Eurofirms aposta em formação para ajudar a resolver escassez de trabalhadores no turismo
Formação "é fulcral" para resolver carência de trabalhadores no turismo, defende a country leader da Eurofirms, empresa que lançou um programa para dar competências a quem queira apostar nesse setor.
O problema está diagnosticado há vários anos, mas continua por resolver: faltam milhares de trabalhadores ao setor do turismo. Para ajudar a mitigar esta escassez, a multinacional Eurofirms lançou um programa de formação gratuito, que dá competências técnicas a quem esteja interessado em trabalhar em hotelaria.
Em dois anos, foram formados 350 trabalhadores, mas a country leader, Sara Pimpão, deixa claro que, para resolver este dilema, não basta dar competências ao talento. É mesmo preciso tornar o setor mais atrativo, o que passa por dar mais estabilidade, melhores salários e maior flexibilidade nos horários aos trabalhadores, avisa.
Comecemos pela formação. A Academia de Hotelaria surgiu logo após a pandemia, “numa altura em que não existiam pessoas qualificadas para trabalhar nas áreas de food & beverage e housekeeping [comida e bebida, e limpeza]”, relata Sara Pimpão, em declarações ao ECO.
“Os colaboradores deste setor, que foram obrigados a parar de trabalhar durante a pandemia, não queriam regressar a esta área, pois havia maior flexibilidade de horário e eram melhor remunerados noutras áreas“, explica.
A Academia de Hotelaria nasceu, portanto, para garantir mão de obra de qualidade às unidades hoteleiras. A formação é gratuita e está aberta a qualquer pessoa que esteja motivada para trabalhar no setor (as candidaturas devem ser feitas online). “O único requisito para participar é a motivação. Para funções de empregado de mesa pode ser necessário ter um determinado nível de inglês, mas os nossos formadores ensinam o vocabulário técnico para exercer a função“, adianta a country leader.
As nossas formações oferecem um contexto histórico sobre a hotelaria, abordam os perfis dos funcionários , ensinamos técnicas de serviço e transmitimos dicas úteis. Também damos ênfase à abordagem ao cliente.
Estão, neste momento, disponíveis dois cursos, para o segmento de comida e bebida e para o segmento de limpeza, que incluem um contexto histórico sobre a hotelaria, “desde o seu nascimento”, mas também abordam os perfis dos funcionários deste setor (os perfis de empregados de mesa ou os perfis de empregados de andares), ensinam técnicas de serviço e transmitem “dicas úteis”.
“E, claro, também damos ênfase à abordagem ao cliente, que é muito importante. Trabalhamos competências como a disciplina, o brio, o trabalho em equipa e a comunicação”, detalha Sara Pimpão.
Além da componente teórica, os formandos têm também à disposição uma componente de experiência de trabalho, que lhes “proporciona um contacto real com o mundo hoteleiro“. “Os nossos formandos ficam assim a conhecer melhor os procedimentos dos hotéis e testemunham em primeira mão como funciona a estrutura de uma unidade hoteleira“, indica a responsável já mencionada.
Neste momento, a Academia de Hotelaria tem presença em Lisboa, no Porto, e em Évora, estando também no horizonte a expansão para mais cidades portuguesas (especialmente, na região Centro), de acordo com Sara Pimpão.
Quanto ao perfil dos formandos, a maioria dos que passaram, até agora, por este programa tem entre 18 a 30 anos. São estudantes que procuram ter um emprego para conjugar com os seus estudos ou imigrantes que procuram uma oportunidade de trabalho, identifica a mesma responsável.
Se lhes for dada maior estabilidade, melhores condições financeiras e se lhes proporcionarem uma melhor flexibilidade de horários, acredito que o turismo assume-se como mais atrativo para os trabalhadores.
Dos 350 trabalhadores formados até agora, cerca de 100 já foram contratados, ainda que a prazo, conforme é tendência neste setor, observa a mesma responsável. Essa instabilidade laboral é, de resto, um dos motivos para o turismo não ser atrativo para os trabalhadores, a par dos salários “baixos” e os horários praticados, enumera Sara Pimpão.
“São fatores que pesam quando as pessoas procuram trabalho. Em 2022, realizámos um estudo do setor. Neste estudo, mais de 58% dos inquiridos afirmaram que não se viam a trabalhar em hotelaria no espaço de cinco anos. Os trabalhadores deste setor procuram ter maior estabilidade e assegurar contratos com maior durabilidade“, sublinha.
Perante estes dados, a country leader não tem dúvidas: “é urgente dignificar os profissionais” do turismo. Torná-lo mais atrativo passa por dar “maior estabilidade e segurança, melhores condições em termos financeiros e proporcionar uma melhor flexibilidade de horários“, defende.
“Também podem ser concedidos mais benefícios aos colaboradores, tanto a nível de formação, como no alojamento, por exemplo. Estes gestos, estas ações, a preocupação com os colaboradores, tudo isto será essencial para os manter a trabalhar no setor do turismo“, remata Sara Pimpão.
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