Banco Atlântico Europa lucra mais de 5 milhões antes de venda a chineses

Banco de capitais angolanos obteve no ano passado o melhor resultado desde que acordou a venda ao grupo Well Link, em 2019. A subida dos juros foi o principal responsável pelos lucros de 5,5 milhões.

O Banco Atlântico Europa, de capitais angolanos, registou lucros de 5,5 milhões de euros em 2023, quase duplicando face ao ano anterior, com o resultado a ser impulsionado pela escalada das taxas de juro, quando se prepara para fechar a venda ao grupo chinês Well Link.

Foi o melhor resultado desde 2018, um ano antes de a holding de Carlos Silva, o Atlântico Financial Group, ter celebrado o acordo de venda do banco ao grupo com sede em Hong Kong por um valor não divulgado, mas que poderá rondar os 80 milhões de euros, tendo em conta a situação líquida da instituição no final do ano passado.

Desde então que o negócio se mantém num impasse, à espera de “luz verde” do Banco de Portugal. No relatório e contas de 2023, a instituição liderada por Nuno Vaz (recém-eleito CEO desde março) e Diogo Cunha (chairman) indica que se “mantém em curso o processo de autorização da potencial aquisição das participações sociais do banco por um novo investidor, prevendo-se agora a conclusão no decorrer do ano de 2024”.

O Atlântico Financial Group detém 96,5% do banco português, enquanto outros 3,5% estão na posse da sociedade Nasoluma.

Margem duplica

Para o melhor desempenho em mais de cinco anos contribuiu em grande medida a subida das taxas de juro. A margem financeira – diferença entre juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos — do Atlântico Europa mais do que duplicou para 16,2 milhões de euros no ano passado.

Com o produto bancário a atingir os 27 milhões de euros, mais 20% em comparação com 2022, o banco indica que manteve uma “rigorosa política de contenção de custos”, subindo apenas 3% para 18,5 milhões. Com isso, o rácio cost-to-income melhorou para 66,2%. E isto num ano em que reforçou os quadros com seis pessoas, passando a ter 182 trabalhadores.

Além de Portugal, onde está presente desde 2009, o Atlântico Europa também tem uma sucursal na Namíbia.

Depósitos tombam 30%

Apesar da subida dos resultados, o balanço contraiu. O volume de negócios caiu 10% para 994,2 milhões de euros, com o crédito a clientes a recuar quase 9% e os recursos em balanço (sobretudo depósitos) a caírem quase 30% para 440,9 milhões. Parte dos depósitos terão sido transferidos para recursos fora de balanço, que registou um disparo de 45% para 364,4 milhões.

A generalidade dos bancos perderam depósitos no ano passado por duas razões principais: a forte aposta das famílias nos Certificados de Aforro — particularmente no primeiro semestre, antes de o Governo ter cortado a remuneração em junho –, e a utilização das poupanças dos particulares para amortizar o crédito da casa.

Esta queda pronunciada nos depósitos permitiu ao Atlântico Europa aumentar o seu rácio de transformação de depósitos em crédito, passando de 45% em 2022 para mais de 50% no ano passado — a média do setor foi de cerca de 80% em 2023.

Ao nível da qualidade de crédito, manteve um rácio de malparado abaixo dos 2% e aquém da média do setor em Portugal (2,7%).

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