IGAS abre inspeção na ULS de Gaia/Espinho sobre cirurgias ‘fora de horas’ depois de denúncias contra ex-presidente
Processo foi instaurado no início de junho de 2024 e agrega várias denúncias sobre a Unidade Local de Saúde de Gaia/Espinho, incluindo o anterior presidente do conselho de administração.
A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) instaurou um processo de averiguação à Unidade Local de Saúde de Gaia/Espinho por suspeitas de acumulação de funções, conflito de interesses e atividade cirúrgica realizadas fora do horário regular. Em causa estão denúncias contra o anterior presidente do conselho de administração, Rui Guimarães.
A informação consta de uma nota divulgada no site daquela entidade e revela que o processo foi instaurado em 4 de junho de 2024 por despacho do inspetor da IGAS, encontrando-se em fase de desenvolvimento.
“O processo de inspeção 057/2024-INS agrega várias denúncias recebidas nesta Inspeção-geral sobre a referida entidade, incluindo o anterior presidente do conselho de administração”, refere.
De acordo com o Observador, Rui Guimarães faturou cerca de 52 mil euros em três anos em cirurgias fora do horário regular ao abrigo do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), mecanismo para reduzir o excesso de doentes em lista de espera. Segundo aquele jornal, o médico trabalhava aos sábados no Hospital de Gaia quando, ao mesmo tempo, liderava a própria unidade hospitalar. Por cada sábado ganhava cerca de 1.700 euros.
Rui Guimarães foi um dos presidentes de conselhos de administração afastado pelo Governo em fevereiro. O médico foi nomeado diretor clínico do Hospital de Barcelos durante o Governo de Pedro Passos Coelho, tendo sido nomeado CEO do Centro Hospital de Gaia/Espinho durante o Governo de António Costa.
Em declarações ao site da AESE como alumnus do PADIS – Programa de Alta Direção de Instituições de Saúde, Rui Guimarães apontou como principais conquistas “sentir o privilégio de ver o” seu “centro hospitalar reconhecido pelo que tem feito durante a pandemia”.
“Sentir orgulho em vestir a mesma camisola que as nossas equipas. Reduzir os tempos de espera dos doentes. Criar melhores infraestruturas, nomeadamente novo serviço de medicina intensiva construído em 90 dias. Sentir o reconhecimento e apreço da nossa população pelos nossos profissionais”, afirmou o médico.
O peso das cirurgias no SNS realizadas fora do horário regular disparou nos últimos cinco anos e, em 2024, já representavam 32,6% do total das operações nos hospitais públicos, tendo superado as 239 mil intervenções, de acordo com dados da Direção Executiva do SNS disponibilizados ao ECO.
Nos últimos cinco anos (terminados em 2024), as cirurgias realizadas fora de horas representaram cerca de 26% das cirurgias totais realizadas nos hospitais públicos, tendo registado um aumento todos os anos ao longo deste período. Os dados revelam que o número de cirurgias “fora de horas”, contratualizada pelo Conselho de Administração com os diretores de serviços, aumentou 21% em 2024 face a 2023 e 170,36% face a 2020.
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