Governo não terá “estado de graça”, avisa sindicado de médicos
Roque da Cunha disse "que é evidente que qualquer situação de instabilidade não é boa para o país".
O Sindicato Independente dos Médicos manifestou esta segunda-feira “total disponibilidade” para dialogar com o novo Governo, mas avisou que não haverá “estado de graça” devido à gravidade dos problemas no SNS e à dificuldade de acesso aos cuidados saúde.
“A situação e a gravidade dos problemas que existem, a dificuldade de acesso dos portugueses a médicos de família, a cuidados de saúde, a cirurgias, a consultas, a dificuldade em constituir escalas de urgência, que continua um pouco por todo o país, vai obrigar a uma intervenção rápida de emergência e de uma forma consistente”, disse à agência Lusa o secretário-geral do sindicato.
Jorge Roque da Cunha assegurou ainda que o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) irá pedir uma reunião com o Ministério da Saúde no dia em que o Presidente da República der posse ao novo Governo, para retomar as negociações. “Iremos solicitar com caráter de urgência [o retomar das negociações], naturalmente, compreendendo que há muitas matérias que necessitam de trabalho, enfim, o programa de Governo, a composição dos gabinetes, mas desde logo o pedido fica feito”, salientou.
A Aliança Democrática (AD), liderada por Luís Montenegro, venceu as eleições legislativas, no domingo, com 29,49% dos votos e 79 deputados, à frente de PS, de Pedro Nuno Santos, segundo mais votado, com 28,66% e 77 eleitos, e Chega, de André Ventura, com 18,06% e 48 mandatos, de acordo com os resultados provisórios, faltando ainda atribuir os quatro mandatos pela emigração.
Questionado sobre o que espera perante estes resultados, que dão um governo minoritário, para as reivindicações dos médicos, Roque da Cunha disse “que é evidente que qualquer situação de instabilidade não é boa para o país”. “Não é boa para a nossa vida pessoal, não é boa para a nossa vida profissional, mas a verdade é que os portugueses escolheram e os resultados são aqueles que são”, disse.
Roque da Cunha insistiu na “total disponibilidade” do SIM para manter um diálogo com os partidos políticos na Assembleia da República, com quem já se reuniu e a quem vincou “a necessidade de investimento no Serviço Nacional de Saúde”. Por isso, disse esperar que “o SNS seja daquelas matérias que, no quadro parlamentar, mereça o consenso alargado dos deputados”.
O dirigente sindical vincou que todos os partidos se comprometeram com o SIM de que o aumento intercalar que conseguiu no final do ano possa ser complementado ainda em 2024 de forma a captar médicos para o SNS. “Não é possível estarmos de uma forma recorrente a verificar que haja tantas saídas, tanta dificuldade em contratar médicos e a contratação de médicos reformados é um remendo. Há 12 anos que andamos a dizer exatamente isso. É uma medida que é provisória, mas é provisoriamente definitiva”, criticou.
Roque da Cunha manifestou a disponibilidade do SIM ajudar a encontrar soluções, num contexto que “não será fácil, como não tem sido fácil”, e lembrou “o privilégio” de o SIM ter “assinado 36 acordos com todos os governos de todas as cores políticas, com a Santa Casa de misericórdia, com as parcerias Público privadas”.
“Portanto, esperamos que aquilo que foi expresso na campanha eleitoral, que, aliás, foi um dos temas principais da campanha eleitoral, seja concretizado de uma forma rigorosa, séria, porque a situação que os portugueses hoje vivem em relação ao acesso a cuidados de saúde de saúde é muitíssimo grave”, vincou Roque da Cunha.
Entre as reivindicações do SIM, estão a atualização da grelha salarial, com reposição da perda de 30% do poder de compra verificado desde 2011, e adoção das 35 horas de trabalho semanais para os Médicos, incluindo 12 horas de trabalho em Serviço de Urgência.
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