Adeptos já emprestaram 1,2 mil milhões aos três grandes. Só Benfica levantou metade

Bolsa anuncia esta segunda-feira os resultados do empréstimo obrigacionista de 50 milhões da SAD do Benfica. Clubes já levantaram mais de 1,2 mil milhões no mercado que veio substituir a banca.

Os três grandes do futebol português já se financiaram em mais de 1,2 mil milhões de euros no mercado obrigacionista, com a SAD do Benfica a representar metade desse valor, de acordo com os dados fornecidos pela Euronext Lisboa ao ECO.

Em 14 empréstimos obrigacionistas realizados desde 2004, os encarnados já conseguiram levantar 605 milhões de euros (43 milhões por operação), e isto sem contar com os 50 milhões de euros vão obter — ao que tudo indica — no empréstimo obrigacionista 2024-2027 e cujos resultados serão divulgados esta segunda-feira depois do fecho da bolsa.

Trata-se de um montante igual ao que as SAD rivais do FC Porto e Sporting levantaram através do mesmo tipo de transações. Os azuis-e-brancos obtiveram 390 milhões de euros em 12 empréstimos obrigacionistas (32 milhões por operação), enquanto os leões conseguiram levantar 215 milhões de euros em oito operações (27 milhões por operação).

Águias já levantaram mais de 600 milhões nos mercados

Fonte: Euronext

Mercado substitui banca

Para Paulo Reis Mourão, professor do Departamento de Economia da Universidade do Minho, estes dados confirmam a importância que o mercado de capitais vem assumindo na diversificação das fontes de financiamento de Benfica, FC Porto e Sporting nos últimos anos, depois de os bancos lhes terem fechado as torneiras do crédito bancário.

“O sistema bancário está especialmente regulado e monitorizado desde o solavanco de 2008. Logo, setores com oscilações significativas em muitas rubricas contabilísticas (e as SAD são um exemplo claro) ficam identificados com alto risco no setor bancário. Isto obrigou as SAD a diversificarem o portefólio no passivo, chamando privados, associados e fundos para o efeito”, refere o especialista em finanças desportivas ao ECO.

Os empréstimos obrigacionistas mais recentes realizados por Benfica, FC Porto e Sporting serviram não só para injetar dinheiro fresco nas contas das SAD, mas permitiram sobretudo refinanciar operações que estavam prestes a vencer. É o caso do empréstimo das águias que terminou na passada sexta-feira: a SAD encarnada irá obter 50 milhões de euros, sendo que 35 milhões servirão para refinanciar outro empréstimo que vence dentro de três meses.

“A generalidade das SAD, que antes pedia empréstimos bancários para pagar os empréstimos bancários do passado, parece fazer o mesmo com os empréstimos obrigacionistas“, observa Paulo Reis Mourão.

"Setores com oscilações significativas em muitas rubricas contabilísticas (e as SAD são um exemplo claro) ficaram identificados com alto risco no setor bancário. Isto obrigou as SAD a diversificarem o portfólio no passivo, chamando privados, associados e fundos para o efeito”

Paulo Reis Mourão

Professor do Departamento de Economia da Universidade do Minho

Benfica dá menos, mas atrais mais investidores

Neste último empréstimo obrigacionista a SAD do Benfica acenou com uma taxa bruta de 5,1%, ligeiramente acima da média de 4,9% das anteriores 14 operações, mostram os dados disponibilizados pela Euronext Lisboa.

Em comparação com os rivais, as águias oferecem historicamente uma rentabilidade mais baixa. As 12 ofertas portistas apresentaram uma taxa de juro média de 5,88%, enquanto as oito operações dos sportinguistas tiveram uma rentabilidade média de 6,31%.

“A taxa de juro oferecida é uma espécie de ‘preço de equilíbrio’ onde clubes mais expostos, com direções mais impacientes ou com dívidas mais urgentes oferecem taxas superiores”, explica o professor de Economia da universidade minhota.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para ver o gráfico.

Mas compensa o risco para os investidores? Depende do perfil de risco de cada um, mas, “no geral, as SAD têm sido bem comportadas no momento de liquidar a exposição e remuneram os empréstimos obrigacionistas como esperado”, lembra Paulo Reis Mourão. Ainda assim, já existiram “situações menos claras” noutros mercados que “obrigam à presença de outros parâmetros nas reflexões de cada investidor”, ressalva.

Em todo o caso, os três grandes têm tido a capacidade para atrair um forte interesse do mercado. E também aqui os encarnados se destacam face à concorrência: uma média de 4.843 investidores por operação contra os 4.045 de média do FC Porto e 3.126 de média do Sporting.

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