Empresas de betão exigem construção segura e mais peso nos camiões
Com 230 centrais de betão pronto, a indústria fatura 700 milhões de euros e assegura 2.600 empregos, mostram os dados da APEB. Setor reúne na quinta-feira em Santarém.
Apertar a fiscalização nas obras, construir de forma mais segura, reduzir a pegada ecológica e aumentar o peso máximo das betoneiras de 32 para 36 toneladas. Estas são as quatro grandes prioridades do setor do betão.
Em declarações ao ECO, o presidente da Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto (APEB), Luís Goucha, alerta que estes problemas afetam a eficiência da operação e a rentabilidade das empresas do setor que fatura 700 milhões de euros e assegura 2.600 empregos.
Os grandes desafios passam por “tornar o setor mais moderno“, “garantir que existem condições de segurança para que o acidente seja limitado a zero“, olhar para a sustentabilidade como uma obrigação, muito mais do que uma responsabilidade” e que a “lei passe a ser cumprida de forma a garantir que as construções têm mais qualidade e são mais controladas”, resume o líder da APEB. Estes serão alguns dos temas que vão estar em discussão na quinta-feira em Santarém, dia que assinala a 6.ª edição do Dia do Betão.
Da segurança à falta de fiscalização
O presidente da associação que reúne empresas como a Mota-Engil, Secil, Alves Ribeiro e Betão Liz, realça que “apesar de ter melhorado nos últimos anos, Portugal continua a ter um índice de acidentes bastante elevado face à média europeia”, destacando que é “necessário garantir que a prevenção existe”. Enumera que os acidentes não ocorrem apenas nas 230 centrais de betão pronto, mas também nas obras já que 99% dos operadores entregam o material na obra.
Portugal continua a ter um índice de acidentes bastante elevado face à média europeia (…) é necessário garantir que a prevenção existe.
“A segurança do trabalho é um assunto que nos preocupa bastante”, refere Luís Goucha, exemplificando que foi nesse sentido que a APEB criou há dois ou três anos um comité de segurança que reúne todos os meses os responsáveis de segurança das várias empresas. “Compartilharmos as boas práticas e garantirmos que, de facto, temos mais segurança nas nossas operações e refletimos também sobre essa área”, destacando que a “segurança é um super valor”.
A sustentabilidade é outra das preocupações do líder da associação que diz mesmo que é imprescindível “passar do discurso para prática”. Enumera que o “setor tem que ser mais eficiente na utilização de água, desde a água que é colocada na composição até à água que é usada para as lavagens”.

Apesar de a indústria cimenteira ter um “plano bastante agressivo de descarbonização”, Luís Goucha refere que “grande parte das emissões de CO2 vem do cimento” e que o setor tem de estar preparado para os desafios.
O peso máximo autorizado para autobetoneiras em Portugal é de 32 toneladas, a APEB propõe um aumento proporcional para 36 toneladas. “Era importante que fosse considerada essa alteração, não só para reduzirmos as emissões de CO2, mas todo o processo logístico se tornava bastante mais simples”, diz o líder da associação, contabilizando que o setor tem 1.500 autobetoneiras e 320 autobombas de betão.
Luís Goucha pede ainda que a “legislação seja cumprida” no que respeita à fiscalização das obras por parte das câmaras municipais e da ASAE. “É necessário haver um controlo eficaz à qualidade do betão aplicado e nem sempre a lei é cumprida“, lamenta. “Estamos a falar de riscos para os próprios edifícios e de todos nós (…) pedimos a intervenção do Estado para fazer cumprir a lei, que é indispensável”.
Neste momento grande parte das obras não estão a cumprir a lei.
“Neste momento grande parte das obras não estão a cumprir a lei”, realça o líder da APEB, destacado que cabe às entidades oficiais garantir que essa fiscalização é feita.
A APEB foi criada em Lisboa em 1985 e representa as principais empresas de betão pronto de Portugal, constituindo-se como uma das associações mais relevantes do setor da construção.
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