KPMG vê Portugal a crescer quase o dobro da Zona Euro numa economia ameaçada pelas tensões comerciais
Novo estudo da KPMG antecipa um crescimento de 1,7% da economia portuguesa em 2025, acima dos 0,9% projetados para a Zona Euro, com o ambiente económico pressionado pela incerteza geopolítica.
A economia da Zona Euro deverá crescer 0,9% em 2025, com o produto interno bruto de Portugal a subir 1,7% no mesmo período, antecipa um novo estudo da KPMG. Apesar de as previsões da consultora apontarem para uma recuperação “ligeira” dos países do euro, os especialistas avisam que o desfecho das negociações comerciais com os EUA, sobretudo se as conversações falharem, pode afetar a evolução da economia europeia.
“O elevado grau de incerteza sobre o curso da política comercial dos EUA cria uma infinidade de cenários potenciais para a evolução das fricções comerciais, com potencial tanto para vantagens quanto desvantagens para as economias”, alerta o European Economic Outlook – Spring 2025, realizado pela KPMG, ao qual o ECO teve acesso em primeira mão.
O relatório antecipa uma recuperação da economia europeia ligeira em 2025 e 2026, num ambiente marcado por “disparidades significativas entre os países e os setores”.
O elevado grau de incerteza sobre o curso da política comercial dos EUA cria uma infinidade de cenários potenciais para a evolução das fricções comerciais, com potencial tanto para vantagens quanto desvantagens para as economias.
Segundo as previsões da KPMG, a Zona Euro deverá registar um crescimento modesto do PIB, estimado em 0,9% para 2025 e 1,1% em 2026, “refletindo um cenário de reduzida dinâmica económica”, com países como Espanha, Polónia e Irlanda a beneficiarem de uma forte procura interna, de investimentos estratégicos e de mercados de trabalho resilientes, enquanto economias como a Alemanha, França e Itália enfrentam constrangimentos estruturais e fiscais que limitam o seu potencial de crescimento.
Já Portugal vai continuar a destacar-se positivamente, com uma previsão de crescimento do PIB de 1,7% este ano e de 2,3% no próximo.
“A evolução da economia europeia está neste momento dependente de vários fatores, desde a relação comercial com os EUA, e a forma como a Europa irá reagir à evolução das tarifas para bens da UE, até à evolução dos vários conflitos à escala global. Há várias oportunidades que poderão resultar de contextos como o que vivemos, desde logo a expansão do comércio europeu para novas regiões mundiais, a criação de novas fontes de investimento e a reformulação de algumas cadeias de valor e de abastecimento” afirma Miguel Afonso, Partner de Clients & Markets da KPMG Portugal.
Portugal vai continuar a crescer acima da média

O estudo realça que o ambiente económico europeu continua a ser pressionado por um conjunto de incertezas geopolíticas, incluindo tensões comerciais com os EUA, políticas industriais fragmentadas e alguma volatilidade no setor energético. Fatores que contribuem para a perda de competitividade de algumas economias e afetam negativamente o ambiente empresarial.
No que diz respeito à política comercial, a KPMG assume um cenário central que parte do pressuposto que a União Europeia vai chegar a um acordo comercial com os EUA e vai conseguir manter as taxas aduaneiras de 10%, atualmente em vigor.
“O fracasso das negociações poderia dar origem a uma potencial escalada de medidas tarifárias, levando à reimposição de tarifas recíprocas dos EUA”, avisa a KPMG. A consultora explica que assume um cenário negativo que inclui a imposição de uma tarifa de 25% sobre as importações de produtos farmacêuticos dos EUA em todo o mundo, o que seria particularmente prejudicial para as economias da Suíça e da Irlanda.
“Esse cenário poderia resultar em uma queda de 1,4% no nível do PIB em 2026 na Irlanda, bem como uma queda de 0,5% na Suíça, Holanda e Alemanha, em comparação com o nosso cenário principal, onde as tarifas permanecem no nível atual de 10%”, detalha.
Num cenário mais “negro”, em que “UE enfrenta uma tarifa potencial de 50% dos EUA, o impacto é maior, de modo que a redução para o nível do PIB em 2026 poderia variar de 1,8% na Irlanda a 0,6% em Espanha”.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
KPMG vê Portugal a crescer quase o dobro da Zona Euro numa economia ameaçada pelas tensões comerciais
{{ noCommentsLabel }}