Barão de Vilar “adota” mercado nacional e apelido da família Van Zeller

Van Zeller Wine Collection é a nova identidade corporativa da exportadora de vinhos do Porto e Douro controlada pelos filhos do fundador. Fatura 12 milhões e vê “espaço e procura” no mercado interno.

Fundada há quase 30 anos, a sexta maior empresa de Vinho do Porto e a quinta no ranking de vendas de vinho tinto do Douro, segundo dados do IVDP relativos a 2023, acaba de deixar cair o nome com que Fernando Luiz van Zeller batizou então o novo projeto, depois de a família vender a Quinta do Noval à seguradora francesa AXA. A designação original Barão de Vilar recuperou na altura o título concedido pela rainha D. Maria II e é também a marca original e mais conhecida, embora tenha, entretanto, criado ou comprado outras. Dá agora lugar ao apelido da família que controla a negócio e está a “virar as atenções para o mercado nacional com uma nova estratégia de posicionamento”.

Recuperando o apelido de uma família ligada há mais de 400 anos e há 15 gerações ao comércio e produção de vinhos, Van Zeller Wine Collection é a nova identidade corporativa da empresa gerida atualmente pelos irmãos Fernando e Álvaro van Zeller – os filhos mais velhos do fundador detêm de forma indireta 80% do capital – e por Rui Correia de Carvalho, que ficou com uma participação de 20% depois de se juntar ao projeto em 2008. E foi nessa altura, coincidindo com a entrada de um novo sócio, que deixou de produzir e comercializar apenas Vinho do Porto e alargou a atividade aos DOC Douro, que em 2023 já ultrapassaram as vendas em volume do segmento original.

Quinta de Zom, em Freixo de Espada à Cinta

Em valor, no entanto, tendo um preço médio por litro “substancialmente superior” ao do DOC Douro, o Vinho do Porto ainda representou 60% das vendas de produtos engarrafados. No ano passado, em que vendeu um total de 2,6 milhões de unidades (0,75 litros), a antiga Barão de Vilar registou uma faturação global na ordem dos 12 milhões de euros (vs. 10,3 milhões de euros em 2022). “Uma performance de vendas positiva, num contexto em que se verificaram quebras, em quantidade, na ordem dos 5%”, assinalou o sócio e administrador Rui Correia de Carvalho, em declarações ao ECO.

Sentimos que há espaço e procura no mercado nacional para desenvolver a nossa operação, especialmente na categoria de vinhos tranquilos, uma grande aposta da empresa nos últimos anos.

Rui Correia de Carvalho

Sócio e administrador da Van Zeller Wine Collection

Reino Unido, Dinamarca, Bélgica, Países Baixos, Alemanha e EUA são os principais destinos dos vinhos na exportação, que no último exercício pesou 93% no volume de negócios, com o mercado nacional a valer apenas 7%. Desde a sua origem e pelo facto de ter na sua estrutura acionista uma empresa que se configura como trader de vinhos portugueses em mercado internacionais, sempre teve uma “forte matriz exportadora”. Porém, como relata o porta-voz, tem uma “nova estratégia focada em equilibrar estes números, pelo que se prevê que nos próximos anos se observe um crescimento do mercado interno”.

“As marcas da Van Zeller Wine Collection estão bastante consolidadas no panorama internacional e prova disso são os resultados operacionais que registamos. Mas sentimos que há espaço e procura no mercado nacional para desenvolver a nossa operação, especialmente na categoria de vinhos tranquilos, uma grande aposta da empresa nos últimos anos”, justifica Rui Correia de Carvalho.

Entre algumas de maior escala e outras mais vocacionadas para nichos de mercado, além de Barão de Vilar, explora as insígnias Maynard’s, Palmer, ZOM, Vilarissa Valley, Kaputt e Feuerheerd’s. Esta última foi a aquisição mais recente, comprada à família Barros, que ficou na posse da marca após vender o grupo à Sogevinus, que é detida pelo Abanca.

Depois de nos últimos anos ter realizado um conjunto de investimentos para “capacitar a empresa”, com destaque para a construção de um novo centro de engarrafamento em Pedroso (Vila Nova de Gaia), novos equipamentos e otimização de processos de produção e algumas ações comerciais e de marketing ainda em curso, a empresa nortenha que diz ter como “potencial de vendas a curto prazo” ultrapassar os três milhões de garrafas vendidas, assume o interesse em apostar no enoturismo: na Quinta do Saião (Vila Nova de Foz Côa) e com um novo espaço comercial junto ao armazém no Pocinho.

Com duas adegas (Vila Flor e Peso da Régua), um centro de engarrafamento e logística em Vila Nova de Gaia e atividade em três propriedades no Douro Superior – Quinta do Saião, Quinta de Zom (Freixo de Espada à Cinta) e Quinta do Tombo (Vale da Vilariça), a Van Zeller Wine Collection detém um total de 24 hectares para produção própria de vinhos e conta ainda com cerca de 240 hectares de vinha de fornecedores “fidelizados”. E diz não sentir “necessidade de aumentar a capacidade de produção de vinho nas [suas] adegas, já que através das parcerias comerciais [tem] flexibilidade para garantir uma oferta adequada às solicitações dos clientes”.

Rui Correia de Carvalho, sócio e administrador da Van Zeller Wine Collection

E no atual contexto de consolidação no setor, os atuais acionistas equacionam vender o negócio ou têm sido abordados para isso? “Já tivemos várias abordagens nesse sentido. No entanto, de momento, estamos completamente focados na consolidação e crescimento do nosso negócio e das nossas marcas. Não deixamos de acompanhar atentamente as transformações em curso num setor que vive uma fase de concentração, que pensamos ainda irá perdurar algum tempo”, responde Rui Correia de Carvalho, sócio e administrador da Van Zeller Wine Collection.

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