Montenegro ruma ao congresso do PSD “vitorioso” com orçamento mais perto de ser viabilizado

Com a viabilização do orçamento mais perto, Montenegro prepara-se para moderar os apelos de "responsabilidade" política ao PS e trilhar caminho para as autárquicas no Congresso do PSD.

O primeiro-ministro estava em Bruxelas reunido com os seus homólogos europeus mas acompanhou em direto a comunicação do líder do PS desta quinta-feira. Momentos depois, e já frente aos jornalistas, Luís Montenegro saudava o “sentido de responsabilidade” de Pedro Nuno Santos em viabilizar o Orçamento do Estado para 2025 (OE 2025). E este fim de semana, o líder do Executivo estará, em Braga, para o 41º Congresso do partido, onde perante os camaradas do PSD reafirmará a sua liderança e o compromisso para com o país de querer deixar obra feita durante o seu mandato.

O momento servirá ainda para definir um novo tom político em relação ao PS. Afinal de contas, o principal grande obstáculo da governação de Montenegro está (para já) ultrapassado, mitigando, por mais uns meses, o risco de eleições antecipadas.

“Se pensarmos num plano de ganhos e de perdas, Montenegro sai vitorioso deste impasse. Consegue ter um documento com esperanças reais de vir a ser viabilizado”, considera Paula Espírito Santo, politóloga e investigadora do Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, em declarações ao ECO. “Num plano de retórica política, [o obstáculo] está, aparentemente, ultrapassado. Mas há elementos concretos ainda por definir. Até ao lavar dos cestos é vindima”, ressalva, aludindo ao debate na especialidade que decorrerá em novembro.

A antecipação da jogada política de Pedro Nuno Santos (só se esperava uma confirmação do sentido de voto na segunda-feira) não altera em nada o programa do Congresso do PSD, mas forçou, por seu turno, alterações ao discurso de Luís Montenegro. Já de regresso a Lisboa, o primeiro-ministro terá tirado a tarde de sexta-feira para limar as arestas da sua intervenção.

“Responsabilidade” continuará a estar no centro do discurso, mas o inquilino de São Bento será menos hostil em relação ao PS dado que o partido provou ser um parceiro confiável, para já. A porta para as negociações entre os dois maiores partidos está novamente aberta. Em alternativa, Montenegro deverá apontar baterias ao Chega, que mantém o voto contra – ainda que indiretamente.

“Será expectável que Montenegro mantenha a tónica de responsabilidade sem ser agressivo com o PS. Seria imprudente nesta circunstância hostilizar [o PS]. Se for hostil, sem se referir ao partido, será com o Chega”, prevê André Azevedo Alves ao ECO. Ainda assim, o professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica deixa claro que o discurso de Montenegro “não será triunfalista” por não haver motivos para tal. “O processo ainda decorre, a viabilização está mais próxima mas não garantida”, alerta.

“Não me passa pela cabeça que o sentido de responsabilidade que o PS acabou de enunciar possa ser estragado no âmbito de qualquer discussão na especialidade. O Governo estará ainda assim aberto a rever, nalguns casos pontuais, a fazer algumas alterações ou aproximações com os partidos da oposição, em particular com o Partido Socialista, mas, naquilo que depende do Governo, a nossa proposta é esta”.

Primeiro-ministro, Luís Montenegro

Além do PS, Montenegro aproveitará a sua intervenção para frisar que se mantém disponível para negociar e ouvir as propostas dos restantes partidos, tal como referiu em declarações aos jornalistas, esta quinta-feira, estando já a trilhar caminho para um debate na especialidade com pouca margem para surpresas.

“O primeiro-ministro vai querer demonstrar uma posição de abertura, disponibilidade e negociação. A garantia que será dada é de que o Governo continuará a trabalhar. O PSD vai insistir nesta mensagem”, defende Paula Espírito Santo.

O encontro do fim de semana, na cidade bracarense, servirá para fazer um balanço do mandato da direção nacional de Montenegro e da “transformação profunda do partido” que ocorreu nos últimos dois anos. Ademais, os congressistas irão analisar os últimos resultados eleitorais – na Madeira, Açores, legislativas e europeias – e preparar o partido para um “relançamento para um novo ciclo eleitoral”, designadamente as eleições autárquicas, explica Hugo Soares ao ECO.

Ainda que não haja nomes confirmados, o núcleo duro do partido já estará a sondar nomes e pondera até colocar na corrida opções governativas. Certo é que a ambição do PSD é manter a autarquia de Lisboa, ganhar a Câmara do Porto e assegurar a liderança da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP).

O presidente do PSD, Luís Montenegro (C) durante uma iniciativa da Aliança Democrática “Encontro Nacional de Agricultores e do Mundo Rural” , 18 fevereiro 2024 em Santarém. PAULO CUNHA/LUSAPAULO CUNHA/LUSA

 

Impulsividade de Pedro Nuno terá “custo político” avultado

Acalmados os ânimos, entra-se agora numa nova fase da proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2025 que só deverá ficar concluído a 29 de novembro, depois do debate na especialidade.

Aos olhos do líder parlamentar do PSD, o claro vencedor deste desbloqueio por parte do PS é, “evidentemente, o país” dado que fica “mais perto de ter provado um bom orçamento”, diz. Mas fora o contexto nacional, há atores políticos que saem por cima deste processo, e outros fragilizados. Pedro Nuno Santos é apontado pelos politólogos como um deles.

O líder do PS está numa posição de extrema fragilidade internamente. Depois de na noite eleitoral ter excluído um cenário de viabilização do orçamento, Pedro Nuno Santos foi praticamente empurrado para esta situação de viabilização”, aponta André Azevedo Alves, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, que contabiliza “custos políticos avultados” para o líder socialista.

