Marketing

Optivisão aposta em campanha focada na saúde visual. Sustentabilidade é outro pilar da estratégia de comunicação

Rafael Ascensão,

A sustentabilidade é um eixo importante na estratégia de comunicação da Optivisão. O orçamento de marketing e comunicação para este ano é de um milhão de euros.

André Brodheim, administrador executivo, explica a estratégia da Optivisão para este ano.

A Optivisão lançou uma nova campanha, focada naquilo que é a saúde visual dos portugueses. Esta conta com um cariz “muito emocional”, segundo explica André Brodheim, administrador executivo da Optovisão, numa conversa com o +M onde aborda a estratégia de comunicação e marketing da rede de óticas para este ano, para a qual conta com um budget de um milhão de euros.

É sob o mote “Podia ser, mas eles não viram” que a campanha narra a história de personagens de diferentes idades que, por terem problemas de visão, acabam por perder momentos marcantes da sua vida.

“Nós, na Optivisão, diferenciamo-nos das restantes cadeias pelo trabalho muito focado naquilo que é a saúde visual e a importância de escolhermos as lentes, as graduações e os tratamentos certos. E a nossa campanha é muito à volta disto, em explicar a importância de ter uma boa saúde e performance visual”, diz André Brodheim.

“A ideia é ser uma campanha muito emocional. Retrata momentos da vida onde se não virmos bem, perdemos momentos importantes. São várias situações da vida de diferentes pessoas que se tivessem a acuidade visual corrigida teriam vivido aqueles momentos de uma forma muito melhor. No fundo trata-se de sensibilizar as pessoas sobre a importância que tem fazer um exame visual“, acrescenta.

A campanha marca presença em televisão, digital e out-of-home, tendo a criatividade e planeamento de meios ficado a cargo da Caetsu Two.

Após as primeiras comunicações agora divulgadas, a marca vai também comunicar em períodos definidos até ao final do ano, nos quais vai lançar outras histórias, com uma forte aposta no digital e redes sociais, mas também no offline, “sempre com uma visão de 360º e de omnicalidade”, diz o administrador executivo da Optivisão.

A sustentabilidade enquanto pilar na estratégia de comunicação. Objetivo é retirar plástico dos oceanos

Outro dos eixos em que assenta a estratégia de comunicação da Optivisão passa pela sustentabilidade, com a marca a querer ajudar a “mudar mentalidades” sobre um tema “tão importante como é o mar e a sua limpeza”. Até porque “there is no green without blue“, refere André Brodheim, acrescentando que se fala muito da pegada verde mas que “a pegada azul também é muito importante”.

Para atingir este objetivo, a Optivisão apresentou recentemente ao mercado a Sea2See, marca de óculos feita a 100% com plástico retirado do fundo do mar, e que vem precisamente responder ao desafio de “encontrar uma missão de sustentabilidade para abraçar e que também fizesse sentido para o país”.

A apresentação desta marca ao mercado português foi possível através do trabalho que a organização Sea2See tem desenvolvido na costa africana, com a retirada de redes de pesca do fundo do mar, as quais podem ter até 30 ou 40 kms de extensão. O plástico das redes de pesca retirado é depois transformado numa matéria que é encaminhada para uma fábrica em Itália, onde são produzidos estes óculos, explica o administrador executivo da Optovisão em Portugal.

No entanto, a Optivisão queria criar algo para o território português, pelo que optou pela criação de uma “tríade” entre si, a Sea2See e a Sea Shepherd, ONG internacional que também apanha plástico do fundo do mar e que tem uma filial em Portugal, com sede em Setúbal.

François Van Abeele, CEO e fundador da Sea2See, André Brodheim, administrador executivo da Optivisão, e Pedro Finamore, da Sea Sheperd Portugal.

A Optivisão vai assim desenvolver ações de comunicação para dar a conhecer a Sea Shepherd Portugal e figurar como “veículo de venda” para gerar valor para esta organização. “Vamos ser o centro desta tríade para que que consigamos dar oportunidade aos consumidores de também eles ajudarem na limpeza da costa nacional de uma forma fácil: através da aquisição de uns óculos para verem melhor e terem melhor qualidade de vida”, explica o responsável.

