Critical Software expande para Boston. “Tem uma base de talento enorme”
Portuguesa Critical Software abriu novo escritório "mesmo junto ao MIT" e a vários gigantes, como a J&J. Tem três vagas de emprego para a nova equipa e admite parcerias com universidades locais.
“Há já algum tempo” que a portuguesa Critical Software tinha negócios nos Estados Unidos, mas a partir de agora tem também uma morada nesse país. A tecnológica acaba de abrir escritórios em Boston, “mesmo junto ao MIT” — uma das universidades de engenharia mais conceituadas do mundo — e a várias empresas gigantes, como a Johnson & Johnson. Vai aproveitar o ecossistema local e a “base de talento enorme”, conta ao ECO Luís Gargaté, diretor da divisão de medical devices da Critical Software.
“Já trabalhamos com empresas dos Estados Unidos há algum tempo, mas decidimos agora fazer esta expansão e ter uma presença nesse país. Abrimos oficialmente estas operações nos Estados Unidos no início do ano“, sublinha o responsável, em conversa com o ECO.
Nesta “expansão estratégica”, a tecnológica portuguesa tem “dois focos fundamentais”: a área de dispositivos médicos e ciências da vida (a prioritária, neste momento, segundo Luís Gargaté) e a área do espaço e aeronáutica.
“São dois mercados onde já trabalhamos e achamos que há muito potencial de conseguirmos acrescentar valor a clientes dos Estados Unidos, como fazemos na Europa”, explica o mesmo responsável.
O local escolhido para o novo escritório é “um espaço típico de startups“, mas que conta também com grandes empresas, além de estar “mesmo ao lado do MIT”. “Ajuda no desenvolvimento inicial. É uma base de talento enorme“, sublinha o diretor da divisão de medical devices.
E para dar início a esta nova operação, um dos membros da equipa alemã da Critical Software já rumou aos Estados Unidos, onde está a “tratar de fazer desenvolvimento de negócio“, mas também “a ajudar com o recrutamento de pessoas“. Neste momento, a intenção é contratar, pelo menos, três profissionais “ligados à vertente de desenvolvimento de negócio“, detalha Luís Gargaté.
Se calhar, é mais difícil encontrar pessoas aqui na Europa do que nos Estado Unidos. O mercado lá é muito dinâmico.
Deste lado do oceano, as tecnológicas têm sentido duras dificuldades no recrutamento. Apesar de nos Estados Unidos haver mais empresas e ofertas de emprego neste setor, o referido responsável atira: “se calhar, é mais difícil encontrar pessoas aqui na Europa do que nos Estado Unidos“.
“Lá o mercado é muito dinâmico e aquilo que temos para oferecer é distintivo de uma empresa americana grande, que é ajudar a criar algo que não existe. Parece-nos ser bastante apelativo para os perfis certos. Trazemos a possibilidade de crescer mais rápido e isso é apreciado nos Estados Unidos, onde há uma cultura de muita competitividade entre as pessoas“, explica Luís Gargaté.
Além disso, o responsável admite que, no futuro, a portuguesa possa fazer parcerias com as universidades locais (além do MIT, a famosa Universidade de Harvard está nas proximidades). “É algo que acho que vamos querer fazer. Há lá conhecimento que não temos“, afirma.
Com apetite para comprar e fundir
Segundo Luís Gargaté, a Critical Software chega a Boston com apetite também para adquirir outros negócios, de modo a expandir a sua presença no mercado norte-americano, no que diz respeito ao setor dos dispositivos médicos.
“Outra vertente em que estamos a apostar é em M&A. Eventualmente, conseguirmos encontrar uma empresa para adquirir e assim dar um salto maior. Para nos dar acesso a mais mercado“, perspetiva o responsável.
Já quanto às outras duas áreas já referidas (o espaço e a aeronáutica), Luís Gargaté revela que poderá estar em cima da mesa a abertura de outros hubs nos Estados Unidos, próximos dos clusters dessas áreas de negócio.
Na área do espaço, o foco em investir mais ativamente nos Estados Unidos veio agora, porque estamos a dominar suficientemente bem o mercado europeu e achamos que pode haver sinergias interessantes na nossa oferta.
Importa notar que o espaço é a área mais antiga desta tecnológica portuguesa, que até já trabalhou nalguns componentes para a NASA. “O nosso foco nos últimos 20 anos tem sido na Europa. O foco em investir mais ativamente nos Estados Unidos veio agora, porque estamos a dominar suficientemente bem o mercado europeu e achamos que pode haver sinergias interessantes na nossa oferta“, conta o referido responsável.
Esta intenção surge numa altura em que o novo Presidente dos Estados Unidos anunciou o compromisso de chegar a Marte. “A nossa vontade de investir é anterior a isso”, esclarece Luís Gargaté, que reconhece, ainda assim, que “é expectável que o investimento que será feito no espaço seja maior“, tendo em conta o cenário político.
“Para nós, o interesse na área do espaço tem muito que ver com o new space, empresas comerciais — algumas delas startups e scaleups — que estão a ir à boleia da Space X e de outras empresas e estão a criar modelos de negócio baseados em pôr satélites no espaço a preços reduzidos”, detalha o mesmo. “Marte não é o nosso foco para já“, garante.
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