No discurso em que assumiu a derrota eleitoral nas legislativas antecipadas, a 11 de março, Pedro Nuno Santos afirmou que os socialistas não impediriam a entrada em funções do Governo minoritário da Aliança Democrática, não votando qualquer moção de rejeição a esse executivo. No entanto, sobre a possibilidade de viabilizar o Orçamento do Estado para 2025, o socialista considerou esse cenário “praticamente impossível”, dizendo que o seu partido se apresentava “forte e unido”.

Volvidos sete meses, o “praticamente impossível” de Pedro Nuno Santos subiu e baixou de tom diversas vezes e, no final, assumiu-se como uma disponibilidade para viabilizar o OE2025. Não só na generalidade, no final de outubro, como também após o debate na especialidade, em novembro. E dentro do partido, as divisões são difíceis de esconder.

“Pedro Nuno Santos teve alguma falta de controlo emocional ao falar de coisas de que não era obrigado a falar. Em diversas ocasiões, podia ter optado por não dar uma resposta ou não assumir uma posição em relação ao orçamento. Teria ganho alguma margem de manobra dessa forma. Mas as declarações quase taxativas agravaram a situação”, considera o politólogo ao ECO.

João Galamba, sucessor de Pedro Nuno Santos, no anterior Governo, no ministério das Infraestruturas, também não poupou críticas ao seu antigo parceiro político. Durante o seu espaço de comentário na CNN Portugal, esta quinta-feira, o antigo governante acusou o líder socialista de levar a cabo um comportamento “errático”, criticando a estratégia de Pedro Nuno Santos. Aos olhos de Galamba, o líder socialista só deveria ter identificado as linhas vermelhas do partido durante o debate na especialidade, colocando, desta forma, o ónus sobre a viabilização da proposta do orçamento sobre o Governo.

“É uma crítica razoável. O PS teria tido maior margem se dissesse que viabilizava o orçamento numa primeira fase e discutisse cada ponto na especialidade. Houve um excesso e descontrolo da parte de Pedro Nuno, em contraste com Montenegro”, argumenta Azevedo Alves, realçando a moderação do primeiro-ministro nas suas intervenções públicas durante o decorrer do processo negocial.

O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, após prestar declarações a propósito do Orçamento do Estado para 2025 na sede nacional do Partido Socialista, Lisboa, 17 de outubro de 2024. ANTÓNIO COTRIM/LUSAANTÓNIO COTRIM/LUSA

 

Igualmente vencedor sai André Ventura, ainda que em rota de colisão com o Governo depois da troca de acusações sobre um alegado acordo para a viabilização do documento. O líder do Chega, que durante o processo negocial para o Orçamento do Estado mudou diversas vezes de sentido de voto, acabou, no final, por ganhar espaço político na oposição, assumindo-se como liderante e colando o PS ao PSD.

Ventura pode suspirar de alívio porque o cenário de ficar ele responsável por uma crise política fica mais afastado“, salienta o politólogo.

Quem pode também suspirar de alívio é o Presidente da República que, para já, vê afastado o botão da “bomba atómica”. “O risco de eleições antecipadas está, aparentemente, mitigado”, vinca André Azevedo Alves.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Souto Moura é o autor das estações de alta velocidade de Porto-Campanhã e Gaia

  • Lusa
  • 18 Outubro 2024

O prémio Pritzker em 2011 é o autor dos projetos para a reformulação da estação de Campanhã, no Porto, e da nova estação subterrânea de Santo Ovídio, em Vila Nova de Gaia.

O arquiteto Eduardo Souto Moura é o autor das estações de alta velocidade ferroviária de Porto Campanhã e Gaia, bem como a nova ponte sobre o Douro, neste caso com Armando Rito, confirmou à Lusa fonte do consórcio construtor.

De acordo com respostas a questões da Lusa, fonte do consórcio LusoLav, responsável pelo lote 1 (Porto – Oiã) da primeira fase da linha Porto – Lisboa, Souto Moura, prémio Pritzker em 2011, é o autor dos projetos para a reformulação da estação de Campanhã, no Porto, e da nova estação subterrânea de Santo Ovídio, em Vila Nova de Gaia. Já quanto à nova ponte rodoferroviária, com dois tabuleiros, que unirá as duas margens do rio Douro, a arquitetura e engenharia da infraestrutura ficarão a cargo de Souto Moura e Armando Rito, respetivamente.

Um vídeo de apresentação das estações e da ponte foi mostrado no dia 10 de outubro, em Lisboa, aquando da adjudicação da primeira Parceria Público-Privada (PPP) para a alta velocidade Lisboa-Porto, ao consórcio LusoLav (Mota-Engil, Teixeira Duarte, Casais, Alves Ribeiro, Conduril e Construções Gabriel A.S. Couto). O novo edifício da estação de Campanhã, no Porto, cuja construção para receber serviços de alta velocidade está prevista até 2030, será “como uma ponte” sobre as linhas ferroviárias, segundo um relatório a que a Lusa teve acesso.

“Os serviços que se encontram hoje instalados no atual edifício da estação” serão relocalizados, o que resultará “numa área bruta total de construção superior” ao exigido no concurso público.

No projeto do novo edifício, é assegurado que “a demolição da torre do relógio existente garante um acesso franco à Passagem Superior Pedonal (PSP)” a construir, havendo também uma libertação de “todo o seu átrio de entrada (hoje parcialmente ocupado pelas bilheteiras da CP)”, fazendo com que o acesso à atual passagem inferior passe a ser feito “diretamente a partir do átrio principal do edifício de passageiros existente”.

Quanto à estação de Gaia, verá nascer uma “grande praça” junto à estação de metro D. João II, com ligações também em Santo Ovídio tanto à futura Linha Rubi como à atual Linha Amarela, e ainda a um terminal de autocarros a construir. A norte, em D. João II, “a rematar a praça e a enquadrar o acesso à estação é proposta uma volumetria de doze pisos, o edifício de escritórios” segundo o relatório a que a Lusa teve acesso.

