Plano de Luís Delgado para a TiN veio “demasiado tarde”, critica Sindicato dos Jornalistas
"Luís Delgado teve todo o tempo para ter um plano. Neste momento já nos parece demasiado tarde", disse o presidente do Sindicato dos Jornalistas que ainda acredita ser possível salvar o grupo inteiro.
O plano para a reestruturação da Trust in News (TiN), dona da revista Visão, veio “demasiado tarde” para o grupo, que ainda poderia ser salvo na totalidade, apontou Luís Simões, presidente do Sindicato dos Jornalistas (SJ).
“Luís Delgado teve todo o tempo para ter um plano. Neste momento já nos parece demasiado tarde“, disse Luís Simões, lembrando que no dia 29 de janeiro está marcada a assembleia de credores. “Eu espero e creio que até lá haja propostas, até de aquisição“, acrescentou, referindo que podem ser para todas as revistas, a maioria ou apenas algumas.
“Agora será demasiado tarde [para o plano] porque inclusivamente no processo do PER [Processo Espacial de Revitalização] não houve qualquer solução por parte da empresa que deixou ir para a insolvência”, salientou.
O presidente do SJ acredita que possa ser possível salvar o grupo inteiro. “Vamos imaginar que de uma forma credível, há alguém que apresente uma proposta para todo o grupo. Eu penso que pode ser viável”, disse, ressalvando que não sabe se isso vai acontecer ou se haverá propostas isoladas para alguns títulos.
De acordo com o dirigente sindical neste momento os trabalhadores dão até já os salários em atraso “como perdidos”. “A grande preocupação neste momento é preservarem os postos de trabalho”, referiu, assim como os títulos “que são demasiado importantes para os deixar morrer”.
Também os trabalhadores da dona da Visão lamentaram que o plano de reestruturação da empresa só agora tenha sido apresentado, depois de perder “capacidade de pagar salários” e esperam propostas alternativas.
Segundo a delegada sindical Clara Teixeira, “do ponto de vista dos trabalhadores quaisquer medidas de reestruturação, estas deste plano ou outras quaisquer, fariam todo o sentido há um ano antes de a empresa perder a capacidade de pagar salários“.
Para os trabalhadores a expectativa “é que apareçam mais planos de recuperação, que apareçam propostas de compra e que seja possível salvar títulos e salvar postos de trabalho”, disse a jornalista.
O plano de reestruturação da Trust in News (TiN) prevê, entre as principais medidas, a suspensão de oito títulos e ajustar a periodicidade de mais quatro, a redução em cerca de 50 pessoas o quadro de funcionários e pagar 40% da dívida aos credores comuns em 15 anos, com bullet (amortização única) de 60% na 150.ª prestação.
O plano prevê também reforçar as publicações rentáveis e reestruturar dívidas com credores, tendo sido entregue no dia 27 de dezembro, tal como o presidente da TiN, Luís Delgado, tinha avançado no parlamento, em 18 de dezembro.
A TiN “propõe um plano de renegociação das dívidas”, sendo que “esse esforço reflete o compromisso da empresa em regularizar as suas obrigações financeiras de forma equilibrada e viável”.
Fundada em 2017, a Trust in News é detentora de 16 órgãos de comunicação social, em papel e digital – Visão, Exame, Exame Informática, Courrier Internacional, Jornal de Letras, Visão História, Caras, Ativa, TV Mais, Visão Júnior, Telenovelas, Caras Decoração, Visão Saúde, Visão Biografia, Visão Surf, This is Portugal, e A Nossa Prima, e ainda um website informativo Holofote -, está em insolvência e tem assembleia de credores marcada para 29 de janeiro.
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