Lucro da Galp cai 41% no primeiro trimestre para 192 milhões de euros
A petrolífera portuguesa justifica a quebra nos resultados com as paragens para manutenção em unidades de produção no Brasil e com a queda nas margens de refinação no arranque do ano.
A Galp Energia arrancou o ano com lucros de 192 milhões de euros, o que representa uma descida de 41% face aos primeiros três meses do ano passado. Segundo a empresa, reflete o aumento das paragens programadas para manutenção em unidades de produção no Brasil e a diminuição das margens de refinação internacionais.
Há duas semanas, no tradicional trading update, o grupo já tinha reportado uma queda de 53% da margem de refinação para 5,6 dólares por barril (vs. 12 dólares no período homólogo), refletindo o impacto da conjuntura internacional sobre o setor energético.
De acordo com a informação enviada esta segunda-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o lucro da petrolífera antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de 669 milhões de euros entre janeiro e março, 29% abaixo do que tinha registado no mesmo período do ano passado.
A descida neste indicador ficou “em linha” com a diminuição nos resultados das duas principais áreas de negócios da Galp: a exploração e produção de petróleo (upstream) no Brasil – cujo Ebitda caiu 32% para 385 milhões -; e o industrial & midstream (onde se inclui a refinação), que teve uma queda de 28% para 218 milhões.
O negócio comercial, que inclui a venda de combustível nas bombas, registou um “trimestre positivo nas vendas”, tanto de produtos petrolíferos como de gás natural e eletricidade, beneficiando do aumento do número de clientes e da expansão da rede de carregamento de veículos elétricos. O Ebitda desta área cifrou-se em 61 milhões, equivalente a uma ligeira redução de 2%.
Já a unidade de negócios das renováveis diminuiu ligeiramente a produção, o que, assinala, seria “previsível num dos trimestres mais chuvosos de que há registo nos últimos anos”. No entanto, frisa que “uma gestão mais ativa da produção, com uma forte aposta no mercado dos serviços de sistema, permitiu sustentar o preço médio de venda”, o que resultou numa melhoria de 12% no Ebitda da área para um total de 10 milhões de euros.
Apesar deste ter sido o primeiro trimestre com a maior queda nos lucros dos últimos três exercícios, citados em comunicado, Maria João Carioca e João Diogo Marques da Silva, que vão continuar como co-CEO até ao final do mandato em 2026, descrevem “um início de 2025 sólido para a Galp, revelando resiliência operacional num ambiente de mercado cada vez mais volátil”.
“Os sólidos desempenhos em todos os negócios e a conclusão bem-sucedida do desinvestimento na participação na Área 4, em Moçambique, colocaram a Galp numa posição privilegiada para reforçar ainda mais a sua posição ao longo do ano. O nosso foco na execução manteve-se forte, progredindo com os nossos projetos de crescimento e transformação, incluindo a conclusão bem-sucedida de mais um poço na Namíbia“, apontam os gestores.
É um início de 2025 sólido para a Galp, revelando resiliência operacional num ambiente de mercado cada vez mais volátil.
Em termos operacionais, a produção total de petróleo e gás da Galp no Brasil diminuiu 3% para 104 mil barris diários. Apesar disso, a Galp mantém as metas de produção média até ao final do ano, sublinhando que em três meses foram concluídas 40% das operações de manutenção previstas para o total do ano.
Em Portugal, a refinaria de Sines exportou 31% dos volumes produzidos e a rede
de carregamento de veículos elétricos cresceu para 6.900 pontos. No gás e eletricidade diz ter atingido pela primeira vez a marca de 430 mil clientes no país, enquanto na divisão das renováveis assinalou entrada em operação da sua primeira bateria de grande escala no parque fotovoltaico de Alcoutim.
A empresa, que no final de março contabilizava a estabilização da dívida em 1.200 milhões de euros, espera efetuar durante o segundo trimestre deste ano um segundo pagamento interino de dividendo relativo aos resultados de 2024, no valor de 34 cêntimos por ação, que ainda depende da aprovação dos acionistas na assembleia geral agendada para 9 de maio.
Entre janeiro e março deste ano, a Galp investiu um total de 295 milhões de euros, o equivalente a 1,5 vezes do resultado líquido. A maior parte desse valor foi para a avaliação das reservas de petróleo na Namíbia, para o projeto Bacalhau (Brasil) e para a construção das unidades de produção de hidrogénio verde e de biocombustíveis avançados em Sines, que deverão começar a operar já no próximo ano.
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