Já na área sul do conjunto da estação, que será subterrânea, “o projeto propõe uma volumetria de oito pisos (…) através do qual se faz o acesso ao Átrio de Passageiros Sul da estação”, conforme previsto no Plano de Pormenor de Santo Ovídio, desenhado pelo arquiteto e urbanista catalão Joan Busquets.

Quanto à nova ponte sobre o Douro, o seu tabuleiro superior terá “um alçado muito semelhante ao do tabuleiro da ponte de São João”, e o inferior será em estrutura metálica, “permitindo a redução do seu peso e potenciando a transparência da leitura entre tabuleiros”, consultou a Lusa.

O tabuleiro à cota superior, para a alta velocidade ferroviária, terá 1.181,5 metros de extensão, e o à cota baixa, rodoviária, ciclável e pedonal, terá 677,5 metros de extensão. A primeira fase (Porto-Soure) da linha de alta velocidade em Portugal deverá estar pronta em 2030, estando previsto que a segunda fase (Soure-Carregado) se complete em 2032, com ligação a Lisboa assegurada via Linha do Norte.

Haverá estações preparadas para receber a alta velocidade em Campanhã (Porto), Santo Ovídio (Gaia), Aveiro, Coimbra, Leiria e Lisboa.

Já a ligação do Porto a Vigo, na Galiza (Espanha), prevista para 2032, terá estações no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, Braga, Ponte de Lima e Valença (distrito de Viana do Castelo). No total, segundo o anterior governo, os custos do investimento no eixo Lisboa-Valença rondam os sete a oito mil milhões de euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Mercado do livro cresce entre julho e setembro com aumento de vendas e de preços

  • Lusa
  • 18 Outubro 2024

O preço médio dos livros aumentou 4,1% para os 14,36 euros. Só nestes três meses foram lançados 2.535 livros novos (27,5 livros por dia, em média), ou seja, mais 395 no mesmo período do ano passado.

O mercado livreiro continua a crescer em Portugal, com quase 3,5 milhões de livros vendidos no terceiro trimestre do ano, o que representa um aumento de 3,7% face ao período homólogo, apesar do aumento médio de preços de 4,1%. De acordo com a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), que cita dados da consultora independente Gfk, entre julho e setembro deste ano, foram vendidos mais de 3,492 milhões de livros (3.492.301) livros, ou seja, mais 3,7% do que no mesmo período do ano passado.

Este número de vendas traduziu-se num encaixe financeiro de mais de 50 milhões de euros (50.132.866), o que representa mais 7,9% em comparação com os mesmos três meses em 2023. Ainda segundo a consultora, que faz auditoria e contagem das vendas de livros ao longo do ano, o preço médio dos livros aumentou 4,1% para os 14,36 euros.

Só nestes três meses foram lançados 2.535 livros novos (27,5 livros por dia, em média), ou seja, mais 395 do que no mesmo período do ano passado. No que respeita aos pontos de venda, a grande maioria foi escoada pelas livrarias, 70,6%, ao passo que os hipermercados venderam os restantes 29,4%.

Em termos de valores de vendas, reflete-se a repartição: 79,2% do total arrecadado foi para as livrarias, enquanto os hipermercados ficaram com 20,8%. O segmento mais vendido foi o da ficção (35,7%), seguido pelo infantojuvenil (31,1%), pela não ficção (30,4%) e pelas publicações de campanhas (2,9%).

Em termos de valores financeiros arrecadados, não seguem a mesma ordem, devido às diferenças de preços, ou seja, a ficção foi o género que arrecadou mais dinheiro (41,2% do total), com os livros a custarem em média 16,57 euros, ao passo que em termos de valor é a não-ficção que surge em segundo lugar, com o preço médio de livros nos 15,71 euros (o que permitiu encaixar 30,4% do total).

O infantojuvenil permitiu um encaixe financeiro de 24,7% do total, com os livros a custarem uma média de 11,42 euros, e as publicações de campanha, com um preço médio de 4,23 euros, completam o valor total da receita, com 2,9%. Os dados da Gfk para este ano, desde janeiro a setembro, confirmam o crescimento do setor, com mais de nove milhões (9.439.315) de livros vendidos em nove meses e uma variação de mais 6% de unidades vendidas do que no período homólogo.

Em termos de valores, foram encaixados mais de 135 milhões de euros (135.327.462), o que representa mais 9,1% do que nos mesmos meses de 2023. Entre janeiro e setembro o preço médio do livro fixou-se em 14,34 euros (2,9% mais caro do que no ano anterior), e ao todo foram lançados no mercado 9.639 novos livros (mais de 35 livros por dia, em média).

Neste período, o infantojuvenil e a ficção foram os que mais venderam (33,6% e 33,5%, respetivamente), embora a ficção tenha conseguido receitas na ordem dos 38,6% do total, devido ao preço médio do livro (16,52 euros), e o infantojuvenil tenha angariado 26,2%, por os livros serem mais baratos (11,19 euros em média).

A venda de livros de não-ficção, durante os primeiros nove meses deste ano, situou-se nos 29,5% e arrecadou 34,2% do valor total (com um preço médio do livro de 16,60 euros), ao passo que a percentagem de unidades vendidas de livros de campanhas e exclusivos foi de 3,4%, representando 1% das receitas (com 4,11 euros de preço médio por livro).

Mais uma vez se verifica, ao longo do ano, a superioridade das livrarias em termos de livros vendidos, quer em unidades (70,8%), quem em valor (79,6%), comparativamente aos hipermercados (29,2% das unidades vendidas e 20,4% do valor).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Vice-presidente do Chega deixa vereação em Santarém

  • Lusa
  • 18 Outubro 2024

"Tornou-se incompatível estar nos dois lugares o mesmo tempo e decidi que estava na altura de focar-me a 100% nos órgãos nacionais", afirmou Pedro Frazão.

