Membros da Fed divididos sobre corte de juros nos EUA

Christopher Waller mostrou-se aberto a um corte de juros já em julho, enquanto Tom Barkin manteve um tom mais reservado, mostrando-se confortável com o nível atual de juros.

A Reserva Federal dos EUA (Fed) tem resistido à pressão de Donald Trump para cortar juros. Mas depois de ter mantido esta semana a taxa dos fundos federais num intervalo entre 4,25% e 4,5%, começam a existir opiniões divergentes dentro da instituição sobre a política de juros futura nos Estados Unidos.

Dois membros da Fed fizeram declarações contraditórias esta sexta-feira sobre as taxas de juro no país. O governador Christopher Waller afirmou que não espera que as tarifas aumentem significativamente a inflação, defendendo que a autoridade monetária do país pode cortar juros já no próximo mês.

Sou totalmente a favor de dizer que talvez devêssemos começar a pensar em cortar a taxa de juro na próxima reunião, porque não queremos esperar até que o mercado laboral caia antes de começarmos a cortar juros”, afirmou o responsável esta sexta-feira, à CNBC.

Já o presidente da Fed de Richmont, Tom Barkin, em declarações à Reuters, mostrou uma postura bem mais conservadora, em linha com o que tem sido mostrado por Jerome Powell. O membro da Fed argumenta que a inflação continua acima do objetivo de 2% e o tema das tarifas continua por resolver e a taxa de desemprego está num nível baixo, em 4,2%. Ou seja, Barkin, tal como o presidente da Fed, não vê urgência para descer juros.

“Nada está a acontecer de nenhum dos lados que sugira que há pressa em agir”, defendeu Barkin. “Não estou com disposição para ignorar um pico de inflação, caso ele aconteça… Teremos de ver se acontece”, acrescentou, mostrando-se “confortável” com o nível de juros atual.

“A inflação core ainda está acima da meta. Ser um pouco restritivo é uma boa maneira de lidar com isso”, rematou o responsável.

Jerome Powell disse esta semana que “enquanto tivermos o tipo de mercado de trabalho que temos e a inflação a descer, o certo a fazer é manter as taxas”, sublinhando inclusive que “o mercado de trabalho não está a clamar por uma redução das taxas de juro.” Além disso, salientou que “em comparação com setembro de 2024, quando reduzimos as taxas, a previsão de inflação para o ano atual é de uma inflação mais elevada devido às tarifas.”

O presidente da Fed tem-se mantido inflexível às pressões do presidente dos EUA, que tem apelado diretamente a Powell para cortar juros, disparando mesmo insultos contra o responsável máximo do banco central norte-americano.

Antes da reunião desta quarta, dia 17 de junho, Trump chamou “estúpido” e “politizado” a Powell, poucas horas antes da decisão da instituição sobre as taxas de juro. “Não há inflação [nos Estados Unidos] e, portanto, gostaria de ver as taxas baixarem”, disse o líder da Casa Branca, enquanto fingia questionar-se se poderia nomear-se a si próprio para o cargo de presidente da Fed.

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