Biden transmite a Xi preocupação com apoio chinês à invasão russa

  • Lusa
  • 2 Abril 2024

Na primeira conversa telefónica entre ambos desde 2022, Biden manteve a defesa da política de "uma só China". Xi avisou que a questão de Taiwan representa uma "linha vermelha intransponível".

O presidente norte-americano, Joe Biden, transmitiu esta terça-feira ao seu homólogo chinês, Xi Jinping, na primeira conversa telefónica entre ambos desde 2022, a preocupação dos Estados Unidos com o apoio chinês à Rússia na invasão da Ucrânia. “A China é, obviamente, um país soberano que tomará as suas próprias decisões sobre as suas relações, mas estamos muito preocupados com o rumo que isto está a tomar”, afirmaram altos funcionários do Governo de Biden aos jornalistas.

Em declarações à imprensa antes da chamada telefónica, responsáveis da Casa Branca indicaram que Biden pretendia centrar a conversa na preocupação que Washington sente com a ajuda que Pequim tem prestado à máquina de guerra russa, estimando que terá um impacto a longo prazo na segurança europeia.

O mais recente encontro entre os dois presidentes ocorreu em novembro passado, à margem da cimeira do Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico, em São Francisco, e este apelo foi uma forma de manter aberto o diálogo para gerir a competição entre as duas super-potências.

Na conversa telefónica estava na agenda a importância de manter a paz e a estabilidade tanto no Estreito de Taiwan – uma ilha autogovernada cuja soberania é reivindicada pela China e que Washington prometeu defender contra uma possível invasão chinesa – bem como no Mar do Sul da China, rico em recursos e onde Pequim mantém disputas territoriais com países vizinhos.

Biden sublinhou a defesa norte-americana da política de “uma só China” e manifestou também preocupação com “ações desestabilizadoras” no Mar do Sul da China, como o ataque, em março, por vários navios chineses com canhões de água contra um navio filipino naquelas águas disputadas. Já o Presidente chinês, Xi Jinping, disse ao homólogo norte-americano que a questão de Taiwan representa uma “linha vermelha intransponível”, segundo a imprensa estatal chinesa.

“Xi Jinping sublinhou que a questão de Taiwan é a primeira linha vermelha intransponível nas relações sino-americanas”, afirmou a agência noticiosa oficial Xinhua. “Não permitiremos que as atividades separatistas ou o conluio externo que apoiam as forças da ‘independência de Taiwan’ não sejam controlados”, disse o chefe de Estado chinês, citado pela imprensa chinesa.

Outro assunto abordado foi a exportação de tecnologias avançadas para a China, em relação à qual Xi gostaria de ver levantadas as restrições norte-americanas. O Presidente chinês disse que Pequim não vai “ficar de braços cruzados” se Washington continuar a reprimir “o desenvolvimento de alta tecnologia da China”, segundo a imprensa estatal chinesa. Joe Biden respondeu que continuará a tomar “as decisões necessárias para impedir que as tecnologias avançadas dos EUA sejam utilizadas de forma a comprometer a segurança nacional dos EUA”, de acordo com um comunicado da Casa Branca.

Washington também está a pressionar Pequim a usar a sua influência junto do Irão para que este país persuada os Huthis, rebeldes iemenitas que se acredita estarem sob a sua órbita, a pararem de atacar os navios no Mar Vermelho. As advertências de Biden a Xi também foram levantadas bilateralmente, em momentos anteriores, quando Washington sublinhou que continuarão a ser tomadas medidas para proteger a sua segurança nacional e os seus interesses económicos.

Em 25 de Março, os Estados Unidos associaram Pequim a uma conspiração para realizar campanhas cibernéticas contra infraestruturas críticas, pelas quais sete cidadãos chineses foram acusados. O Governo de Biden destacou que não se esperavam acordos com esta conversa telefónica, mas sim uma atualização que antes não foi possível devido à dificuldade logística de a organizar com uma diferença horária de 12 horas.

A conversa entre os dois dirigentes será seguida de visitas à China de outros membros do Governo norte-americano, incluindo uma deslocação da secretária do Tesouro, Janet Yellen, nos próximos dias, e do secretário de Estado, Antony Blinken, nas próximas semanas.

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