O vice-presidente do Chega Pedro Frazão renunciou ao cargo de vereador na Câmara de Santarém para estar mais focado “na Assembleia da República”, onde é deputado, e “na vice-presidência do partido”, disse esta sexta-feira o próprio à agência Lusa.

Estou focado em servir o país, através do meu mandato aqui no órgão de soberania, na Assembleia da República, e também como vice-presidente da direção nacional do partido. Vivemos alturas muito desafiantes e a meu ver tornou-se incompatível estar nos dois lugares o mesmo tempo e decidi que estava na altura de focar-me a 100% nos órgãos nacionais”, afirmou. Os mesmos motivos constam de um comunicado, a que a Lusa teve acesso, que o deputado divulgou para anunciar a sua decisão.

É por questões do superior interesse de Portugal e a bem da nação, tal como para não deixar em segundo plano aqueles milhares de cidadãos que confiaram o seu voto em mim e no partido Chega, que vos comunico a minha renúncia ao mandato de vereador na Câmara Municipal de Santarém”, lê-se.

No mesmo comunicado, o agora ex-vereador disse ainda que a sua renúncia foi uma decisão alinhada com a Direção Nacional do Chega e com o presidente do partido, André Ventura, sublinhando ainda que, enquanto esteve em funções em Santarém, “foi a única voz de oposição ao acordo de governação local entre PSD e PS”.

“Estou absolutamente grato por tudo o que me foi dado a ver neste mandato, no qual fui a única voz da oposição a um acordo de governo camarário entre o PSD e o PS. Lamento se, por algum momento, não estive à altura do exigido pelos eleitores, mas quero que saibam que dediquei sempre todo o meu ser e toda a minha alma neste bom combate”, referiu.

À Lusa, Pedro Frazão disse que está satisfeito com o trabalho que desenvolveu em Santarém ao longo dos últimos três anos, fazendo referência a diversos assuntos levantados “que tiveram repercussão”, como “a criação de um gabinete anticorrupção” e a “boa utilização dos fundos públicos dos ajustes diretos da câmara”.

Contactado pela Lusa, o presidente da comissão política do Chega em Santarém, José Dotti, disse que a saída do Pedro Frazão vai permitir criar uma “candidatura forte” para as próximas autárquicas, com objetivo de conquistar a Câmara de Santarém. “Mais do que o passado, eu tenho de me preocupar com o futuro. Esta saída vai permitir criar uma candidatura forte (…) e já estamos a preparar a campanha para 2025, onde o nosso objetivo é lutar pela Câmara de Santarém”.

Com esta decisão, a número dois do partido em Santarém, Manuela Estêvão, vai assumir o lugar de Pedro Frazão até ao final do mandato.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Caso gémeas. Comissão suspende trabalhos durante discussão do OE2025

  • Lusa
  • 18 Outubro 2024

A suspensão, entre 30 de outubro e 2 de dezembro, foi aprovada por unanimidade. A discussão na generalidade da proposta do Orçamento do Estado começa 30 e 31 de outubro.

A comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras decidiu esta sexta-feira suspender os trabalhos durante a discussão do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), entre os dias 30 de outubro e 2 de dezembro. A suspensão foi aprovada por unanimidade, antes da audição de Marta Gonçalves, inspetora da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).

“A comissão vai estar encerrada de 30 de outubro a 02 de dezembro. Depois, durante esse mês em que vai decorrer o debate do Orçamento, vai-se agendar as próximas datas para novas audições”, disse aos jornalistas o presidente da comissão, Rui Paulo Sousa. De acordo com o calendário da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, o OE2025 vai ser apreciado entre 28 de outubro e 28 de novembro.

A discussão na generalidade está agendada para 30 e 31 de outubro, enquanto a votação final global para 28 de novembro. Os deputados também rejeitaram o pedido de reserva de imagem do antigo assessor da Presidência da República para a área da saúde Mário Pinto, com a abstenção do PCP.

“Nós tínhamos pedido a Mário Pinto para fundamentar o porquê dessa reserva de imagem. Ele não respondeu, […] a decisão foi que será tratado como qualquer outro depoente e terá a sua imagem transmitida e os jornalistas poderão estar presentes. Portanto, não foi aceite o seu pedido”, afirmou.

Na semana passada, o presidente da comissão tinha dito que Mário Pinto alegou ter “alguns problemas de personalidade quando está na presença de comunicação social”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Jornalistas absolvidos por violação do segredo de justiça: “Uma decisão importante para o jornalismo em Portugal”

"Se nós também não nos defendemos deste poder arbitrário, qualquer dia por dá cá aquela palha, colocam-nos uma escuta telefónica, por exemplo", diz Carlos Rodrigues Lima.

Mais do que a minha absolvição, esta é uma decisão importante para o jornalismo em Portugal“, entende o jornalista Carlos Rodrigues Lima, sobre a decisão do Supremo Tribunal de Justiça de o ter absolvido – a si e ao jornalista Henrique Machado – pelo crime de violação do segredo de justiça.

O recurso tinha sido interposto pelos jornalistas relativamente ao acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, de fevereiro de 2023, que os tinha condenado (em pena de multa) pelo crime de violação de segredo de justiça, alterando assim a absolvição decidida em primeira instância. Carlos Rodrigues Lima tinha sido condenado com pena de multa de 150 dias e 1.500 euros, por três crimes de violação de segredo de justiça, enquanto Henrique Machado recebeu pena de multa de 105 dias e 1.050 euros por um crime de violação do segredo de justiça.

Na origem deste processo esteve a divulgação de notícias sobre os casos dos emails do Benfica, E-toupeira e Operação Lex pelos dois jornalistas em 2018, e que envolveu a revelação, nalguns casos, de alguns atos processuais. Ao tempo dos factos, Carlos Rodrigues Lima era subdiretor da revista Sábado (atualmente é Grande repórter no Correio da Manhã/NOW) e Henrique Machado era jornalista do jornal Correio da Manhã (atualmente é editor de Justiça na CNN Portugal).

