FMI alerta bancos centrais para que não cortem já as taxas de juro

O FMI recomenda que os bancos centrais evitem uma flexibilização prematura das suas políticas monetárias para não terem de retroceder no futuro.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) lançou um alerta através da publicação do primeiro capítulo do seu mais recente “Global Financial Stability Report”, instigando os bancos centrais a manterem-se vigilantes até ao final do processo de desinflação, apesar de um otimismo generalizado nos mercados financeiros.

Segundo o relatório publicado esta terça-feira, embora o mundo financeiro antecipe o fim da luta contra a inflação e um possível alívio da política monetária com a realização dos primeiros cortes das taxas de juro, os técnicos do FMI apontam para vários desafios que ainda persistem na economia, como as crescentes tensões geopolíticas e as pressões no setor imobiliário comercial que “podem aumentar o risco para alguns credores, especialmente com os problemas contínuos no mercado imobiliário da China”, lê-se no relatório.

O FMI destaca ainda que, embora a inflação tenha desacelerado rapidamente a nível global, começou recentemente a divergir em alguns países, como França, Alemanha, Itália, África do Sul, Reino Unido e EUA, com as expectativas em redor da inflação nos próximos anos a mostrar novamente uma tendência de subida.

“Este fenómeno pode comprometer a expectativa de uma desinflação contínua, com projeções indicando que a inflação futura em grandes economias pode não abrandar rapidamente, mantendo-se acima dos objetivos dos bancos centrais”, alerta a entidade liderada por Kristalina Georgieva.

Esta mensagem vai ao encontro do que tanto Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), como Jerome Powell, presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed), têm defendido reunião após reunião dos Conselhos de Política Monetária.

O relatório do FMI adverte também para a discrepância entre a instabilidade nos preços dos ativos e a incerteza política e económica, que pode antecipar aumentos na volatilidade devido a choques negativos, tais como imprevistos na inflação, que têm potencial para abalar as expectativas de reduções consideráveis nas taxas de juros.

“Isso poderia resultar numa venda correlacionada de ativos, apertando as condições financeiras globais e afetando especialmente os mercados emergentes, que enfrentam taxas de refinanciamento desproporcionalmente altas”, dizem os técnicos do FMI.

Perante o cenário de incerteza que ainda perdura na economia mundial, o FMI recomenda que os bancos centrais evitem uma flexibilização prematura das suas políticas monetárias para não terem que retroceder no futuro. “Ao invés disso, devem combater expectativas demasiado otimistas dos investidores face ao alívio da política monetária”, para serem capazes de assegurar “uma transição estável para uma política monetária menos restritiva.”

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