“Conduzir é sempre uma paixão, porque sentimos que conduzimos o nosso destino”
O setor automóvel vive entre a paixão pela condução e o pragmatismo das escolhas. Com a IA a moldar o futuro, as marcas procuram equilibrar a emoção e a funcionalidade.
Desde o surgimento do primeiro carro, que o setor automóvel tem evoluído constantemente. A possibilidade de se ter um transporte individual revolucionou o desenvolvimento das sociedades. No entanto, do ponto de vista individual, o que influencia a escolha de um automóvel? A paixão ou o utilitarismo?
Com a chegada da inteligência artificial, esta questão tornou-se mais complexa. Estamos a lidar com uma área em pleno desenvolvimento, cujo futuro ainda é incerto. Teresa Lameiras, Diretora de Comunicação e Marca da SIVA | PHS, na conferência Outlook Auto, no Estúdio ECO, referiu que, num horizonte de 10 anos, espera que as marcas encontrem um equilíbrio entre satisfazer as necessidades práticas dos clientes e oferecer experiências que despertem emoção e alegria.
Ao longo dos dois dias da conferência, outro tema abordado foi a mudança no comportamento das pessoas em relação ao uso de transportes privados versus transportes públicos. Com o aumento da utilização dos transportes públicos, as marcas estão a adaptar o seu foco.
Sobre este tema, Teresa Lameiras refere o caso dos jovens, que são frequentemente apontados por não se interessarem tanto por automóveis. “Eu não sei se os jovens gostam tanto, ou não, de automóveis. Acho que eles não podem comprar tão facilmente um automóvel, porque as prioridades deles atualmente são outras e, naturalmente, que eles não têm o mesmo poder de compra que se calhar nós tínhamos há uns anos atrás. Na gestão das suas prioridades seguramente não está o automóvel, até porque eles têm outras formas de se deslocar que nós não tínhamos”. Teresa Lameiras refere, ainda, que estas alterações não significam que os jovens não queiram comprar um automóvel numa altura mais tardia das suas vidas, em que encontrem uma justificação para tal.
Da escolha emocional à racional
No que toca à decisão do consumidor, Teresa Lameiras observa que, hoje em dia, é possível que as pessoas escolham um automóvel muito ajustado ao seu perfil. “No grupo Volkswagen, encontramos marcas para escolhas mais emocionais, de luxo, escolhas mais racionais e temos o privilégio de realmente uma pessoa, que entra no grupo, poder escolher o automóvel que melhor se ajusta não só à sua capacidade financeira, mas também ao seu perfil de consumidor”, diz.
Rita Dória, General Manager Marketing & Customer Experience Division da Toyota, partilha da opinião de que o automóvel é uma paixão. “Recentemente, lançámos o Yaris, assinado por pilotos de rali, e foi uma loucura. Comparativamente à nossa quota de mercado da Toyota com o resto da Europa, nós tivemos uma alocação maior do que nos outros países”, refere.
"A Toyota, por exemplo, tem uma empresa de mobilidade, a Kinto, que está a construir um ecossistema para poder servir todo o tipo de necessidades, desde a posse de veículos até às subscrições”
Rita Dória ressalva que essa paixão se manifesta de diferentes formas, dependendo do estilo de vida de cada pessoa, e menciona também as questões ambientais como um fator importante na mudança de comportamento tanto dos consumidores quanto das marcas. “A Toyota, por exemplo, tem uma empresa de mobilidade, a Kinto, que está a construir um ecossistema para poder servir todo o tipo de necessidades, desde a posse de veículos até às subscrições. Portanto, eu acho que todos estes ecossistemas podem coexistir ao mesmo tempo”, diz.
Com a evolução do setor de braços dados com a sustentabilidade, esta “paixão” pelo mundo automóvel e a área desportiva também vai se vai adaptando aos novos tempos. Teresa Lameiras menciona o exemplo da Audi, que recentemente anunciou a sua participação na Fórmula 1 com um carro elétrico. “Utilizamos o desporto automóvel para nos aperfeiçoarmos tecnicamente, mas também como uma forma de mostrar a paixão que temos pela condução”, afirma Teresa Lameiras.
“Eu acho que conduzir é sempre uma paixão, porque sentimos que conduzimos o nosso destino, não é? E quem conduz um automóvel elétrico sente o que é conduzir, sente a força de um automóvel”, finaliza.
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