Ao contrário do que algumas pessoas do sistema de justiça pensam, os jornalistas podem escrever sobre processos judiciais em curso, desde que, como ficou mostrado no julgamento, não prejudiquem a investigação. E foi isso que eu disse desde o início deste processo”, refere o jornalista ao +M.

“O Supremo veio dizer o óbvio, que não existindo perigo, dano ou prejuízo para a investigação, as notícias tiveram importante relevância pública. E é isso que alguma almas no Ministério Público não percebem, porque o quadro mental deles ficou na Idade Média e alguns juízes do Tribunal de Relação de Lisboa também não percebem que vivemos em 2024 e que o país já não é o mesmo daquele do professor António Oliveira Salazar“, critica.

Henrique Machado concorda com a ideia de se tratar de um “processo salazarento”. “Esta decisão foi uma vitória do jornalismo livre, não de alguém em particular”, começa por dizer ao +M, antes de sublinhar a injustiça subjacente ao processo, “desde logo pelos métodos de investigação do Ministério Público, próprios do Estado Novo“.

Foi muito importante travar esta batalha até ao nível do Supremo Tribunal, para que o acórdão faça jurisprudência e acabe de vez com uma certa visão de alguns setores da justiça, pouco democrática, do direito à informação e à proteção das fontes. Se seguirem esta doutrina, o Estado evita depois enxovalhos junto do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem“, afirma.

Segundo Carlos Rodrigues Lima, no julgamento, mesmo os inspetores da Polícia Judiciária, os procuradores do Ministério Público e os juízes de instrução que estiveram envolvidos no processo disseram que as notícias em nada prejudicavam a investigação.

Até os próprios visados – Paulo Gonçalves (do S.L. Benfica), Rui Rangel (juiz) e Fátima Galante (juíza) – “que podiam ter aproveitado aquela oportunidade para se vitimizarem e para censurarem os jornalistas, honra lhes seja feita que tiveram uma atitude completamente contrária, dizendo que não criticavam os jornalistas. Portanto, só o tribunal da Relação é que achou o contrário, numa leitura simplista – e que diria até simplória – do que é o segredo de justiça”, afirma.

Este processo nasce na cabeça de uma procuradora“, refere o jornalista, apontando ainda que a mesma chegou a colocar a PSP atrás de si e que quebrou o sigilo bancário para ter acesso à sua conta, o que o levou a apresentar há cerca de três anos uma queixa por abuso de poder.

“Já encontrei vários despachos noutros processos dessa procuradora, e quando queria fazer vigilâncias ia pedir autorização judicial a um juiz de instrução. No meu caso combinou com a PSP diretamente e a PSP prestou-se ao serviço. Sem qualquer suspeita, decidiu levantar também o sigilo bancário para me andar a ver a conta bancária. Se nós também não nos defendemos deste poder arbitrário, qualquer dia por dá cá aquela palha, colocam-nos uma escuta telefónica, por exemplo“, justifica Carlos Rodrigues Lima o que o levou a avançar com a queixa.

No entanto, a última vez que foi consultar o processo – em meados de junho deste ano – nada tinha sido feito e ainda ninguém tinha sido ouvido, “portanto parece-me que há aqui uma tentativa de abafar o caso“, considera. “Nem posso dizer que esteja em banho-maria [o processo] – porque aí ainda vai cozendo um bocadinho – aquilo está é no congelador“, diz.

A atuação da procuradora levou inclusive a então Procuradora-Geral da República (PGR), Lucília Gago, a instaurar um processo de averiguações, iniciativa saudada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que disse ser “importante” para apurar o que se passou.

“Hoje podemos celebrar a liberdade de imprensa”, diz presidente do Sindicato dos Jornalistas

Luís Filipe Simões, presidente do Sindicato dos Jornalistas, considera que a decisão do tribunal foi um “exercício de liberdade de imprensa“, até porque se procurou punir, quando “o que os jornalistas fizeram foi aquilo que na verdade têm de fazer: escrutínio”.

Hoje podemos celebrar a liberdade de imprensa, que em Portugal ainda se verifica“, diz, recordando ainda o facto de que muitas vezes os jornalistas são condenados em Portugal, em decisões que são depois revertidas pelo Tribunal Europeu.

“Tendo como referência a jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, o qual tem vindo a exigir, para a punição das condutas, que se demonstre a existência de prejuízos concretos para a investigação, o STJ considerou que essa matéria que não está provada no processo. Foi analisado o contexto em que os arguidos desenvolveram a sua conduta e a forma como as notícias foram divulgadas, tratando-se de notícias com relevante interesse público informativo”, lia-se no comunicado divulgado pelo Supremo Tribunal de Justiça.

Não é por o jornalista falar em alguns passos do processo que se está a infringir o segredo de justiça, porque aí sobrepõe-se o direito e o dever de informar. Sendo de interesse público, eu parece-me legítimo até que se falem de partes do processo“, considera Luís Filipe Simões.

Concedendo que, embora tenha havido uma aproximação nos últimos tempos, “os tempos dos jornalistas não são os tempos da justiça“, o dirigente sindical alerta ainda para o facto de que “não se pode é ceder à tentação de matar o mensageiro“.

“Eu admito que a violação do segredo de justiça possa ser um problema. Mas é muito curioso que quase sempre se procura punir judicialmente o jornalismo e não se vai à fonte, a quem violou de facto o segredo de justiça. Porque quem violou não foi o jornalista que publicou, foi quem deu ao jornalista aquelas partes do processo. Ou seja, o jornalista apenas fez o seu trabalho e, neste caso, importa sublinhar que os dois jornalistas fizeram muito bem o seu trabalho“, diz Luís Filipe Simões, que considera “há um excesso em colocar tudo em segredo de justiça”, o que devia ser “a exceção”.

