Lucros da Altri disparam 218% até setembro. Subida de preços puxa pelas receitas

Nos primeiros nove meses do ano, os lucros do grupo Altri ascenderam a 89,6 milhões de euros. Megacomplexo industrial na Galiza “continua em processo de tramitação da licença ambiental”.

O resultado líquido do Grupo Altri, que detém as unidades industriais Biotek, Caima e Celbi, atingiu 89,6 milhões de euros nos primeiros nove meses deste ano, o que representa um crescimento de 217,6% face aos 28,2 milhões registados no mesmo período do ano passado.

Já o aumento das receitas totais em 11,4%, para 669,7 milhões de euros, é justificado, em comunicado enviado à CMVM, com a “evolução favorável dos preços das fibras celulósicas nos mercados internacionais”. O grupo produziu 815,3 mil toneladas até setembro, 4,3% acima, com as vendas em volume a ascenderam a 827,7 mil toneladas (+2,1%).

Por outro lado, o “foco contínuo na eficiência” resultou numa diminuição dos custos totais em 2,8%, para 489,6 milhões de euros. Como resultado, apresentou um EBITDA de 180,1 milhões – progressão de 84,6% -, correspondendo a uma margem de 26,9%, que fica 10,7 pontos percentuais acima do período homólogo.

O investimento líquido caiu para metade (24,5 milhões de euros) na comparação com uma fase em que instalou uma nova caldeira de biomassa na Caima, o que explica a redução da dívida em 106,9 milhões no final do terceiro trimestre face ao final de 2023. Apesar da distribuição de um dividendo de 51,3 milhões no segundo trimestre, frisa, a dívida líquida do grupo recuou para 249,8 milhões no final de setembro, sendo 36% remunerada a taxa fixa (incluindo contratos de swaps de taxa de juro).

Na nota ao mercado, José Soares de Pina, CEO, destaca a transformação da Biotek numa unidade 100% vocacionada para a produção de pasta solúvel, com aplicação direcionada para a indústria têxtil, até ao final de 2026. Um ano antes prevê concluir na Caima o projeto de recuperação e valorização de ácido acético e furfural de base renovável.

Já quanto ao Projeto Gama, que tinha sido alvo de contestação na Galiza, do qual já ameaçou desistir – “não fazemos investimentos onde não os querem”, avisou o gestor – e em que prevê apoios do PRR espanhol, refere apenas que “continua em processo de tramitação da licença ambiental integrada, um critério importante para permitir a tomada de decisão final de investimento”.

Um relatório da consultora Valora contabilizou que este investimento próximo de mil milhões de euros para produzir pasta solúvel e fibras têxteis sustentáveis (lyocell) vai ter um impacto médio anual de 342 milhões no PIB galego ao longo de 22 anos, após a construção, e irá gerar 3.608 postos de trabalho, dos quais 500 diretos.

Além das três fábricas de fibras celulósicas em Portugal com uma capacidade instalada anual superior a 1,1 milhões de toneladas -, o grupo que no final do ano passado geria quase 93 mil hectares de floresta em Portugal está também presente no setor de energias renováveis de base florestal, nomeadamente a cogeração industrial através de licor negro.

Em matéria de sustentabilidade, na mensagem enviada esta quinta-feira ao mercado, José Soares de Pina destaca que “o grupo atingiu este nível de resultados, compatibilizando a sua atividade com o exigente Compromisso 2030”. “O empenho dos colaboradores e o eficiente trabalho em equipa levou a Altri à liderança mundial do setor de Paper & Pulp em termos de ESG em 2024, reconhecido pela Sustainalytics, uma das principais agências globais de rating ESG”, sublinha.

Como o ECO noticiou no mês passado, a holding detida por Domingos Vieira de Matos prepara-se para aumentar a posição acionista na Altri e poderá chegar aos 17,22% do capital, o que a tornaria uma das maiores acionistas. A VDM Capital celebrou um contrato de equity swap com liquidação financeira, que tem como subjacente uma quantidade máxima de 10 milhões de ações da Altri, representativas de 4,87% do capital social.

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