Governo prepara leilão para ter centrais elétricas e armazenamento a ‘emprestarem’ mais resiliência
A ministra do Ambiente quer que, em paralelo com Espanha, o país reúna em concurso centrais elétricas e armazenamento para servirem de 'seguro' em caso de desequilíbrios no sistema elétrico.
A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, indica que o Governo está a preparar, em conjunto com Espanha, um leilão para aumentar a capacidade de garantia de potência e armazenamento. A ideia é selecionar as centrais elétricas e sistemas de armazenamento que estejam dispostos a serem chamados a equilibrar o sistema se necessário, em troca de um pagamento fixo.
Ao concurso poderão concorrer baterias e centrais térmicas a gás natural ou hídricas, sendo que estas últimas também podem ter sistemas de armazenamento, designados ‘bombagem’. “Haverá uma seleção técnica daquelas que são mais úteis, eficientes e que oferecem um preço mais razoável para aumentarmos a resiliência” do sistema elétrico, avança a ministra, em declarações ao ECO/Capital Verde.
Questionada sobre se isto significa que a Península Ibérica está aberta à construção de novas centrais a gás, a ministra rejeita, afirmando que o objetivo é receber candidaturas por parte das centrais já existentes.
Este procedimento estava a ser estudado já antes do apagão de segunda-feira, no âmbito de um grupo de trabalho ibérico, do qual fazem parte os secretários de Estado da Energia de Portugal e Espanha e os respetivos diretores gerais da Energia. “Estamos integrados o mercado ibérico mas não podemos deixar de acompanhar Espanha neste sistema”, afirma a ministra.
No entanto, Espanha está mais adiantada nos trabalhos, que deste lado da fronteira foram afetados pela queda do Governo, indica Maria da Graça Carvalho. O país vizinho já avançou com uma consulta pública.
De momento, em Portugal, a central da Tapada do Outeiro é um exemplo de uma unidade com garantia de potência. Maria da Graça Carvalho indica que no conjunto de serviços oferecidos por esta central, que incluem garantia de potência e o sistema blackstart (que permite reiniciar o sistema elétrico quando falha), a Tapada do Outeiro recebe 1,7 milhões de euros mensais.
Ligação a França é prioridade, mas também há interesse de Marrocos
“Já várias vezes fomos contactados por Marrocos nesse sentido [de criar uma interligação]“, assume a ministra da tutela, ressalvando que o custo benefício ainda não está estudado, e que a interligação com este país africano seria “dispendiosa”. Contudo, “é uma questão a considerar”, afere.
“Mais racional é a ligação da Península Ibérica com França, pelo que vamos continuar a pressão conjunta”, garante ainda a ministra, assumindo que uma interligação com França poderia ter permitido uma recuperação mais rápida do apagão. Maria da Graça Carvalho espera que este “episódio grave” permita avançar nas negociações, que se arrastam há anos.
REN tem funcionado “como se fosse pública”
“Não vejo grande diferença de ter uma REN pública ou privada na resolução destes problemas [do apagão]. Neste caso funcionou bem. Nesta crise, foram essenciais“, balança a ministra, elogiando o “profissionalismo” e “cooperação” da parte da empresa. Ainda assim, entende que uma infraestrutura crítica como são as redes elétricas “do ponto de vista teórico, deva ser pública”, por questões de soberania, e para prevenir casos de eventos como conflitos internacionais.
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