Falta de produtividade está a deixar União Europeia “para trás”, avalia Nobel da Economia

James A. Robinson questiona se o bloco comunitário quer “apenas a integração económica ou visa uma espécie de integração política mais profunda”, contestado a “falta de clareza" sobre o projeto.

James A. Robinson, que em outubro do ano passado foi distinguido com o prémio Nobel da Economia, a par de Daron Acemoglu e Simon Johnson, pelo trabalho desenvolvido para estudar o papel das instituições na prosperidade e na pobreza das nações, lamenta a “falta de clareza sobre o que é a União Europeia e [o seu] projeto coletivo”

“Onde é que isto vai parar? Qual o objetivo final da UE? Nem sequer sei a resposta a essa pergunta. Parece-me que seria bom perceber melhor quais são os seus objetivos. Será que é apenas a integração económica ou estará a visar uma espécie de integração política mais profunda? E, em caso positivo, que forma é que isso assume? Penso que isso não está suficientemente bem articulado”, referiu.

Durante uma intervenção na conferência anual da Associação Business Roundtable Portugal (BRP), no Porto, o coautor de livros influentes como “Porque falham as Nações” (2012) ou “O Equilíbrio do Poder” (2019) sublinhou que “há uma consciencialização de que a União Europeia está a ficar para trás” face aos competidores internacionais e que “isso tem a ver com a produtividade”.

Fazendo a distinção entre “instituições inclusivas e extrativas”, o economista e cientista político aludiu ao impacto que têm no desenvolvimento dos países, dando o exemplo das duas Coreias. Se “há 50 anos estavam muito próximas”, hoje o Sul é próspero enquanto o Norte está “estagnado” devido às instituições “muito diferentes (…) que empurram as pessoas numa direção ou noutra”.

“Foram países criados artificialmente. A divisão que focamos aqui não é capitalismo vs. comunismo. É o facto de um sistema ser extrativo [da riqueza], no sentido em que as instituições económicas favorecem uma elite”; e o outro ser inclusivo, com distribuição para a sociedade”, completou James A. Robinson durante a mesma intervenção na Casa da Música.

Por outro lado, o laureado com o prémio Nobel da Economia em 2024 deu ainda o exemplo dos países da América Latina, onde as instituições “fracas” fazem inclusive com que o processo democrático seja “desapontante” em relação às expectativas que tinham sido criadas há algumas décadas.

“Vejo países que conheço bem, como na América Latina, onde há um retrocesso da democracia. Quando ela chegou, prometeram-se mundos e fundos às pessoas. Pensaram que tudo ia mudar, que a sociedade ia ser revolucionada e os problemas iam desaparecer”, sustentou Robinson, que nas suas investigações tem demonstrado que as instituições inclusivas reforçam o Estado de Direito, a participação democrática e a proteção de direitos, sendo determinantes para o crescimento económico sustentável.

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