Leilão de gases renováveis já tem vencedores. Biometano fica muito aquém

Existiu apenas uma candidatura na área do biometano, apresentada pela Dourogás Renovável. A capacidade adjudicada neste gás ficou 75 vezes abaixo da fasquia máxima prevista no concurso.

A Direção Geral da Energia e Geologia (DGEG) já selecionou as empresas que irão receber as verbas do leilão de 140 milhões de euros para apoio a projetos de gases renováveis. Há vários projetos de hidrogénio verde vencedores, mas apenas uma candidatura no biometano, da Dourogás Renovável, que foi admitida.

“Lançamos um leilão de gases renováveis, no qual iremos injetar 140 milhões de euros, ao longo de um período de dez anos, financiado pelo Fundo Ambiental. Este montante deverá compensar os investidores pelas flutuações de preço”, tinha dito em maio do ano passado a ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, quando anunciou o pontapé de partida do leilão.

Só houve uma candidatura na área do biometano, apresentada pela Dourogás Renovável, que assegurou a adjudicação de 1.990 MWh (megawatts-hora) por ano de biometano ao preço de 62 euros por MWh. De acordo com a nota do Governo que anunciava o lançamento do leilão, este é o preço máximo que seria possível praticar no caso do biometano.

No caso deste gás renovável, as quantidades máximas para contratualização eram de 150 GWh (gigawatts-hora) por ano. Assim sendo, a capacidade adjudicada ficou 75 vezes abaixo do limite previsto no âmbito do concurso.

Fonte do setor explica que o preço de 62 euros por MWh não é particularmente atrativo, tendo em conta que o custo de construção de um digestor, necessário à sua produção, ronda os 120 euros por MWh.

No que diz respeito ao hidrogénio verde, a quantidade máxima a adjudicar era de 120 GWh por ano. Aqui, os resultados foram muito diferentes.

No conjunto dos dois sub-lotes nos quais a DGEG divide os vencedores, foram adjudicados 119.280 MWh por ano de hidrogénio renovável, ao preço de 127 euros por MWh, correspondendo desta forma à fasquia que havia sido colocada para este gás.

O primeiro conjunto de vencedores, destinado a injetar gás na rede nacional de transporte, inclui a Winptx, que ficou com 30.000 MWh por ano; a Ptsunhydrogen, que arrecadou duas vezes o volume de 11.029 MWh por ano; e a Marte Boémio Unipessoal, que se compromete a fornecer 7.000 MWh por ano.

O segundo grupo, cujo gás tem como destino a rede nacional de distribuição, é liderado pela HyChem, que se compromete com 30.000 MWh anuais, seguida da WP2X, que divide a oferta entre 7.000 MWh por ano, que contratará a 127 euros, e 10.500 MWh a 126,99 euros por MWh. Conta-se ainda a CME, que contribui com 7.722 MWh por ano, e a Essential Advantage, que avança com 5.000 MWh.

De acordo com a portaria que enquadra o concurso, os gases renováveis serão contratados pelo Comercializador de Último Recurso Grossista, a Transgás, e este assume ainda os custos com as tarifas de acesso às redes, em particular as de injeção de gases renováveis que possam ser aplicáveis. Os projetos seguem agora para a fase em que serão elaborados e firmados os contratos com este comercializador.

“Esta dotação, assegurada através do Fundo Ambiental, visa criar maior segurança para o desenvolvimento e implementação destas tecnologias inovadoras, ao permitir salvaguardar os investidores de eventuais flutuações de preços”, explicou ao Governo na altura do lançamento.

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