Empresa têxtil corta semana de trabalho para captar profissionais

Desde o início do ano que na nortenha PPTex só se trabalham 36 horas por semana. Produtividade não sofreu, garante diretor de operações, que explica que foram reduzidas as ineficiências no trabalho.

Às sextas-feiras à tarde não se trabalha na nortenha PPTex. Esta empresa do setor têxtil começou a praticar a semana de trabalho de 36 horas em janeiro e garante que a produtividade não tem sofrido. Em declarações ao ECO, o diretor de operações, Lourenço Aroso, explica que este é um dos benefícios oferecidos para captar e fidelizar talento, numa altura em que têm sentido, admite, dificuldades em encontrar profissionais.

“Começamos a praticar as 36 horas semanais em janeiro deste ano e a mensagem que passamos foi a de que tínhamos de eliminar as ineficiências e cumprir o trabalho“, adianta o responsável. “Às vezes, basta cortar um bocadinho no tempo para o café, e chegar a horas ao trabalho”, acrescenta o mesmo.

A PPTex é uma pequena empresa (tem 16 trabalhadores) que se dedica ao têxtil e aos dispositivos médicos (como máscaras), com um negócio muito assente em concursos públicos. “Lidamos muito com entidades públicas, que têm horários mais reduzidos” do que as tradicionais 40 horas, adianta Lourenço Aroso.

Por isso, “a partir de certas horas”, estava a ser difícil para os trabalhadores da PPTex “apanhar os clientes”, o que foi outro dos motivos para o emagrecimento da semana de trabalho. “O acolhimento por parte dos trabalhadores foi ótimo. As pessoas conseguem ter mais qualidade de vida”, afirma o diretor de operações.

Para acompanhar esta redução da semana de trabalho, não houve qualquer redução do salário, o que significa que o valor pago por hora até aumentou. Ainda assim, como a produtividade não foi impactada de forma negativa — “não sinto que fica nada por fazer”, diz Lourenço Aroso — e não foi preciso contratar mais ninguém, a PPTex assegura que não aumentou os seus preços.

Tal conclusão é especialmente relevante porque uma das principais preocupações dos empresários face aos resultados finais do teste nacional à semana de trabalho de quatro dias foi a potencial perda de competitividade, decorrente da necessidade de aumentar os preços para compensar o aumento dos custos do trabalho por hora.

Atrair candidatos para fora das metrópoles

Além da semana de trabalho mais pequena do que a tradicional, a PPTex tem apostado noutros benefícios para “captar talento”, como seguro de saúde, ginásio e a atribuição de carro a alguns funcionários, numa altura em que tem sido difícil encontrar as mãos adequadas.

“Sentimos que algumas pessoas de que precisamos não estão dispostas a sair de Lisboa ou do Porto. Estamos em Santo Tirso. Os candidatos estão mais exigentes, principalmente os mais novos. Os benefícios têm claramente ajudado“, sublinha o diretor de operações.

A propósito, um estudo recente da empresa de formação CEGOC mostrava que os empregadores portugueses são dos que estão a ter mais dificuldades em recrutar e fidelizar os seus trabalhadores. Portugal é mesmo o país com o pior desempenho neste aspeto entre nove países mundiais, incluindo França, Alemanha e Reino Unido.

Por outro lado, a PPTex não é a única empresa portuguesa que está a diminuir a tradicional semana de trabalho. Duas dezenas fizeram-no no âmbito do projeto-piloto nacional, e a maioria decidiu não voltar atrás. Ainda assim, os empresários portugueses perdem cautela e defendem que, primeiro, é preciso reforçar os níveis de produtividade para que seja viável e sustentável reduzir a semana de trabalho.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Empresa têxtil corta semana de trabalho para captar profissionais

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião