Mulheres ganham menos e têm menos oportunidades de emprego que os homens, mesmo com mais habilitações
Novo livro do Observatório das Desigualdades e pelo Observatório do Emprego Jovem mostra como as mulheres jovens continuam a ser discriminadas no trabalho face aos homens jovens, nos salários e vagas.
Mesmo com mais habilitações do que eles, elas não só recebem salários mais magros, como têm menos oportunidades de emprego, o que se reflete, depois, em menor proteção social. Esta conclusão consta do livro “Os jovens e o trabalho em Portugal“, que foi desenvolvido pelo Observatório das Desigualdades e pelo Observatório do Emprego Jovem, e será apresentado esta quarta-feira, data em que se assinala o Dia Internacional da Igualdade Salarial.
“Apesar de as mulheres jovens terem maiores níveis de escolaridade do que os homens da mesma idade, estas continuam a ser significativamente prejudicadas, tanto em termos salariais, como na sua inserção no mercado de trabalho“, lê-se na nota enviada às redações.
No que diz respeito especificamente à desigualdade nas oportunidades de emprego, Inês Tavares, uma das autoras do referido livro, explica ao ECO que “existem diferenças claras entre os homens e mulheres” que vivem e trabalham numa mesma região.
E esse fosso é ainda maior entre os homens dos centros urbanos e as mulheres de regiões fora das grandes cidades, alerta a especialista, que refere, assim, que as mulheres das regiões rurais são, portanto, “mais prejudicadas”.
“A conjugação de fatores como género, nível de escolaridade, origem social e local de residência cria um efeito cumulativo de desigualdade, em que as jovens mulheres de origens menos favorecidas são as mais vulneráveis”, explica Inês Tavares. “Estes grupos estão mais expostos a baixos rendimentos, contratos precários e maiores taxas de desemprego”, continua.
Já no que diz respeito aos salários, o livro que será apresentado esta quarta-feira à tarde realça que 48% das mulheres com 25 a 34 anos tinha um diploma de ensino superior, enquanto apenas 35% dos homens estavam nessa situação, mas isso não se tem traduzido em igualdade no mercado de trabalho. “Os homens licenciados têm rendimentos superiores aos das mulheres, mesmo quanto estas têm qualificações mais avançadas, como mestrados ou doutoramentos“, é explicado em comunicado.
Ora, perante este cenário, Inês Tavares adianta ao ECO que são precisas “medidas estruturais“, como penalizações para empresas que insistam num fosso salarial entre trabalhadoras e trabalhadores, quotas de género “mais equitativas”, e políticas públicas que apoiem as mulheres na parentalidade.
A propósito, o trabalho que deu à economista Claudia Goldin o Prémio Nobel da Economia mostrou precisamente que o grosso das diferenças salariais ocorre com o nascimento do primeiro filho.
Os dados revelam que enquanto, para o homem, ser pai resulta num reforço dos rendimentos — é a chamada “vantagem da paternidade” –, para a mulher, ser mãe equivale a mais responsabilidades familiares, mais interrupções na carreira e, à boleia, maior desvantagem salarial — é a “penalização pela maternidade”.
O dia 18 de setembro foi a data escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONE) para colocar o holofote na desvalorização do trabalho tradicionalmente desempenhado por elas, no Dia Internacional da Igualdade Salarial.
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