Nota que no processo chegou a estar também acusado Pedro Fonseca, na altura coordenador (e hoje diretor) da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da Polícia Judiciária, por abuso de poder, violação de segredo de justiça e falsidade de testemunho. No entanto, o então juiz de instrução Carlos Alexandre decidiu não o levar a julgamento, decisão que seria depois confirmada pela Relação de Lisboa, após recurso do Ministério Público.

Acredito que estivemos mais uma vez bem. Portugal é o sétimo país no ranking de liberdade de imprensa [atrás da Noruega, Dinamarca, Suécia, Países Baixos, Finlândia e Estónia, segundo a organização Repórteres sem Fronteiras] e é bom que em Portugal surjam absolvições como esta, porque quer dizer que apesar de tudo e das dificuldades, continuamos empenhados em que haja cada vez mais uma maior liberdade de imprensa porque a saúde da democracia passa também por aí“, remata o presidente do sindicato.

Nota que no processo chegou a estar também acusado Pedro Fonseca, na altura coordenador (e hoje diretor) da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da Polícia Judiciária, por abuso de poder, violação de segredo de justiça e falsidade de testemunho. No entanto, o então juiz de instrução Carlos Alexandre decidiu não o levar a julgamento, decisão que seria depois confirmada pela Relação de Lisboa, após recurso do Ministério Público.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

CP alerta para perturbações devido a greve entre 24 de outubro e 3 de novembro

  • Lusa
  • 18 Outubro 2024

Nos dias 28, 29 e 30 de outubro, em que haverá uma greve parcial, a CP prevê perturbações nos serviços Regional/InterRegional, Urbanos de Coimbra e Urbanos do Porto.

A CP – Comboios de Portugal alertou esta sexta-feira para perturbações entre 24 de outubro e 3 de novembro, com particular incidência em 31 de outubro, devido a uma greve convocada pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI).

Numa nota publicada no seu site, a operadora ferroviária informou que, “por motivo de greve convocada pelo sindicato SFRCI entre os dias 24 de outubro e 03 de novembro de 2024”, a empresa antecipa perturbações na operação. Assim, nos dias 28, 29 e 30 de outubro, em que haverá uma greve parcial, a CP prevê perturbações nos serviços Regional/InterRegional, Urbanos de Coimbra e Urbanos do Porto.

Já no dia 31 de outubro, em que paralisação será total, durante 24 horas, “preveem-se fortes perturbações em todos os serviços (Alfa Pendular, Intercidades, Regional/InterRegional, Urbanos e Internacional Celta)”, incluindo “algumas perturbações no dia seguinte”.

“Nos restantes dias poderão ocorrer perturbações pontuais”, nomeadamente nos serviços Urbanos de Lisboa e Intercidades entre o Algarve e Lisboa. “Caso venham a ser definidos serviços mínimos, esta informação será atualizada”, indicou. Contactado pela Lusa, o sindicato confirmou a paralisação, indicando que as greves serão parciais, de duas horas no início de cada turno, sendo que no dia 31 de outubro a paralisação será de 24 horas.

Segundo fonte do SFRCI, que representa os trabalhadores das bilheteiras e revisores da CP, estas greves são motivadas por aquilo que diz ser o “incumprimento do acordo” que assinaram em julho do ano passado com a operadora. O protesto “tem a ver com a remuneração”, sendo que, segundo o sindicato, o acordo prevê passar um “prémio de subsídio de transporte e disponibilidade para o salário base”, algo que traria vantagens aos trabalhadores. O sindicato quer um maior equilíbrio face às remunerações dos maquinistas.

“O acordo foi celebrado no passado, foi validado pela tutela do ano passado, está no Orçamento do Estado deste ano”, assegurou, indicando que a “empresa tem o dinheiro, mas não produz a aplicação do acordo”, prevista a partir de 1 de dezembro de 2023. “É a primeira vez que nos acontece, acordos assinados com as administrações não serem cumpridos”, criticou, lamentando que tenham de voltar “a um conflito laboral que estava encerrado”.

No ano passado, a CP foi afetada por várias greves convocadas pelos sindicatos da empresa, situação que foi resolvida com um acordo assinado com as estruturas.

No aviso, a operadora disse aos clientes que “já tenham bilhetes adquiridos para viajar em comboios dos serviços Alfa Pendular, Intercidades, Internacional, InterRegional e Regional” que “permitirá o reembolso, no valor total do bilhete adquirido, ou a sua troca gratuita para outro comboio da mesma categoria e na mesma classe”.

Este processo poderá ser realizado no site da transportadora ou nas bilheteiras. “Passado este prazo, e até 10 dias após terminada a greve, pode ser pedido o reembolso através do preenchimento do formulário de contacto online “Reembolso por Atraso ou Supressão”, com o envio da digitalização do original do bilhete”, concluiu.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Primeira proposta do plano de ação para os media aprovada na generalidade

  • Lusa
  • 18 Outubro 2024

O Governo pretende simplificar a obrigação de publicação nos meios de comunicação regionais e locais (impressos ou digitais) de todas as deliberações das câmaras municipais e juntas de freguesia.

O parlamento aprovou esta sexta-feira na generalidade uma proposta do Governo que pretende apoiar a imprensa local e regional e também assegurar maior transparência às decisões municipais, incluída no Plano de Ação para a Comunicação Social, apresentado há uma semana.

Segundo o secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, esta é a primeira medida “tendo em conta a política pública de comunicação social que o Governo apresentou com o seu Plano” de Ação para a Comunicação Social.

“Obviamente que aquilo que nos move é a transparência e a publicidade das deliberações dos órgãos das autarquias locais. Aquilo que nos move é também a clarificação de uma norma que foi feita com a melhor das intenções. Esta norma está em vigor desde 2013, mas na verdade, em bom rigor, já constava de leis anteriores”, justificou Carlos Abreu Amorim, que tutela a comunicação social.

