“É importante os líderes terem pessoas que os desafiem de formas diferentes”, diz Daniela Dias (Nestlé)

Há 19 anos na Nestlé, Daniela Dias garante que a diversidade é essencial para o sucesso das empresas. Ao ECO, diz que é importante que líderes sejam desafiados por perfis e visões diferentes.

Diversidade e inclusão não são modas passageiras que fazem, por momentos, as empresas saírem bem na fotografia. São mesmo chaves para o sucesso destas. Quem o diz é Daniela Dias, que trabalha há 19 anos na Nestlé e é hoje líder na área de negócios de health science. Em conversa com o ECO, deixa claro que é essencial que os líderes tenham à sua volta pessoas com perfis e visões diferentes. “Muitas vezes, digo ‘desafiem-me'”, atira a responsável.

“A inclusão e a diversidade trazem riqueza. Quando temos grande diversidade de pessoas com aspetos completamente diferentes, temos um outcome [resultado] muito mais rico, temos discussões muito mais ricas, e isso é muito importante“, sublinha a responsável pela área de negócio da Nestlé que se dedica à investigação da nutrição média, saúde e bem-estar.

De acordo com Daniela Dias, à medida que tem avançado na carreira e construído a sua equipa — neste momento, tem cerca de 30 pessoas sob a sua alçada –, estes têm sido temas aos quais tem prestado especial atenção. Mas garante que estes não são assuntos novos na Nestlé.

Por exemplo, no caso do género, conta que nunca viu, no seio da Nestlé, o facto de ser mulher como um obstáculo à sua carreira. “Nunca senti o género como uma barreira. Até senti como vantagem, por causa da política de colocarmos mulheres na liderança”, salienta a responsável, que frisa que sempre encontrou exemplos de muitas mulheres ao longo do seu percurso.

Tanto que, quando decidiu ser mãe, nem receou poder ser impactada negativamente. “Nunca senti discriminação, nem isso veio à minha cabeça”, assinala Daniela Dias.

Ora, a investigação que valeu o Nobel à economista Claudia Goldin mostra que, regra geral, ainda não é essa a experiência das mulheres no mercado de trabalho: a carreira delas tendem a sofrer com a chegada dos filhos, agravando-se significativamente o fosso (nomeadamente salarial) face a eles.

Apesar de essa ser a regra, Daniela Dias assegura ter tido outra experiência, e até adianta que a maternidade fez dela uma profissional e líder mais eficiente e empática, valorizando políticas como o regime híbrido que lhe permitem poupar tempo em deslocações e fazer uma melhor conciliação da vida pessoal e familiar.

“É muito importante as pessoas saberem que o líder cuida delas”

Desde que a pandemia nos fechou a todos em casa e forçou um boom do teletrabalho, que a pergunta não quer calar: afinal, estar 100% em casa ou, pelo menos, alguns dias por semana, prejudica ou não a cultura vivida nas equipas de trabalho?

Em conversa com o ECO, Daniela Dias assegura que o teletrabalho e o regime híbrido não têm de ser inimigos dessa cultura, mas é preciso trabalho.

Por exemplo, em janeiro de 2021, num dos pontos mais críticos da crise pandémica, contratou dez profissionais, os quais teve de integrar na empresa à distância. Fez, contudo, questão de seguir essas pessoas de perto e os resultados foram muito positivos.

“É preciso fazer um plano cuidadoso para a integração das pessoas com tempo individual. Não é só em grupo. Não são só os momentos de equipa, mas tempo individual e dedicar tempo a conhecer a pessoa, ter empatia”, detalha a responsável.

Daniela Dias acrescenta que é importante que os empregados sintam que os líderes cuidam deles, que não serão despedidos por um erro, e que há alguém que os protege. “Dá muito trabalho, mas é o que nos leva a uma equipa altamente envolvida“, salienta a mesma.

Defende que estas práticas são fundamentais não só para a retenção do talento, mas também para os resultados das equipas. “No passado, estivemos nos três melhores países do mundo em termos de resultados, na minha área de negócio, na Nestlé”, remata Daniela Dias.

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