desinformativo. Neste caso, nenhum dirigente do Chega partilhou qualquer das publicações, mas a responsabilidade pela sua difusão, segundo os peritos do MediaLab, foi de grupos de simpatizantes do Chega, responsáveis por 78% das interações.

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