Segundo o secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias, o Governo pretende simplificar a obrigação de publicação nos meios de comunicação regionais e locais (impressos ou digitais) de todas as deliberações das Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, prevista no atual Regime Jurídico das Autarquias Locais (RJAL), mas que nunca foi regulamentada e por isso nunca foi aplicada, porque “o nível de complexidade desta exigência legal é claramente desproporcionado face ao que se considera razoável”.

A proposta pretende alterar o RJAL estabelecendo o que é obrigatório a autarquia comunicar aos cidadãos, os valores a pagar pela publicidade e a lista dos meios de comunicação regionais e locais.

O governante destacou ainda que a proposta pretende “a transparência e publicidade das decisões, sem colocar em causa a margem decisória dos órgãos das autarquias locais”, uma vez que muitas autarquias, “em virtude da sua dimensão, gastam elevadas quantias com a publicação das suas deliberações”.

Esta revisão visa reforçar a autonomia local e promover uma gestão mais eficiente e adaptada às realidades de cada território, com o objetivo de aproximar ainda mais o poder local dos cidadãos“, defendeu Hernâni Dias.

A proposta de lei do Governo prevê “o uso de meios tecnológicos mais atuais para a publicação das deliberações, como a remissão para endereços de internet e uso de códigos de resposta rápida (QR codes)”, disse Hernâni Dias, salientando que “as atuais dimensões geográficas impedem que a publicação por edital” seja suficiente hoje “para a plena divulgação” das decisões autárquicas.

O diploma pretende ainda “contribuir para a coesão territorial e desenvolvimento local através de incentivos à imprensa local e regional”, além de “garantir a existência de transparência nas deliberações efetuadas e, ao mesmo tempo, assegurar a racionalidade e economia dos meios das autarquias”, sublinhou.

A proposta do Governo foi aprovada com a abstenção do Livre e do PS.

Também foi aprovado, com as abstenções do Chega e da Iniciativa Liberal, um projeto de resolução apresentado pelo Livre que recomenda ao Governo uma portaria para fixar, por uma questão de transparência, a tabela de custos para a publicação das decisões autárquicas nos órgãos de comunicação social locais e regionais.

Na defesa da sua proposta, a deputada Filipa Pinto, do Livre, salientou que o jornalismo de proximidade permite às populações um espaço de discussão de assuntos de seu interesse, “estimulando o escrutínio que é essencial para a manutenção da democracia”, mas destacou que “a coesão territorial está hoje ameaçada por um deserto noticioso que se tem vindo a agravar” e que é preciso combater, citando números da Associação Portuguesa de Imprensa, segundo os quais houve um desaparecimento do jornalismo de proximidade em 25% dos municípios portugueses.

Tanto a proposta de lei do Governo como o projeto de resolução do Livre vão descer à Comissão do Poder Local para debate na especialidade.

O Plano de Ação para a Comunicação Social contém 30 medidas previstas pelo Governo “com vista a construir uma política pública para a comunicação social”, estruturado nos eixos Regulação, Serviço público concessionado, Incentivos, e Combate à desinformação e literacia mediática.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Setúbal inicia obras de 5 milhões de euros em centro escolar

  • ECO
  • 18 Outubro 2024

Setúbal vai iniciar as obras no Centro Escolar Barbosa du Bocage, beneficiando do PRR, com um investimento de mais de cinco milhões de euros. As intervenções vão beneficiar, no total, 1359 alunos.

A Câmara Municipal de Setúbal inicia a 22 de outubro a obra de ampliação do Centro Escolar Barbosa du Bocage, um dos espaços do município beneficiados pelas verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

O projeto da renovada escola beneficia de um investimento superior a cinco milhões de euros. O novo centro escolar beneficiará 275 alunos do 1º ciclo e do jardim-de-infância, e também 1084 alunos dos 2.ºe 3.ºciclos, com a construção de um pavilhão polivalente.

A expansão, com um prazo de execução previsto de 330 dias, inclui a construção de novas salas de aula, além de um centro de apoio à aprendizagem para crianças com necessidades educativas especiais. O projeto prevê ainda a criação de um novo pavilhão polivalente onde vai estar um ginásio para os alunos de diferentes ciclos.

O agrupamento escolar Barbosa du Bocage, no qual se insere a escola básica com o mesmo nome, inclui ainda outras instituições como o Jardim de Infância das Amoreiras, Jardim de Infância dos Arcos, Escola Básica dos Arcos, Escola Básica de São Gabriel, entre outras.

Setúbal é, destaca a autarquia em comunicado, um dos concelhos com maior número de projetos aprovados no âmbito do programa de financiamento europeu, num total de 150,9 milhões de euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Podcast Advocatus. Ouça a entrevista a José Costa Pinto e a estreia da rubrica Quid Juris

  • ADVOCATUS
  • 18 Outubro 2024

No segundo episódio do Podcast Advocatus o sócio fundador da Costa Pinto Advogados e ex-presidente da ANJAP falou sobre os temas quentes da OA. Estreia também a rubrica Quid Juris.

No segundo episódio do Podcast Advocatus, a diretora executiva Filipa Ambrósio de Sousa entrevistou José Costa Pinto, sócio fundador da Costa Pinto Advogados e ex-presidente da Associação Nacional de Jovens Advogados Portugueses (ANJAP). O podcast foi gravado no dia 2 de outubro.

Neste episódio estreamos ainda a rubrica Quid Juris, conduzida pelo jornalista Frederico Pedreira. Um segmento que pretende clarificar situações jurídicas, atuais e diárias, sempre com a explicação de um advogado convidado. Para falar sobre o habeas corpus e todos os seus contornos jurídicos contamos com a participação de Inês Almeida Costa, associada coordenadora de Penal e Contraordenacional da MFA Legal.

