Banca aprova novo governador. “Tem condições para ter sucesso”

Banqueiros admitem ao ECO que não conhecem bem o novo supervisor, mas elogiam carreira do "muito bom" economista e ex-ministro da Economia. "Tem condições para ter sucesso".

Santos Pereira tem nota positiva do setor.BCE

“Muito bom economista”. “Tem condições para desempenhar com sucesso a função”. “Reúne requisitos de independência, claramente”. O setor financeiro aprova a nomeação de Álvaro Santos Pereira, ex-ministro da Economia de Passos Coelho e economista-chefe da OCED, para o cargo de governador do Banco de Portugal.

“Tem um currículo académico e uma carreira profissional que suportam a adequação e preparação para a função”, afirma um banqueiro ao ECO, admitindo não conhecer muito bem o seu próximo supervisor. Em todo o caso, atira: “Tem, em minha opinião, condições para desempenhar com sucesso a função”.

Outro presidente de um banco também confessa que não tem “opinião sustentada” acerca de Álvaro Santos Pereira. “Conheço-o mal. Parece que se trata de um muito bom economista”, sublinha este gestor que, ainda assim, duvida da importância do papel do governador do banco central. “Nos dias de hoje qual a real relevância do Banco de Portugal. O que manda realmente o governador no funcionamento do Banco de Portugal? Ou seja, não tem impacto”, afirma.

António Nogueira Leite, economista e professor da Nova SBE, aponta requisitos de independência para o antigo ministro do Executivo de Passos para exercer o cargo de governador. “Nas funções públicas que Santos Pereira ocupou, nunca foi visto como homem de nenhum aparelho. Aliás, se voltarmos atrás no tempo, até teve alguma incompreensão por ser independente”, lembra o antigo administrador da Caixa.

Tendo “claramente as competências para ser governador”, Nogueira Leite afirma que “é na prática” que a independência e a coragem de Santos Pereira vão ser testadas. “Acho que tem ambas”, destaca, ressalvando que “é preciso resguardar o Banco de Portugal da política”. “Nisso acho que será capaz de fazer melhor do que o seu antecessor”, atira.

Mais discreto, Vítor Bento mostra apenas “disponibilidade para colaborar com o próximo governador”. Em entrevista à Antena 1/ Jornal de Negócios, o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) prefere não se pronunciar “muito menos prospetivamente, sobre quem exerce essa tarefa” de supervisão. Ainda assim nota que a “opinião prevalecente no setor foi positiva” para a gestão de Centeno.

Para Pedro Brinca, o ideal seria não ter um governador conotado com uma força política. Mas o professor da Nova SBE considera que 12 anos “é tempo suficiente” para fazer essa separação e lembra que cerca de metade dos governadores da Zona Euro exerceram funções governativas no passado. “Não é uma prática tão incomum”, afirmou na RTP 3.

Brinca considera que a escolha representa um “bom equilíbrio entre competência e experiência internacional”, também diz que a pool de candidatos elegíveis não era grande e desvaloriza o facto de não ter conhecimento profundo do setor financeiro. “É economista e tem uma visão holística de toda a economia, do qual o sistema financeiro faz parte”, explica.

Neste ponto, Nogueira Leite não antecipa problemas na esfera da supervisão. Álvaro Santos Pereira pode enfrentar “ruídos e pequenos embates como o anterior governador”, mas não se compara com os mandatos do governador Carlos Costa. “Os bancos estão muito fortes, muito bem capitalizados, muito prudentes”, diz.

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