Trabalho temporário está a recuar. Automóvel continua a liderar contratações

Mais de 85 mil pessoas foram colocadas em trabalhos temporários nos primeiros três meses deste ano, o que corresponde a uma quebra de 13,5%. Setor que fabrica componente automóveis lidera.

O trabalho temporário continua em queda, mostra o barómetro divulgado esta quarta-feira. Entre janeiro e março, houve 85 mil contratações deste tipo, o que equivale a uma redução de 13,5% face ao mesmo período do ano passado. O abrandamento económico, os custos do trabalho e a inflação estão a arrefecer as contratações, avisa o presidente da Associação Portuguesa das Empresas do Setor Privado de Emprego e Recursos Humanos (APESPE-RH).

“No total, a diminuição do número de colocações no primeiro trimestre de 2024 face ao mesmo período do ano anterior foi de 13,5% (98.696 em 2023 contra 85.372 em 2024“, lê-se no barómetro da autoria da APESPE-RH e do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE).

Em maior detalhe, logo em janeiro houve um recuo de 12,5% das colocações de trabalho temporário, em fevereiro agravou-se para 13,5% e em março a quebra foi de 14,5%.

Contas feitas, o recurso ao trabalho temporário registado no conjunto do primeiro trimestre de 2024 não só ficou abaixo do ano anterior, como foi mesmo inferior aos valores registados em 2019, isto é, no último ano antes da pandemia. No primeiro trimestre desse ano, tinham sido feitas quase 113 mil colocações em trabalho temporário.

Por outro lado, quanto aos setores que mais recorreram a este tipo de trabalhadores no arranque de 2024, o da fabricação de componentes e acessórios para veículos automóveis merece em destaque, com 11% a 13% das colocações.

“Já as empresas de fornecimento de refeições para eventos e outras atividades assumem o segundo lugar nos setores de atividade do trabalho temporário, representando cerca de 8% a 9%”, acrescenta o barómetro. A completar o pódio aparecem as atividades de serviços de apoio prestados às empresas, que representam 7% a 8% das contratações temporárias.

Por outro lado, a análise da APESPE-RH e do ISCTE dá conta que, entre as várias funções, as outras profissões elementares foram as mais frequentes, no que diz respeito às colocações em trabalho temporário (entre 32% e 34%).

Seguiram-se os empregados de aprovisionamento, armazém, de serviços de apoio à produção e transportes (17% a 19%). Quanto ao terceiro lugar, no mês de janeiro essa posição do pódio foi ocupada pelos trabalhadores não qualificados da indústria transformadora” (8%). Já no mês de fevereiro e março, os assistentes na preparação de refeições ocuparam-na (entre 7% e 8%).

“O ensino básico mantém-se o nível de escolaridade predominante nas colocações efetuadas (55% a 57% no 1º trimestre do ano). As colocações de ensino secundário (entre 31% a 37%) ocupam o segundo lugar”, acrescenta o barómetro, que sublinha ainda que menos de 30% dos colocados têm idades acima dos 40 anos.

Perante estes dados, o presidente da APESPE-RH, Afonso Carvalho, sublinha que “o primeiro trimestre de 2024 ficou marcado por uma tendência menos positiva no que diz respeito ao número de colocações no setor de trabalho temporário”, continuando o caminho que tem sido feito desde 2019.

“Existem vários fatores que podem ajudar a explicar estes valores, nomeadamente os setores de atividade que predominantemente utilizam mais ou menos trabalhadores com contrato de trabalho temporário e que, de uma forma geral, estão em baixa, a situação económica, a instabilidade que vivemos atualmente, os receios de contratação, o aumento da inflação e os excessivos custos associados à contratação de trabalhadores, independentemente do tipo de contrato, o que faz com que as empresas estejam muito mais prudentes e outras a travarem a fundo”, explica o responsável.

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