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

Entre os temas em debate na entrevista principal estão as polémicas protagonizadas pela bastonária da Ordem dos Advogdaos como a nomeação e tomada de posse do Conselho de Supervisão, a portaria publicada pelo Governo relativa às defesas oficiosas, a nomeação de advogados para despachar processos da AIMA e o futuro da Ordem.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BCE prepara terreno para mais cortes das taxas de juro em 2025

Analistas e investidores antecipam cortes contínuos das taxas de juro do BCE nos próximos meses até aos 2% em 2025, por conta do abrandamento da inflação e do fraco crescimento da economia do euro.

O Banco Central Europeu (BCE) cortou na quinta-feira as taxas de juro pela segunda vez consecutiva, reduzindo a taxa de depósito em 25 pontos base para 3,25%. A decisão, amplamente antecipada pelos mercados, abre caminho para mais reduções nos próximos meses, à medida que a inflação continua a abrandar e a economia da Zona Euro mostra sinais de fraqueza.

Os analistas antecipam inclusive que o BCE mantenha o ritmo de cortes nos próximos trimestres, podendo levar a taxa de depósito para níveis próximos de 2% até ao final de 2025. “Mantemos a nossa previsão de cortes consecutivos de 25 pontos base até 2% em junho, com riscos de descida para a nossa previsão da taxa terminal”, afirma Sven Jari Stehn, economista-chefe do Goldman Sachs para a Europa, numa nota enviada aos clientes do banco norte-americano após a decisão do BCE.

O ING, por sua vez, considera que o BCE “tem tudo o que precisa para continuar a descer os juros.” Carsten Brzeski, economista-chefe do banco holandês, destaca esta manhã num email enviado aos clientes que os dados recentes sobre inflação e atividade económica reforçam a necessidade de mais estímulos monetários à economia.

o Lloyds Bank prevê que a autoridade monetária poderá efetuar uma “série de cortes” nas taxas de juro ao longo de 2025. “Os mercados antecipam novas reduções consecutivas nas primeiras três reuniões de política monetária de 2025, um ‘duplo hat-trick‘ de cortes que levaria a taxa de depósito para 2,25% em abril”, refere Hann-Ju Ho, economista sénior do Lloyds.

A postura mais dovish do BCE surge num contexto de abrandamento económico na Zona Euro. As mais recentes projeções dos especialistas do banco central divulgadas esta sexta-feira apontam para um crescimento de apenas 0,7% este ano, 1,2% em 2025 e 1,5% em 2026 – uma ligeira revisão em baixa face às estimativas de junho.

Quanto à inflação, embora a taxa média ainda se mantém acima da meta de 2%, tem desacelerado nos últimos meses. O BCE prevê que a taxa de inflação média atinja 2,4% em 2024 e estabilize nos 1,9% em 2025 e 2026.

“O BCE não está a comprometer-se com uma determinada trajetória” das taxas de juro, afirmou Mark Wall, economista-chefe para a Europa do Deutsche Bank AG em Londres, após a decisão. “Isto é sensato, dadas as incertezas que temos pela frente. Mas é provável que a decisão de hoje [quinta-feira] represente um ponto de viragem para uma normalização mais rápida.”

O Goldman Sachs alerta, no entanto, para os riscos de uma política monetária demasiado acomodatícia. “Vemos o risco em torno da nossa previsão da taxa terminal como inclinado para baixo, com dois caminhos amplos para uma taxa abaixo do neutro”, refere Stehn na nota enviada aos clientes.

O economista do Goldman Sachs delineia dois cenários possíveis: um de “cortes mais rápidos e profundos” em resposta a uma fraqueza económica aguda, e outro de “cortes prolongados” caso as tensões comerciais pesem sobre o crescimento ou a inflação fique abaixo da meta em 2025.

Por sua vez, Hann-Ju Ho do Lloyds Bank destaca que o BCE mantém uma abordagem dependente dos dados, deixando em aberto a possibilidade de ajustar o ritmo dos cortes conforme necessário. “A presidente Christine Lagarde reiterou que o BCE continuará a seguir uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião”, refere o economista numa nota enviada esta sexta-feira aos clientes do banco, notando que os mercados já estão a considerar a possibilidade de um corte de 50 pontos base em dezembro, embora isso pareça “excessivamente ambicioso” com base nos dados económicos atuais.

Na conferência de imprensa de quinta-feira após ser conhecida a decisão do Conselho do BCE, Christine Lagarde usou a sua linguagem habitual para dizer todas as decisões de política monetária estarão “dependentes dos dados” e que a definição das taxas de juro continuará a ser tomada numa base “reunião a reunião”.

No entanto, dada a mensagem otimista da presidente do BCE sobre os riscos de inflação e tendo como pano de fundo o abrandamento da economia da Zona Euro, os investidores rapidamente tomaram as suas palavras como uma espécie de “via verde” para futuras correções das taxas de juro. O primeiro teste a estas previsões e expectativas de analistas e investidores será conhecido já a 12 de dezembro na última reunião do Conselho do BCE.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Condomínio de luxo no Barreiro à venda com preços até 1,8 milhões de euros

  • ECO
  • 18 Outubro 2024

O Naus Eco Village está a ser comercializado pela Remax e conta com 24 frações num terreno de 13.038 m². As frações custam entre os 490 mil e os 1,8 milhões de euros.

A Remax iniciou a comercialização de um empreendimento de luxo no Barreiro, o Naus Eco Village. Este projeto conta com 24 frações e preços entre os 490 mil e os 1,8 milhões de euros.

O Naus Eco Village é composto por 20 apartamentos e quatro moradias. O condomínio vai ter espaços comuns como piscina, ginásio, spa, zonas verdes, parque infantil e estacionamento subterrâneo com tomadas individuais.

Este condomínio fechado vai ser implementado num terreno de 13.038 m² e é inspirado pela história do Barreiro e a ligação que tem aos Descobrimentos e ao complexo naval do Tejo.

O empreendimento é desenvolvido em colaboração com a Vision Supra Partners e o atelier Plano Humano Arquitetos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.