Lone Star vende Novobanco aos franceses do BPCE por 6,4 mil milhões
Fundo americano confirma venda aos franceses numa transação que avalia 100% banco em 6,4 mil milhões de euros. Fala na "maior aquisição transnacional na zona euro em mais de 10 anos".
A Lone Star assinou um Memorando de Entendimento para vender o Novobanco ao franceses do Groupe BPCE numa transação que avalia 100% do banco em 6,4 mil milhões de euros, segundo anunciou esta sexta-feira ao mercado, confirmando a notícia avançada pelo ECO em primeira mão.
“O Novo Banco, S.A. («novobanco» ou o «Banco») anuncia que o seu acionista maioritário, a Nani Holdings S.à r.l. («Nani Holdings»), assinou um Memorando de Entendimento para a venda do novobanco à BPCE, por um valor em dinheiro a pagar no momento do fecho da transação, que avalia 100% do capital social em cerca de 6,4 mil milhões de euros no final de 2025“, informou, em comunicado publicado no site da CMVM.
O Groupe BPCE, o segundo maior banco francês e o quarto maior europeu, confirmou também em comunicado que “a transação, representando um montante de aproximadamente (para 100% do capital) e um múltiplo de cerca de nove vezes os ganhos anuais, é a maior aquisição transnacional na zona euro em mais de 10 anos“.
“No seguimento da criação da BPCE Equipment Solutions no início deste ano, este projeto representa uma nova fase chave da execução do plano estratégico “Vision 2030”, orientado para o desenvolvimento e a diversificação do BPCE em França, na Europa e no resto do mundo”, adiantou. “Após a conclusão da transação, Portugal tornar-se-ia o segundo maior mercado retalhista nacional do Grupo”.
O BPCE adiantou que está “em conversações com o Governo português e o Fundo de Resolução Bancária com vista à aquisição das suas participações no Novobanco (11,5% e 13,5%, respetivamente), em condições idênticas”. Algo que já foi, entretanto, confirmado pelo Ministério das Finanças.
“O BPCE procederá às consultas necessárias com os organismos representativos dos trabalhadores para assinar o contrato de aquisição”, informou. “A conclusão do projeto está prevista para o primeiro semestre de 2026”.
Os franceses, que já têm uma forte presença em Portugal através do centro de desenvolvimento tecnológico da Natixis, localizado no Porto, bateram a concorrência espanhola do Caixabank (dono do BPI) — e que tinha a oposição do Governo português.
Nicolas Namias, CEO do BPCE, referiu no comunicado que “detentor de quotas de mercado de cerca de 9% junto de particulares e de cerca de 14% junto de empresas, o Novobanco possui excelentes bases, um forte potencial de crescimento e um nível de rentabilidade já elevado”.
“Importante ator da banca de proximidade em França, graças às redes bancárias Banque Populaire e Caisse d’Epargne, o BPCE tornar-se-á um ator da banca de retalho na Europa com a aquisição do Novobanco e participará ativamente no financiamento da economia portuguesa”, adiantou.
Nemias sublinhou que as condições financeiras da transação “refletem uma abordagem de avaliação disciplinada e rigorosa, bem como a nossa confiança na capacidade do Novobanco para criar valor ao longo do tempo”.
Para trás ficou ainda a ideia de vender o Novobanco na bolsa de Lisboa, opção que a administração do banco, liderada por Mark Bourke, tinha vindo a trabalhar nos últimos meses.
Mark Bourke, CEO do Novobanco, referiu, também em comunicado, que o acordo “marca um momento decisivo na trajetória do banco e um forte reconhecimento da transformação que alcançámos”.
“Ao tornar-se parte do BPCE, o Novobanco passa a ter acesso à força e profundidade de uma das potências financeiras da Europa”, numa transação que reforça a capacidade de servir as famílias e as empresas portuguesas, e “aprofunda o compromisso com a economia nacional e garante um futuro a longo prazo baseado na força, na confiança e na ambição partilhada”.
“É um grande momento para o Novobanco, e agora avançamos com confiança renovada e clareza de objetivos”, concluiu.
Americanos multiplicam investimento por 5 vezes
A Lone Star adquiriu uma participação de 75% no Novobanco em outubro de 2017, a troco de uma injeção de mil milhões de euros no banco para reforçar os rácios.
Confirmando-se os valores do negócio, o fundo americano poderá encaixar mais de cinco mil milhões de euros e multiplicar o seu investimento por mais de cinco vezes no espaço de quase oito anos.
Os restantes 25% de capital do Novobanco estão na esfera pública, designadamente do Fundo de Resolução (13,54%) e da Direção-Geral do Tesouro e Finanças (11,46%), e que podem receber 975 milhões de euros e 825 milhões, respetivamente.
No âmbito de um acordo celebrado em dezembro, Fundo de Resolução e DGTF são obrigados a vender a sua participação se a Lone Star acordar a venda de mais de 75% da sua posição – o fundo americano pode acionar a “drag option” em caso de venda direta. Nessa situação, os dois acionistas públicos também beneficiarão das mesmas condições de venda da Lone Star, incluindo o preço que os franceses pagarem, através do mecanismo de “tag along”.
3,3 mil milhões para dar ao acionista em 3 anos
Com mais de 4.200 trabalhadores e quase 300 balcões, o Novobanco registou lucros de 177,2 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, menos 1,9% em comparação com o mesmo período do ano passado, com o resultado a ser penalizado pela contração da margem financeira.
É o quarto maior banco a operar em Portugal, atrás da Caixa, BCP e Santander, com uma quota de mercado ligeiramente acima de 9%.
Segundo anunciou em março, conseguirá obter lucros suficientes para entregar 3,3 mil milhões de euros aos acionistas nos próximos três anos.
(Notícia atualizada às 08h55)
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