Estes óculos, feitos com plástico retirado do fundo do mar, estão disponíveis em todas as cerca de 280 lojas da Optivisão do país, sendo que o objetivo passa pela venda de cinco mil pares anualmente em Portugal, no que se traduz em cerca de 600 mil euros de vendas ao público. A totalidade dos lucros gerados com a venda destes óculos vai ser canalizada para a melhoria da estrutura da Sea Shepherd, garante André Brodheim.

A previsão da Optivisão é de que consiga triplicar o número de toneladas de plástico retiradas do mar pela Sea Shepherd, algo que se faz com ações de limpeza de praias, mas também através da aquisição de barcos e de máquinas para que se possa desembrulhar as redes de pesca, para que estas sejam trabalháveis.

Estes números, no entanto, “podem ser totalmente diferentes” dependendo da “envolvência do público em geral com o projeto”, sublinha André Brodheim. “Toda a margem que conseguirmos canalizar desta marca vai ser o nosso investimento total neste projeto, e portanto o céu é o limite. Os consumidores é que vão definir qual é o orçamento”, acrescenta.

“Acreditamos muito que todos têm de ajudar um bocadinho o planeta, e esta é de facto a maneira mais fácil que encontrámos para disponibilizar ao consumidor a hipótese de ajudar”, diz ainda André Brodheim, acrescentando que cada par de óculos vendido vai equivaler a um quilo de plástico retirado do mar da costa nacional.

“Portanto estamos a falar de cinco mil quilos de plástico retirados anualmente do mar, no mínimo. Nós vamos querer retirar muito mais. Não temos nenhum objetivo ou número certo delineado, pois de facto temos de perceber o primeiro impacto das vendas deste produto para depois delinearmos a nossa estratégia quantitativa”, refere o administrador executivo.

Acreditamos que estamos no caminho certo, temos um posicionamento muito claro, não estamos muito alinhados com aquilo que nós vemos no mercado em termos de comunicação e de formato de trabalho. Tentamos distinguir-nos e sermos a rede de óticas mais virada para a saúde visual e não tanto do uso de óculos como commodity e acessório de moda

André Brodheim

Administrador executivo da Optivisão Portugal

A Optivisão lançou também este mês um novo website com o objetivo de “aumentar a proximidade e nível de informação”, com um editorial com conteúdos focados em saúde visual e tendências, um localizador de lojas e a possibilidade de agendamento de exames.

Queremos dar cada vez mais informação aos nossos clientes para que possam fazer a compra mais informada possível. Mais do que uma importantíssima ferramenta de localização de lojas ou de marcação de consumo, o nosso site é também uma base com muita informação técnica, escrita de forma muito ligeira, para que o consumidor possa perceber cada vez melhor aquilo que é um par de lentes e as suas potencialidades, a refração, os efeitos refrativos, o que é a miopia, o estigmatismo ou a hipermetropia”, explica André Brodheim.

No âmbito da sua estratégia de comunicação, a marca vai também promover rastreios nas escolas. “Nós somos de facto uma rede de ótica que está preocupada com a falta de visibilidade que esta área tem. Devia estar no plano nacional de saúde, devia haver obrigatoriedade das crianças até aos três anos terem que fazer um exame visual. Muitas crianças têm problemas na escola porque vêm mal. Muitos acidentes de carro acontecem também por causa de problemas de visão”, defende o responsável.

Acreditamos que estamos no caminho certo, temos um posicionamento muito claro, não estamos muito alinhados com aquilo que nós vemos no mercado em termos de comunicação e de formato de trabalho. Tentamos distinguir-nos e sermos a rede de óticas mais virada para a parte mais relacionada com a saúde visual, e não tanto do uso de óculos como commodity e acessório de moda“, conclui.

O grupo Brodheim, desde que integrou a Optivisão em 2016, tem vindo sempre a crescer (com exceção de 2020), sendo o segundo maior player do mercado em termos de faturação, atrás da MultiOpticas, segundo André Brodheim.

Estamos à volta de 10 milhões de euros abaixo a nível da faturação do primeiro lugar. A MultiOpticas fatura à volta de 100 e nós de 90 milhões, mas temos vindo sempre a crescer. No ano passado crescemos 5%, e os anos anteriores tinham sido de crescimentos ainda maiores”, explica o administrador executivo.

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