Portugal paga mais para emitir 1.580 milhões em dívida de curto prazo

O IGCP emitiu dívida com maturidade a três e a 11 meses, depois de na semana passada ter realizado um triplo leilão de dívida de longo prazo.

Portugal realizou esta quarta-feira a emissão de 1.580 milhões de euros em títulos com maturidade a três e a 11 meses. O Tesouro português emitiu um valor ligeiramente superior ao montante indicativo mais elevado para esta operação, de 1.500 milhões de euros, com taxas mais altas que nas emissões anteriores comparáveis.

“Continuamos num regime de curva invertida em taxas de juro, o que faz com que as taxas de curto prazo sejam superiores às de longo prazo, motivo pelo qual o leilão de 3 meses tem uma taxa superior à de 11 meses”, explica Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa. O responsável acrescenta que “o prémio de risco nacional tem vindo a estar alinhado com os movimentos das restantes dívidas soberanas core“, sem grandes variações na dívida de curto prazo, nas últimas semanas.

Na emissão de dívida com o prazo mais curto, com maturidade em julho de 2024, o IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública colocou 735 milhões de euros, com uma taxa de juro média ponderada de 3,769%. A procura situou-se em 2,12 vezes a oferta. A última vez que o Tesouro português tinha emitido bilhetes do tesouro (BT) a três meses foi em fevereiro do ano passado, altura em que a yield paga se situou em 2,568%.

Já na linha que vence em março de 2025, o País financiou-se em 845 milhões de euros, com uma taxa média ponderada de 3,457%, ligeiramente acima dos 3,436% pagos na última emissão de BT a 11 meses, no passado mês de fevereiro. A procura nesta linha superou a oferta em 2,5 vezes.

A entidade que gere a dívida portuguesa, liderada por Miguel Martín, tinha comunicado no final da semana passada a realização de um duplo leilão de BT a três e 11 meses, com um montante indicativo entre 1.250 e 1.500 milhões de euros.

No entanto, à semelhança do que aconteceu na semana passada, no triplo leilão de dívida de longo prazo, no qual a República emitiu 1.523 milhões de euros com custos mais baixos, Portugal colocou um valor ligeiramente acima do intervalo superior apontado para a emissão.

Esta emissão de dívida de curto prazo ocorre menos de uma semana depois de a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, ter admitido um corte de juros em junho, ainda que reiterando que a decisão estará dependente de dados económicos que confirmem que a taxa de inflação continua a convergir em direção ao objetivo de 2% do banco central.

“O Banco Central Europeu deverá iniciar o processo de descida de taxas de juro em junho, uma vez que os dados económicos estão a ir de acordo com as suas expectativas”, antecipa Filipe Silva. O diretor de investimentos do Banco Carregosa destaca que, “alterações para além dessa data serão avaliadas em cada reunião”, mas “se a tendência se mantiver, é provável que venhamos a assistir a uma descida dos prémios de risco da dívida de curto prazo, não só de Portugal mas também dos restantes países da Zona Euro”.

(Notícia atualizada às 11:20)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Portugal paga mais para emitir 1.580 milhões em dívida de curto prazo

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião