Biotecnologia ao serviço da sustentabilidade
No 1º Fórum de Agricultura Sustentável, o terceiro painel de debate teve como tema a "Biotecnologia ao serviço da sustentabilidade".
O 1º Fórum de Agricultura Sustentável decorreu, a 14 de maio, no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém. O evento, organizado pelo ECO em parceria com a Câmara Municipal de Santarém, recebeu vários especialistas do setor, que debateram, em diferentes painéis, vários temas pertinentes para esta área de atividade.
O terceiro painel de debate da conferência, moderado por Mónica Silvares, teve como tema a “Biotecnologia ao serviço da sustentabilidade”. Aqui marcaram presença Andreia Afonso, cofundadora da Deifil e diretora do departamento de ID e de produção in vitro; Diogo Palha, Executive Board Member e CFO EntoGreen; e Tiago Costa, CEO Agricultural Business SOGEPOC.
“É sempre difícil dizer o que nós fazemos porque há alturas em que parece que a biotecnologia é uma espécie de ciência oculta, mas não é. Portanto, falando um pouco do nosso dia-a-dia, a Deifil é uma empresa que foi fundada em dezembro de 2010, está na fase da adolescência da biotecnologia, e o nosso principal foco e fonte de receita advêm da propagação em escala de árvores de fruto. Temos mais recentemente uma linha ornamental, mas o nosso foco são as árvores de fruto, isto utilizando a cultura invitro. A partir de 2018, estabelecemos uma micoteca, uma coleção essencialmente composta por fungos para conjugar todas as ferramentas disponíveis para trabalhar a sustentabilidade e fornecer aos agricultores, não um produto, mas um ecossistema“, começou por dizer Andreia Afonso.
A cofundadora da Deifil garantiu que, atualmente, já “há uma procura e uma validação da cultura in vitro para a obtenção de plantas de qualidade genética e fitossanitária”: “Apesar de nós termos sido pioneiros em Portugal na cultura in vitro de fruteiras, ela já existia há muito tempo. Já existiam empresas, na década de 70, na Europa, a utilizar a cultura in vitro. Mas o que continua a acontecer em Portugal é uma taxa de importação de plantas enormíssima e isso traz todo um problema de questões fitossanitárias, legais, etc. Mas as vantagens já eram conhecidas. A grande maioria de quem nos procura, já conhecia as vantagens das plantas obtidas por cultura in vitro, só não havia quem as fizesse”.
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3º painel de debate do Fórum de Agricultura Sustentável -
Andreia Afonso, cofundadora da Deifil e diretora do departamento de ID e de produção in vitro -
Diogo Palha, Executive Board Member e CFO EntoGreen -
Tiago Costa, CEO Agricultural Business SOGEPOC
Por sua vez, Diogo Palha, da EntoGreen, explicou que a empresa utiliza um inseto, nomeadamente a mosca soldado negro, “que tem uma característica especial, já que é altamente digestora na sua fase de larvar, e o que fazemos é aproveitar subprodutos da indústria agroalimentar”.
“Nós aproveitamos, e, com isso, fazemos uma mistura alimentar, da qual se alimenta a nossa larva, e depois, nesse processo, vai fazendo os seus dejetos, que são aproveitados para fazer um fertilizante, e, da própria larva, aproveitamos para fazer uma farinha proteica e um óleo para incorporar em alimentação animal“, explicou.
Já Tiago Costa, da SOGEPOC, referiu a parceria que tem com a Universidade de Évora, que produz enxertos híbridos para os viveiros de nogueira: “Isso permite-nos ter uma planta mais forte, mais resistente ao diferente tipo de doenças, e aumenta o potencial produtivo dessa planta quando for enxertada pelas variedades que tivermos em consideração para a nossa perspetiva comercial”.
“Esta colaboração é curiosa na medida em que, para já, não existe histórico da produção de plantas in vitro deste porte de enxertos em Portugal e não existe histórico na Europa. Este clone vem dos EUA e era bastante difícil de encontrar caso não fosse feito, em particular, por estruturas sediadas em Portugal”, concluiu.
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