Comissão Europeia quer países do euro com contenção nas despesas em 2025

Comissão Europeia recomendou que os países do euro mantenham, em 2025, "as taxas nacionais de crescimento das despesas líquidas", para reduzirem as suas dívidas que aumentaram após a pandemia.

A Comissão Europeia recomendou esta quarta-feira que os países do euro mantenham, em 2025, “as taxas nacionais de crescimento das despesas líquidas”, para reduzirem as suas dívidas, que aumentaram após a pandemia, e evitarem riscos para a estabilidade macrofinanceira.

“Para garantir o cumprimento do novo quadro orçamental e melhorar a sustentabilidade da dívida, [os países da moeda única devem] manter as taxas nacionais de crescimento das despesas líquidas em cada Estado-membro, tal como recomendado pelo Conselho“, indica Bruxelas.

Numa recomendação para a área da moeda única no próximo ano, que integra a segunda parte do pacote de outono do Semestre Europeu e que foi hoje divulgado, a instituição vinca que isso “deverá permitir ajustamentos orçamentais adequadamente diferenciados e uma orientação orçamental global ligeiramente contracionista da zona euro em 2025 e 2026″.

No documento, o executivo comunitário defende também que, “ao definir as estratégias orçamentais, [estes países devem] procurar melhorar a qualidade e a eficiência das medidas em matéria de despesas e receitas, a fim de reduzir a evasão e a fraude fiscais, e alinhar as estratégias com os objetivos políticos, como a reorientação da carga fiscal do trabalho para bases tributárias menos distorcivas“.

Além disso, os Estados-membros do euro devem “acompanhar os riscos para a estabilidade macrofinanceira relacionados com a qualidade dos ativos, a reavaliação dos ativos e reforçar a supervisão macroprudencial do setor da intermediação financeira não bancária”, adianta.

Nesta recomendação, é pedido que, no período de 2025-2026, os Estados-membros do euro tomem medidas individuais através da execução dos seus Planos de Recuperação e Resiliência (PRR) e coletivamente no âmbito do Eurogrupo para, assim, aumentarem a produtividade para que a área da moeda única seja mais competitiva e reforçarem a convergência social e a transição climática.

A posição surge depois de, no final de novembro, a Comissão Europeia ter dado aval ao primeiro plano orçamental a médio prazo com objetivos para despesas e investimentos e reformas, enviado por Lisboa a Bruxelas em meados de outubro, ao abrigo das novas regras orçamentais da UE.

No documento, o Governo indica que os compromissos orçamentais a médio prazo representam, em média, um crescimento das despesas líquidas igual ou inferior a 3,6% no período 2025-2028, percentagem que coincide com a trajetória de referência transmitida pela Comissão Europeia às autoridades portuguesas.

Nesse plano, o Governo estima um crescimento económico de 2,1% em 2025, de 2,2% em 2026, de 1,7% em 2027 e 1,8% em 2028.

Na trajetória orçamental a quatro anos (2025-2028), é ainda projetada uma queda de 12,7 pontos percentuais na dívida pública para 83,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2028, a uma média de redução de 3,2 pontos percentuais por ano.

A UE tem em vigor, desde final de abril passado, novas regras comunitárias para défice e dívida pública (mantendo porém os tetos de, respetivamente, 3% e 60% do PIB), dada a reforma das regras orçamentais do bloco que os Estados-membros começarão a aplicar em 2025 após traçarem planos nacionais.

O Semestre Europeu é um exercício anual de coordenação das políticas económicas e sociais da UE, no qual do qual os Estados-membros alinham os seus orçamentos com objetivos e regras acordadas ao nível comunitário.

O pacote de hoje foi apresentado à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo.

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