Um ano após pedido de insolvência da holding, Inapa Portugal prepara plano estratégico
Arrastada pelo colapso da holding após falha de liquidez na Alemanha, a Inapa Portugal foi salva da falência pela holding familiar de Carlos Martins, que comprou o negócio após a empresa falhar o PER.
Há exatamente um ano, oito dias depois de anunciar que o colapso na Alemanha era inevitável e iria arrastar a “holding” para a falência, a Inapa IPG formalizava o pedido de insolvência junto do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste. O processo arrastou o negócio em Portugal, que ainda tentou — e falhou — um processo de revitalização para salvar o negócio. Uma proposta de 600 mil euros por parte da “holding” familiar de Carlos Martins, que incluiu ainda negócio da Comunicação Visual e de 100% da Inapa Packaging, evitou a falência em Portugal. Quase quatro meses após a aquisição, a empresa está a trabalhar num plano estratégico para explorar novas oportunidades do setor.
Conforme disse ao ECO fonte próxima do processo, depois de meses “muito difíceis”, no âmbito do processo de insolvência da holding Inapa IPG, que forçou a empresa em Portugal a continuar a operar sem acesso a crédito, que culminaram com a aquisição por parte da Black and Blue Investimentos, de Carlos Martins – aprovada pelos credores no início de abril – a Inapa Portugal está a preparar-se para a sua nova vida.
Segundo apurou o ECO, a empresa está a explorar “oportunidades que podem fazer parte de um plano mais abrangente”, que incluem tanto as operações de packaging, como a distribuição de papel, que tem atravessado uma crise que se prolonga há vários anos e que vinha a pressionar as contas da empresa. O ECO sabe que o plano estratégico ainda não está fechado, mas tem como objetivo tornar o negócio viável.

Não é a primeira vez que o industrial português que comprou a Inapa Portugal recupera uma empresa em dificuldades. Carlos Martins também já comprou os Estaleiros de Viana, onde acelerou nos últimos anos a construção de navios, fechando contratos de grande dimensão.
A venda do negócio ao empresário português foi a solução levada aos credores pelo administrador de insolvência, Bruno da Costa Pereira, e que garantia a “reserva da totalidade dos postos de trabalho” e a atividade da empresa, na distribuição de papel, que empregava cerca de 200 pessoas. Da proposta de 600 mil euros oferecidos pela holding de Carlos Martins, 390 mil foram oferecidos para comprar a Inapa Portugal, 130 mil pela Inapa Packaging e 80 mil pela Inapa – Comunicação Visual.
A Inapa Portugal foi arrastada pela insolvência do grupo no dia 29 de julho do ano passado, depois de a empresa ter comunicado, no dia 21 de julho, que o colapso na Alemanha era inevitável, uma vez que não conseguiu aprovação da Parpública, o seu maior acionista, para uma injeção de emergência de 12 milhões de euros. Tal teria repercussão na atividade da holding, puxando-a também para a falência.
A antiga gestão da Inapa IPG, liderada por Frederico Lupi, atirou responsabilidades para a Parpública, o maior acionista, com 44,89%, do capital, mas o antigo presidente da Parpública e o Governo rebateram, no final de janeiro, no Parlamento, as afirmações dos gestores.
À imagem do que já tinha adiantado o ex-presidente da Parpública, Realinho de Matos, numa audição anterior, João Silva Lopes garantiu que “da parte da Inapa não foi apresentado qualquer estudo de viabilidade, nem provas que o Estado iria recuperar o dinheiro“. O mesmo em relação à oferta informal dos japoneses da JPP, a qual “não chegou de forma concreta e formal”.
O secretário de Estado do Tesouro e Finanças, João Silva Lopes, afirmou, na mesma ocasião, que rejeitar uma injeção de emergência no valor de 12 milhões de euros na Inapa, para impedir a falência na Alemanha com impacto direto no grupo, foi uma decisão “difícil”, mas que “foi muito pensada e adotada na defesa do interesse público e contribuintes”.
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