Falta de interconexões com Ibéria é ameaça à segurança, mas atrai indústria
A Fundação Francisco Manuel dos Santos aponta as debilidades na segurança energética que a falta de interconexões entre a Ibéria e restante Europa dita. Porém, também permite atrair indústria.
A falta de interconexões entre a Península Ibérica e a restante Europa ameaça a segurança energética do Velho Continente, alerta um recente estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS). Porém, nem tudo são desvantagens. “A ausência de interconexões energéticas oferece uma proteção industrial natural à Península Ibérica”, contrabalança o mesmo.
Estas conclusões fazem parte de um estudo elaborado pela FFMS em parceria com Brookings Institution, intitulado de “A transição energética da Europa: equilibrar o trilema”. O trabalho é assinado pelos investigadores Gonzalo Escribano, João Fachada, Ignacio Urbasos e a ex-secretária de Estado da Energia do último governo PS, chefiado por António Costa, Ana Fontoura Gouveia.
Se existissem mais conexões entre a Península Ibérica e a Europa no momento em que surgiu a última crise energética, que assolou o bloco europeu sobretudo entre 2022 e 2023, “a contribuição da Península Ibérica para a segurança energética teria sido maior”, lê-se no estudo.
A colaboração estreita [entre Portugal e Espanha] na transição energética, nos últimos anos, contribui para solidificar a posição da Península como um hub industrial líder na Europa.
O mesmo indica, em paralelo, que o apagão que se viveu em Portugal e Espanha no passado dia 28 de abril “os analistas têm enfatizado a urgência de acelerar as conexões internacionais”. Neste sentido, os autores entendem que “o elemento segurança — além da dimensão económica — deve ser considerado com ponderação pelos legisladores e atores políticos, daqui em diante“.
Para já, a Península Ibérica é considerada uma “ilha energética”, tendo em conta as fracas ligações com a restante Europa. Mas nem tudo são desvantagens: “a ausência de interconexões energéticas oferece uma proteção industrial natural à Península Ibérica”, escreve o estudo. Isto porque as energias renováveis continuam a ter recordes de preços baixos, pelo que “Portugal e Espanha têm energia verde competitiva em termos de custo que está a atrair indústrias”.
“A colaboração estreita [entre Portugal e Espanha] na transição energética, nos últimos anos, contribui para solidificar a posição da Península como um hub industrial líder na Europa”, reforça o texto. Apesar de os autores não preverem que os países ibéricos atinjam as metas definidas nos seus planos de energia e clima, “a direção é clara” — eletrificação e renováveis.
Contudo, não é só a eletricidade que conta. Ambos os países poderão também, “a longo prazo”, ter um “papel central” no mercado europeu de hidrogénio, dadas as vantagens competitivas no que diz respeito à produção deste gás verde.
Mas não há bela sem senão: os preços baixos podem ser limitativos no que diz respeito a incentivar novos investimentos em energia renovável. Um problema que se soma a dificuldades no licenciamento e ligações à rede.
Numa ótica de promover estes investimentos, o estudo recomenda que se continuem a colmatar as principais dificuldades, desde a disponibilidade de rede, a previsibilidade dos procedimentos administrativos e licenciamento, incentivos aos investidores, mecanismos de formação de preço e aceitação local.
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