O que é que o BCP tem? Governo já recrutou seis diretores do banco para cargos públicos
Banco liderado por Miguel Maya tornou-se numa importante base de recrutamento dos ministérios da Economia e das Finanças. Mas o que tem o BCP?
O BCP tornou-se numa importante base de recrutamento para o Governo de Luís Montenegro. Pelo menos seis diretores de topo do banco foram nomeados no último ano para cargos de relevo e decisão tanto no seio do Executivo como em empresas públicas. Uma situação algo inusitada que Ministério das Finanças e Ministério da Economia, os dois ministérios responsáveis por estas escolhas, desvalorizam.
O próprio ministro da Economia, Pedro Reis, foi quadro do BCP durante vários anos na última década: começou em 2014 por ser assessor sénior da comissão executiva liderada por Nuno Amado, tendo saído do banco em 2021 quando tinha a Direção de Banca Institucional sob a sua alçada, de acordo com as informações que partilha na sua conta na rede social LinkedIn.
Embora não tenha passado diretamente do banco para o Governo, a passagem de Pedro Reis pelo BCP poderá ajudar a explicar algumas das nomeações que tiveram o seu dedo, seja pelo conhecimento acerca das competências e qualificações das pessoas em causa, como pela confiança e o alinhamento que está normalmente associado a cargos públicos de nomeação política.
Foi do ministro da Economia que partiu a escolha de José Pulido Valente, ex-diretor e coordenador da Direção de Crédito Especializado e Imobiliário do BCP, para liderar o IAPMEI.
Pedro Reis justificou mais tarde esta escolha com a necessidade de renovar a liderança daquela entidade e de trazer uma “nova ambição” para diplomacia económica e atração de investimento.
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Escolhas com base “no mérito”, diz Governo
Além do ministro Pedro Reis, há outro nome ao nível dos membros que compõem o atual elenco governativo chefiado por Luís Montenegro que não soa nada estranho no seio do BCP: José Maria Brandão de Brito.
Antigo economista-chefe e diretor de Sustentabilidade e Criptoativos do banco, José Brandão de Brito aceitou há um ano o convite de Joaquim Miranda Sarmento para ser secretário de Estado do Orçamento, tendo a seu cargo uma das maiores responsabilidades governativas: a elaboração do Orçamento do Estado (OE). Já foi responsável pelo OE deste ano e vai agora preparar o OE para 2026, mas cuja aprovação está rodeada de muita incerteza política.
Mais recentemente o Ministério das Finanças foi recrutar outra ex-economista-chefe do BCP. Márcia Rodrigues, até há pouco tempo diretora do Departamento de Estados Económicos do banco, está a caminho da administração da agência que gere a dívida pública (IGCP), como o ECO avançou em primeira mão.
Sobre a saída de altos quadros para o setor público, o BCP não quis fazer qualquer comentário.
Já os ministérios da Economia e das Finanças sublinham que as escolhas “foram feitas unicamente considerando o mérito, as competências e os percursos profissionais de cada uma das personalidades”, lembrando que todos os nomes foram considerados adequados pela Cresap e passaram no ‘fit and proper’ pelo Banco de Portugal.
Dois desvincularam-se do BCP, restantes podem regressar
O ECO sabe que José Brandão de Brito, Márcia Rodrigues e de José Pulido Valente foram requisitados junto do BCP e estão atualmente em regime de comissão de serviço, pelo que podem regressar ao banco quando terminarem funções e se assim entenderem.
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Mas isso não se aplica a Gonçalo Regalado e Tiago Mateus, que os ministérios de Pedro Reis e Miranda Sarmento designaram recentemente para CEO e administrador do Banco Português de Fomento (BPF) — que já tinha apontado outro ex-diretor do BCP, Rui Fernando Teixeira, para a Sociedade de Garantia Mútua.
Quanto a Gonçalo Regelado e Tiago Mateus, que têm a missão de dar uma segunda vida ao BPF, terminaram a sua relação contratual com o BCP, seguindo uma recomendação do Banco de Portugal.
Quando saírem do BPF, já não regressarão aos cargos de Chief of Marketing Officer PME e de diretor de CRM e Customer Intelligence que tinham na origem, respetivamente.
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