Fed volta a cortar taxas de juro em 25 pontos base

Terceiro corte seguido pelo banco central dos EUA leva taxas de juro para o intervalo de 4,25%-4,50%. Em 2025 o ritmo de reduções deverá abrandar, segundo projeções dos membros da Fed.

A Reserva Federal norte-americana (Fed) cortou esta quarta-feira as taxas de juro em 25 pontos base (pb), para um intervalo de 4,25%-4,50%, numa decisão amplamente esperada pelos economistas e investidores.

A descida é a terceira seguida, depois de a 18 de setembro o banco central liderado por Jerome Powell ter interrompido uma pausa de um ano nas taxas de juro com um corte ‘jumbo’ de 50 pb e depois a 7 de novembro ter reduzido em mais 25 pb o custo do dólar.

“Para apoiar os seus objetivos, o FOMC (Comité de Política Monetária) decidiu reduzir o intervalo do objetivo para a taxa dos fundos federais em um quarto de ponto percentual para 4,25% a 4,50%”, informou a Fed, em comunicado.

“Indicadores recentes sugerem que a atividade económica continuou a expandir-se a um ritmo sólido“, adiantou o banco central, num comunicado cujo conteúdo é praticamente inalterado face ao de novembro. “Desde o início do ano, as condições do mercado de trabalho têm, de um modo geral, abrandado, e a taxa de desemprego subiu, mas permanece baixa”.

A Fed explicou que a inflação progrediu em direção ao objetivo de 2% do Comité, mas permanece ligeiramente elevada.

Os membros do FOMC projetam agora que farão apenas duas reduções de taxas de um quarto de ponto percentual até ao final de 2025. Isto representa menos meio ponto percentual de flexibilização da política no próximo ano do que os previam em setembro.

O staff da Fed subiu as projeções para o crescimento para 2,5% em 2024 (de 2% em setembro) e para 2,1% em 2025 (também de 2%). Para a taxa de desemprego as novas projeções apontam para 4,2% este ano (face a 4,4% em setembro) e 4,3% no próximo.

A inflação, medida pelo Personal Consumption Expenditures (PCE) Price Index, deverá terminar este ano nos 2,8%, acima da projeção de 2,6% em setembro, antes de desacelerar ligeiramente para 2,5% em 2025 (também acima da projeção anterior de 2,1%).

Na versão core deste índice, ou seja sem contar com preços de energia e bens alimentares. a projeção sobe para 2,8% este ano (de 2,6% em setembro) e 2,5% no próximo (face à anterior projeção de 2,2%).

Os progressos mais lentos ao nível da inflação, que não deverá regressar ao objetivo de 2% antes de 2027, traduzem-se num ritmo mais lento de redução das taxas e num ponto final ligeiramente mais elevado de 3,1%, também atingido em 2027, contra a anterior taxa “terminal” de 2,9% prevista em setembro.

Os responsáveis da Fed também aumentaram a estimativa da taxa de juro neutra a longo prazo para 3%.

O índice S&P 500 cai 0,77 %, face a um ganho de cerca de 0,2% pouco antes da declaração do FOMC, com todos os setores do índice acionista a deslizarem durante este curto período, com o sector imobiliário a sofrer o maior golpe.

A yield das obrigações dos EUA a 10 anos negoceia nos 4,45% contra cerca de 4,39% pouco antes da decisão..

Peter Cardillo, economista-chefe de mercado da Spartan Capital Securities em Nova Iorque, afirmou à Reuters que não houve surpresa. “A redução foi de 25 pontos de base, o que indica apenas dois cortes nas taxas no próximo ano, indicando também uma pausa, provavelmente em janeiro e talvez prolongada até ao primeiro trimestre”.

Cardillo acrescentou: “Mas o mercado está a virar para sul agora, e a razão para isso é que o ritmo dos cortes nas taxas foi reduzido, uma pausa está próxima e a incerteza sobre a inflação está certamente na mente da Fed”.

(Notícia atualizada às 19h36)

 

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