Avião Boeing 787 que transportava 242 pessoas despenha-se na Índia com sete portugueses a bordo

  • ECO e Lusa
  • 12 Junho 2025

Um avião Boeing 787-8 Dreamliner despenhou-se esta quinta-feira no aeroporto de Ahmedabad, no oeste da Índia. Trazia sete portugueses a bordo. As ações da fabricante estão sob forte pressão na bolsa.

Um avião Boeing 787 com 242 pessoas a bordo, entre as quais sete com nacionalidade portuguesa, despenhou-se esta quinta-feira numa zona residencial periférica ao aeroporto de Ahmedabad, no oeste da Índia, de acordo com os bombeiros locais e a imprensa internacional. O acidente ocorreu durante a descolagem e, segundo o ministro da Saúde da Índia, citado pela Reuters, “muitas pessoas” terão morrido.

A Reuters e a Bloomberg avançam que o avião é um Boeing 787-8 Dreamliner, um dos modelos mais modernos da fabricante norte-americana. À luz destas informações, as ações da Boeing estão em forte queda nas negociações antes da abertura das bolsas norte-americanas, com os títulos a corrigirem mais de 7%, para 198,78 dólares.

Segundo a imprensa internacional, o avião tinha como destino o aeroporto de Gatwick, em Londres. Um espesso fumo negro elevou-se sobre o aeroporto da cidade, no estado de Gujarat, segundo a agência de notícias AFP, levando à suspensão imediata das operações aeroportuárias na cidade.

Entretanto, a Air India anunciou em Nova Deli que um avião da companhia que fazia o voo AI171, entre Ahmedabad e Londres, estava envolvido num acidente. A AirIndia é detida pelo Grupo Tata.

O incidente, confirmado pela própria companhia e pelas autoridades indianas, ocorreu às 13h38 locais, poucos minutos após a descolagem. A tripulação chegou a emitir um pedido de socorro (“Mayday”) para a torre de controlo, mas o contacto perdeu-se de imediato.

Segundo a Air India, entre os 242 passageiros e tripulação, 169 são de nacionalidade indiana, 53 britânicos, um canadiano e sete portugueses. Havia 11 crianças a bordo.

Numa conferência de imprensa, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Emídio Sousa, disse que os sete portugueses a bordo serão “cidadãos com dupla nacionalidade”. “Já temos a lista de passageiros e os nomes não são de origem portuguesa. Não conseguimos saber se são da mesma família ou não. Provavelmente até residiriam em permanência em Inglaterra”, disse.

O governante português afirmou ainda que “haverá sobreviventes” que estarão a ser “tratados nos hospitais”, aproveitando para dar “condolências a todos os familiares das pessoas que faleceram”.

“Quero expressar votos de pesar e profunda solidariedade para com os familiares das vítimas”, reagiu, por sua vez, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, numa publicação na rede social X.

Entretanto, as equipas de socorro recuperaram 204 corpos do local do acidente: “Recuperámos 204 corpos e 41 pessoas estão atualmente a ser tratadas”, disse o chefe da polícia, GS Malik à agência de notícias France-Presse (AFP). Malik esclareceu que o número inclui os membros da tripulação e os passageiros (242) do avião, bem como as vítimas no local onde se despenhou.

Já temos a lista de passageiros e os nomes [dos sete portugueses] não são de origem portuguesa. Não conseguimos saber se são da mesma família ou não.

Emídio Sousa

Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas

Uma companhia marcada por acidentes fatais

O acidente de Ahmedabad é o mais recente de uma lista de tragédias que têm marcado a história da Air India e da sua subsidiária Air India Express. Os registos apontam para pelo menos sete acidentes fatais significativos desde 1966, que resultaram em mais de 850 mortes confirmadas, colocando a companhia entre as mais afetadas por fatalidades na aviação mundial.

Principais acidentes na história da Air India:

  • 24 de janeiro de 1966: Um Boeing 707, batizado de “Kanchenjunga”, colide com a montanha Monte Branco em França, nos Alpes, provocando 117 mortos.
  • 1 de janeiro de 1978: Um Boeing 747 cai no Mar da Arábia após falha de instrumentos, provocando 213 mortos.
  • 21 de junho de 1982: Acidente no aeroporto de Bombaim em condições meteorológicas adversas, gerando 17 mortos.
  • 23 de junho de 1985: Explosão em pleno voo ao largo da Irlanda de um avião com partida de Toronto com destino a Londres, com continuação até Mumbai. O desastre foi provocado pelo rebentamento de uma bomba a bordo por parte de terroristas, provocando a morte a 329 pessoas. Foi o acidente mais mortal da companhia e o maior atentado aéreo da história do Canadá.
  • 22 de maio de 2010: Um Boeing 737-800 da subsidiária da Air India, a Air India Express 812, ultrapassa a pista em Mangalore e cai numa ravina, provocando a morte 158 pessoas.
  • 7 de agosto de 2020: Um Boeing 737-800 da Air India Express sai da pista durante a aterragem em Kozhikode, provocando 18 mortos.
  • 12 de junho de 2025: Acidente em Ahmedabad, com o número de vítimas ainda por confirmar.

Este histórico evidencia não só a dimensão das perdas humanas, mas também a diversidade das causas, desde erros de navegação, falhas técnicas e condições meteorológicas adversas até ataques terroristas. O acidente de 1985 permanece como um dos episódios mais trágicos da aviação mundial, tendo resultado da explosão de uma bomba a bordo, num contexto de tensões políticas e religiosas.

Após a década de 2010, a Índia implementou reformas significativas na regulação da aviação, com reforço do treino de pilotos, endurecimento das regras de operação e investimentos em infraestruturas aeroportuárias. Ainda assim, o acidente desta quinta-feira em Ahmedabad vem reabrir o debate sobre a eficácia destas medidas e a robustez dos mecanismos de prevenção e resposta a emergências em voos comerciais de longo curso.

A Air India, que já foi símbolo do progresso tecnológico e económico indiano, enfrenta mais uma vez o escrutínio público e o desafio de restaurar a confiança dos passageiros e investidores.

A resposta das autoridades foi imediata. O ministro da Aviação Civil, Ram Mohan Naidu, deslocou-se ao local, e o Governo central prometeu apoio total às equipas de resgate e às famílias das vítimas. O presidente da Air India, Natarajan Chandrasekaran, garantiu a mobilização de equipas de apoio e centros de emergência, numa tentativa de gerir a crise e limitar danos reputacionais.

O setor da aviação comercial indiana enfrenta, assim, um novo teste à sua credibilidade e capacidade de resposta. O historial da Air India, agora agravado por mais uma tragédia, coloca pressão adicional sobre reguladores, operadores e fabricantes para reforçarem os padrões de segurança e a transparência na comunicação de incidentes.

A investigação ao acidente está a cargo do Aircraft Accident Investigation Bureau da Índia, que já destacou equipas técnicas para o local. A prioridade passa agora pela identificação das vítimas, apoio às famílias e apuramento das causas, numa operação que se antevê complexa devido à magnitude do incêndio e à extensão dos destroços.

A Air India, que já foi símbolo do progresso tecnológico e económico indiano, enfrenta mais uma vez o escrutínio público e o desafio de restaurar a confiança dos passageiros e investidores. O desfecho desta crise poderá determinar o ritmo e a profundidade das próximas reformas no setor da aviação indiana.

(Notícia atualizada pela última vez às 14h38)

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