Canadá também admite que Kiev use armas para atacar solo russo

  • Lusa
  • 29 Maio 2024

"Não existem condições de utilização final para o envio de armas do Canadá para a Ucrânia", afirmou a chefe da diplomacia canadiana.

O Canadá admite que a Ucrânia use as armas que lhe cedeu para atacar território russo, disse esta quarta-feira a chefe da diplomacia canadiana sobre um tema que tem dividido os aliados da NATO. “Não existem condições de utilização final para o envio de armas do Canadá para a Ucrânia”, afirmou Mélanie Joly, numa conferência de imprensa com o seu homólogo sueco, Tobias Billström, em Estocolmo.

A ministra dos Negócios Estrangeiros do Canadá afirmou ainda que tenciona defender a utilização sem restrições das armas recebidas pela Ucrânia na reunião informal dos chefes da diplomacia da Aliança Atlântica a decorrer em Praga, República Checa, na quinta e sexta-feira. “Acreditamos que temos de ser agressivos nesta questão”, afirmou Joly.

“A Rússia não tem linhas vermelhas e é por isso que temos de garantir que, no que diz respeito à defesa da Ucrânia, estamos a ajudá-la e que estamos do seu lado”, afirmou a ministra canadiana. Por seu lado, os Estados Unidos não aconselham Kiev a efetuar ataques dentro da Rússia com armas norte-americanas, uma posição que o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, reforçou esta quarta.

“Não encorajámos nem facilitámos ataques fora da Ucrânia. Mas (…) a Ucrânia tem de tomar as suas próprias decisões sobre a melhor forma e a mais eficaz de se defender”, afirmou Blinken numa conferência de imprensa no final da sua visita à Moldova. O secretário de Estado norte-americano acrescentou: “Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir que a Ucrânia dispõe do equipamento necessário para o fazer”.

Blinken afirmou que, apesar de os militares russos terem tirado partido do atraso do Congresso dos Estados Unidos na aprovação da ajuda militar a Kiev, esta está agora a chegar à linha da frente. As armas já estão a ter um “efeito” na estabilização da frente de combate na região de Kharkiv (nordeste), que tem sido palco de uma ofensiva russa bem sucedida há várias semanas.

Blinken afirmou que o Kremlin (presidência russa) não conseguiu tomar a segunda cidade da Ucrânia e provocar um “êxodo em massa” da sua população. O Presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou esta semana a Europa com “graves consequências”, caso os países da NATO permitam que a Ucrânia utilize armamento ocidental contra alvos em território russo.

O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Cameron, afirmou no início deste mês que, tal como a Rússia ataca a Ucrânia no seu próprio território, é compreensível que Kiev sinta a necessidade de se defender, nomeadamente através de ataques direcionados contra o território russo.

Também o Presidente francês, Emmanuel Macron, já se mostrou favorável ao uso de armas ocidentais pela Ucrânia contra o território russo para neutralizar pontos de onde a Rússia lança os seus mísseis, desde que os alvos não sejam civis.

Na mesma linha, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou esta semana ter chegado o momento de levantar esta restrição e argumentou que atacar alvos militares em solo russo, a partir dos quais a Ucrânia está a ser bombardeada, é uma forma de legítima autodefesa.

Portugal, pela voz do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, está “mais relutante” e defende “alguma prudência” quanto a esta possibilidade para “evitar uma escalada” do conflito. Já o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, considerou esta quarta que “qualquer pessoa normal” compreenderia a utilização de armamento por parte da Ucrânia, em “ações defensivas”, contra alvos militares em território russo, uma posição pessoal que disse não comprometer o Governo português.

Na segunda-feira, a Assembleia Parlamentar da NATO, uma instituição independente da Aliança Atlântica, aprovou uma declaração de apoio à capacidade da Ucrânia de atacar alvos militares na Rússia também com armas fornecidas por países aliados.

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