Revolut lança finalmente IBAN português ‘PT50’ e integração com MB Way

Num processo que pode demorar até mês e meio, os clientes portugueses vão ser convidados a migrarem para a nova sucursal portuguesa, passando a poder fazer também pagamentos por entidade/referência.

A Revolut arranca esta quinta-feira com um processo de migração de clientes para a nova sucursal em Portugal. Esta novidade será acompanhada por novos produtos, como a integração dos cartões no MB Way, a possibilidade de se fazerem pagamentos por entidade e referência e a disponibilização de um IBAN nacional, começado pelo prefixo “PT50”.

A informação foi avançada ao ECO pela própria fintech. Era um lançamento há muito aguardado pelos clientes do banco digital de origem britânica, que se estreou no mercado português em 2017, e onde diz ter mais de 1,5 milhões de clientes. O processo de criação de uma sucursal bancária em Portugal tem-se arrastado no tempo, depois da notícia original sobre a intenção de lançar um IBAN nacional dada pelo ECO em fevereiro de 2023.

“Nós temos uma licença bancária na Lituânia e é através da licença bancária na Lituânia que operamos em vários países. Nos últimos dois anos criámos sete sucursais na Europa. Neste trimestre vamos lançar Portugal e Bélgica. Ficamos com uma sucursal bancária em Portugal. Vamos começar a migrar clientes para esta sucursal”, revela ao ECO o diretor-geral da Revolut Portugal, Rúben Germano.

De acordo com o responsável, o processo será gradual e pode durar até mês e meio, sendo que, durante este período, a opção de migração vai sendo apresentada faseadamente a todos os clientes. Depois de estar concluída, serão lançadas as novas funcionalidades decorrentes do acordo finalmente alcançado entre a Revolut e a SIBS, que gere a rede Multibanco, e que possibilitará adicionar os cartões deste banco digital à popular aplicação MB Way. É, aliás, outra das grandes novidades que a Revolut vai anunciar a partir desta quinta-feira.

“Vão acontecer duas coisas. O onboarding vai dar à luz a KYC português [Know Your Customer, o processo pelo qual o banco recolhe e guarda dados pessoais dos seus clientes] e, por isso, vamos ter a Chave Móvel Digital, vamos ter outras funcionalidades que permitem uma abertura de conta até mais rápida. Também temos uma estratégia de migração. É o cliente que decide migrar para a sucursal. Vamos disponibilizando este produto gradualmente e o que acontece é que, à medida que o cliente recebe a comunicação de que pode mudar, seleciona e faz o processo de migração. Nós vamos fazer um rollout, não fazemos bing bang“, explica Rúben Germano.

Após a migração, segundo o responsável, o IBAN lituano será mantido durante algum tempo, mas eventualmente acabará por desaparecer. Por isso, “recomendamos aos clientes passarem os débitos diretos para este novo IBAN e queremos que toda a transação seja sobre este IBAN português”, aconselha o líder da Revolut.

Depósitos protegidos, mas na Lituânia

Apesar da sucursal estar baseada em Portugal — permitindo aos clientes, por exemplo, apresentarem reclamações no Livro de Reclamações ou diretamente ao Banco de Portugal –, os depósitos dos clientes portugueses continuarão a não estar protegidos pelo Fundo de Garantia de Depósitos português: “Como continuamos com a licença bancária lituana, o fundo de garantia de depósitos é da Lituânia. Nós vamos é ter a possibilidade de ter uma conta bancária portuguesa com um IBAN português. Até agora não era possível”, explica o líder da sucursal nacional da Revolut.

Ainda assim, para os clientes, o IBAN português representará mais do que o orgulho nacional. “Neste momento, tanto a domiciliação de ordenados como os débitos diretos, uma vez que não temos um IBAN português, são dificultados no mercado português — seja pelos merchants [comerciantes], seja pelas pessoas que pagam os salários. Há uma dificuldade por ter um IBAN lituano no mercado. Essa componente é colmatada pelo lançamento deste produto, que nos permite depois lançar outros produtos que estão acoplados e precisam de um IBAN português: Multibanco, pagamento de entidades e serviços e MB Way”, refere o responsável.

Algumas destas dificuldades são até ilegais à luz do direito europeu, conta o diretor-geral, mas persistem ainda assim. Rúben Germano reconhece, no entanto, que “não é só em Portugal”: “É uma dificuldade que temos tido em todos os países”, afirma, justificando deste modo a importância de oferecer serviços localizados nos mercados em que a Revolut opera.

“Um dos grandes temas e limitações que nós tínhamos era que a Revolut não permitia fazer o pagamento de utilities [faturas dos serviços públicos, como luz, gás e internet] e impostos. Com a conta Revolut havia muita dificuldade, se fosse só por entidade e referência, os clientes pagarem os seus impostos ou as suas despesas de utilities. Com isto, matamos claramente esse gap que tínhamos no mercado. Depois, há uma componente de transferência MB Way que é comum no mercado português, e mesmo o pagamento de ecommerce, em que vamos entrar através do MB Way”, refere Rúben Germano.

Ao nível fiscal, esta alteração traz também uma novidade: por ser uma conta bancária em Portugal, deixa de ser obrigatório declarar o IBAN da conta Revolut no anexo J do IRS, como acontecia até aqui. É Rúben Germano que o confirma, apesar de sinalizar que, na declaração do próximo ano, pode ainda ser necessário apresentar essa informação ao Fisco.

Recomendamos aos clientes passarem os débitos diretos para este novo IBAN.

Rúben Germano

General manager da Revolut Portugal

Juros diários e caixas ATM

Outro produto que será lançado nesta fase é “uma conta de poupança imediata”. Trata-se de “uma conta de depósitos”, em que a Revolut promete “fornecer juros diários aos clientes”. “Ou seja, este produto é o espoletar de outros produtos que estão acoplados, também por isso é que demorou mais tempo, estamos a fazer este big bang de todos os produtos em Portugal”, diz.

Quanto a crédito, a Revolut estreou-se no ano passado com o crédito pessoal em Portugal e planeia oferecer cartões de crédito “proximamente”. O que não está na calha, pelo menos para já, é a concessão de crédito à habitação, produto que traz consigo uma forte fidelização dos clientes aos respetivos bancos, mas que ainda não está no roadmap. “Estamos a lançar na Lituânia e na Irlanda. Vamos aprender com os produtos, fazer melhorias e depois escalamos para outros mercados”, explica.

Para o próximo ano, está definido que a Revolut irá iniciar a instalação de um novo tipo de caixas ATM em regiões urbanas do país: “Nós achamos que o mercado de ATM está estagnado no mercado português e acho que a inovação que a Revolut tem dentro da máquina potencia uma disrupção do mercado. Os nossos ATM vão permitir ter logo a disponibilidade de um cartão físico da própria Revolut. Há várias outras valências, não é só ATM, que a própria máquina o vai fazer”, explica Rúben Germano, acrescentando: “não é uma máquina típica do mercado português”.

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