Encontrámos três ministros no TikTok. Adivinha quais são?
Há cada vez mais política - e políticos - no TikTok, incluindo membros do novo Governo, apesar dos receios em torno da recolha de dados pela ByteDance, a empresa chinesa que detém a aplicação.
Mais de quatro milhões de seguidores no TikTok. O suficiente para alcançar o estatuto de influencer, não fosse ele o Presidente de França, Emmanuel Macron. Um pouco por toda a Europa, são cada vez mais os políticos presentes nesta plataforma, muitos deles com funções executivas ao mais alto nível. Como o caso de Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, que se estreou no TikTok no dia 8 de abril com uma única condição: não ter de dançar.
Em Portugal, a última campanha eleitoral também passou pela app de eleição para vídeos curtos e coreografias, com os partidos a partilharem material de campanha no feed, muito dele feito especificamente para esta plataforma. Concluídas as eleições, e com um novo primeiro-ministro instalado em São Bento, não é difícil de encontrar no TikTok alguns membros do novo Governo. O ECO foi capaz de identificar três dos novos ministros na aplicação e apenas um secretário de Estado. Mas, sobre isso, já lá iremos.
A prevalência desta rede social na classe política tem vindo a aumentar. Há cada vez mais política — e políticos — na plataforma, apesar dos receios relacionados com o facto de o TikTok ser detido pela ByteDance, uma empresa sedeada em Pequim, que também está no centro das tensões geopolíticas entre o ocidente e a China.
Teme-se que a app possa ser usada para espionagem pelo regime comunista de Xi Jinping, ou que funcione como um veículo de propaganda para, por exemplo, influenciar eleições — acusações que a empresa tem negado. Exemplo disso foi a decisão da Comissão Europeia de proibir os funcionários de usarem o TikTok nos equipamentos do trabalho ou em equipamentos pessoais que usem o serviço móvel da Comissão em fevereiro de 2023, citando, em termos gerais, o “aumento das ameaças e incidentes cibernéticos”.
Mesmo assim, apesar do potencial risco de segurança, muitos políticos fazem questão de estar no TikTok, mais próximos de uma franja do eleitorado, num serviço que tinha mais de 3,2 milhões de utilizadores mensais ativos em Portugal no início de 2023, e que é um dos preferidos do público mais jovem. Em Portugal, é possível encontrar três ministros com conta pública no TikTok, identificáveis pelo nome, fotografia e teor das publicações:
- Nuno Melo, ministro da Defesa (@nunomelo.cds, ~650 seguidores)
- Maria da Graça Carvalho, ministra do Ambiente e Energia (@margracarvalho, ~300 seguidores)
- Margarida Balseiro Lopes, ministra da Juventude e Modernização (@margaridablopes, ~1.200 seguidores)
As três contas foram criadas antes de estas pessoas chegarem ao Governo. Por exemplo, a de Nuno Melo fez a primeira publicação em setembro de 2022, poucos meses depois de se ter tornado o líder do CDS. A conta de Maria da Graça Carvalho foca-se na sua atividade como eurodeputada, com o primeiro post a datar de agosto de 2022. Margarida Balseiro Lopes, que vai tutelar a pasta da Juventude, tem publicações no TikTok desde 2020, pouco depois de ter deixado a presidência da JSD.
O ECO encontrou ainda aquela que será a conta de Hernâni Dias, secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território (@hernani.dias7, ~700 seguidores), com um único post sobre o “estado da Saúde no distrito de Bragança”. Não foi possível detetar outros governantes, entre ministros e secretários de Estado, com conta no TikTok, o que não significa que não tenham uma conta anónima na plataforma, ou que não os tenha sido possível identificar.
Quanto a Luís Montenegro, o novo primeiro-ministro tem presença em muitas redes sociais, como o X (ex-Twitter) e o Instagram, mas o TikTok não é a sua rede social de eleição. No entanto, o presidente do PSD é presença assídua na conta da Aliança Democrática (@aliancademocratica2024), que esteve bastante ativa durante a campanha eleitoral para as legislativas. Pelo contrário, Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS e líder da oposição, tem conta própria no TikTok (@pedronunosantosoficial), onde agrega cerca de 1.700 seguidores.
Números que não chegam perto dos de André Ventura, presidente do Chega, o partido de extrema-direita que surpreendeu nas legislativas ao obter mais de um milhão de votos. No TikTok (@andre_ventura_oficial) conta com 279 mil seguidores. E, ao contrário de Olaf Scholz, Ventura não se coíbe de dançar para conquistar eleitorado.
Notória é ainda a conta de Carlos Moedas (@carlosmoedas), presidente da Câmara Municipal de Lisboa, onde soma 13,5 mil seguidores. Na plataforma, o autarca publica excertos de intervenções públicas e até algumas brincadeiras. Num dos vídeos, encara a provocação de um seguidor, que lhe pergunta se prefere pastéis de nata ou Pastéis de Belém, respondendo: “Gosto de todos. Quentinhos, é do melhor.” E com canela.
Voltando à Europa, Macron e Scholz não são os únicos líderes europeus rendidos à chinesa TikTok. A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni soma 1,5 milhões de seguidores. Outro exemplo é Simon Harris, que no mês passado venceu as eleições na Irlanda e é o novo primeiro-ministro. Do outro lado do Atlântico, o Presidente do Brasil, Lula da Silva, também é tiktoker, partilhando diversos conteúdos com os seus 4,4 milhões de seguidores, incluindo do seu treino matinal antes de chegar ao Palácio da Alvorada.
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