Novo Governo? Centeno sem “nenhum sentimento adicional” sobre segundo mandato no Banco de Portugal

Relação tensa com Executivo de Montenegro dificultava recondução à frente do Banco de Portugal, mas, e perante a crise, Centeno afirma-se sem sentimentos adicionais sobre uma eventual recondução.

Perante a crise política e a convocação de eleições legislativas antecipadas, o governador do Banco de Portugal (BdP) manifesta-se sem sentimentos adicionais em relação ao seu futuro à frente da instituição. O atual mandato de Mário Centeno termina em julho e os portugueses irão às urnas em maio, pelo que se abre uma brecha para uma eventual recondução caso o próximo Governo não seja liderado pela Aliança Democrática (AD).

Mário Centeno, que chegou a ser apontado como um dos favoritos do PS na corrida à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa em Belém, tem reiterado o compromisso com as funções que desempenha e sinalizado estar disponível para um segundo mandato. Por seu lado, o Governo tem considerado ser extemporâneo tomar uma decisão sobre a nomeação, mas a relação com o Executivo liderado por Luís Montenegro nunca foi pacífica, particularmente com o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, tornando difícil uma recondução.

Esta quinta-feira, quando questionado pelos jornalistas sobre se perante o atual cenário de crise e eleições se sentia mais confiante na possibilidade de ser reconduzido, Mário Centeno reiterou que a instituição está a desempenhar o seu papel.

O que estamos a fazer no BdP, e o que estou a fazer, é desempenhar as funções do Banco, que passam por mim, da melhor forma que sei fazer e nesse sentido quando e quem tiver de fazer a avaliação o fará“, disse na conferência de imprensa de apresentação do “Boletim Económico de março”, no Museu do Dinheiro em Lisboa, acrescentando: “Não tenho nenhum sentimento adicional em relação a essa questão“.

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno. TIAGO PETINGA/LUSATIAGO PETINGA/LUSA

O país vai para as terceiras legislativas em quatro anos, depois do Presidente da República ter marcado eleições para o dia 18 de maio, na sequência do chumbo da moção de confiança apresentada pelo Governo da AD. A crise política teve origem em fevereiro, após serem divulgadas as primeiras notícias sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva.

Em janeiro, o governador do Banco de Portugal anunciou que não iria candidatar-se à Presidência da República em 2026, colocando fim ao tabu, após meses a ser apontado como um dos putativos candidatos e surgir como bem posicionado nas sondagens. “Não vou ser candidato à Presidência da República. Não vou apresentar nenhuma candidatura à Presidência da República. Não está no meu horizonte que isso aconteça”, afirmou Mário Centeno, no programa “Grande Entrevista” da RTP3.

Na altura, quando questionado sobre um segundo mandato garantiu: “Nunca desempenhei as minhas funções para passar com dez. O foco é esse“. Porém, reconheceu que a sua “expectativa é irrelevante para o tema”, já que não está nas suas mãos.

Um dia depois, o ministro das Finanças indicou que o Governo faria a sua “reflexão” e tomaria “uma decisão quando o mandato se estiver a aproximar do final“.

Ainda faltam seis meses e é extemporânea qualquer notícia que possa existir sobre essa matéria“, disse o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, em janeiro.

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