Tutti Frutti. Acusação provoca duas baixas na Câmara de Lisboa. Vereadores do PSD e PS renunciam

  • Joana Abrantes Gomes
  • 9:51

Depois do social-democrata Ângelo Pereira, também a vereadora socialista Inês Drummond, acusada de quatro crimes de prevaricação, renunciou ao mandato na autarquia lisboeta.

A vereadora da Câmara Municipal de Lisboa Inês Drummond (PS), atualmente sem pelouros, anunciou esta manhã que renunciou ao mandato no Executivo autárquico liderado por Carlos Moedas, depois de, na terça-feira, ter sido acusada de quatro crimes de prevaricação no âmbito do caso Tutti Frutti.

“Renuncio ao mandato de vereadora que exerço há três anos de forma não remunerada. Faço-o com o sentimento de dever cumprido e consciência de total transparência e regularidade dos atos que pratiquei, sempre na prossecução do interesse público que norteou toda a minha vida cívica e política”, lê-se num comunicado enviado esta quarta-feira às redações.

Na terça-feira, o Ministério Público (MP) deduziu acusações contra 60 arguidos no âmbito do processo Tutti Frutti por crimes de corrupção, prevaricação, branqueamento e tráfico de influência, entre os quais autarcas do PS e do PSD e deputados de ambos os partidos.

No caso da vereadora socialista sem pelouro na Câmara de Lisboa, que havia sido constituída arguida no caso em junho do ano passado, a acusação do Ministério Público diz respeito a quatro crimes de prevaricação.

Mas, no comunicado em que renuncia ao cargo, Inês Drummond reitera a sua inocência: “É inequívoco, (…) que em nenhum momento fui considerada suspeita do recebimento de qualquer vantagem ou benefício pessoal. Não podia ser de outra forma, dado que estou totalmente certa e convicta da lisura que sempre apliquei na defesa do interesse público”.

O MP continua a estabelecer imputações com base num pressuposto que configura um erro: uma pretensa amizade que não existe, relativamente à contratação de uma empresa que não beneficiei, e à qual, inclusivamente, apliquei sanções pelo incumprimento do contrato”, acrescenta.

Ângelo Pereira, líder da distrital do PSD e vereador com o pelouro do Desporto, da Higiene Urbana e Proteção Civil na autarquia lisboeta, pediu a suspensão do mandato ainda na terça-feira “para requerer a abertura da instrução” e por estar convicto da “total ausência de responsabilidade penal a este respeito”, disse em comunicado. O Ministério Público imputa a Ângelo Pereira o crime de recebimento indevido de vantagem relacionado com uma viagem à China em 2015.

Em declarações aos jornalistas nos Paços do Concelho na terça-feira, o presidente da Câmara de Lisboa disse ter aceitado “de imediato” a decisão do vereador. Carlos Moedas afirmou que Ângelo Pereira “não é acusado de corrupção, está acusado em relação a uma viagem que fez em 2015 e que deveria ter sido paga pelo município”.

Também no dia de ontem, o deputado do PSD e presidente da Junta de Freguesia da Estrela, Luís Newton, anunciou que vai pedir a suspensão do mandato como parlamentar. Em comunicado, Luís Newton apontou que nem a sua presença na Assembleia da República “pode desviar a atenção do excelente trabalho governativo que tem vindo a ser desenvolvido pelo PSD e pelo primeiro-ministro em prol de todos os portugueses”, nem a sua ausência “pode significar uma admissão de culpa”.

(Notícia atualizada pela última vez às 10h23)

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