Lucro da Euronext dispara quase 30% no segundo trimestre

A empresa responsável pela bolsa nacional alcançou lucros e receitas históricas no segundo trimestre, à boleia da volatilidade do mercado e da estratégia de aquisição de empresas.

O grupo Euronext, líder dos mercados de capitais europeus e responsável pela gestão da Bolsa de Lisboa, registou lucros de 183,8 milhões de euros no segundo trimestre, um crescimento homólogo de 29,7% face ao período homólogo. Ainda assim, este resultado ficou aquém das estimativas dos analistas que acompanham a empresa que, segundo dados compilados pela Refinitiv, antecipavam 198,1 milhões de euros.

Este desempenho surge num contexto particularmente significativo para a Euronext, coincidindo com o anúncio da oferta de 426 milhões de euros pela Bolsa de Atenas (ATHEX), uma operação que demonstra a estratégia expansionista contínua da empresa pan-europeia.

As receitas e outros rendimentos da Euronext atingiram um recorde de 465,8 milhões de euros no segundo trimestre, marcando um crescimento de 12,8% em comparação com os 412,9 milhões de euros do mesmo período de 2024, refere a Euronext em comunicado enviado ao mercado esta quinta-feira. Trata-se do quinto trimestre consecutivo de crescimento de dois dígitos por parte da empresa.

“No segundo trimestre de 2025, a Euronext alcançou receitas e rendimentos recorde de 465,8 milhões de euros, impulsionadas pelo crescimento orgânico e aquisições”, destacou Stéphane Boujnah, CEO da Euronext, citado no comunicado.

O ambiente de elevada volatilidade de mercado no segundo trimestre proporcionou um impulso significativo às receitas dependentes de volume de negociação.

Um dos aspetos mais relevantes do desempenho dos resultados trimestrais foi a contribuição das receitas não relacionadas com volume, que representaram 58% do total de receitas e cobriram 161% das despesas operacionais subjacentes, excluindo depreciações e amortizações. Este indicador demonstra a solidez estratégica da diversificação implementada pela Euronext.

Os serviços de valores mobiliários registaram receitas de 86,2 milhões de euros, um crescimento de 6,5%, “impulsionadas pelo aumento dos ativos sob custódia, maior atividade de liquidação e crescimento de dois dígitos nos serviços de valor acrescentado”, refere a empresa. No final do trimestre, os ativos sob custódia totalizaram 7,34 biliões de euros, uma subida de 4,5% face ao segundo trimestre de 2024.

As receitas de Soluções de Mercado de Capitais e de Dados cresceram 12% para 165,4 milhões de euros, “impulsionadas pela expansão comercial continuada das Soluções de Dados Avançados e o forte desempenho das Soluções Corporativas e de Investidores da Euronext e dos Serviços Tecnológicos, apoiados pela aquisição da Admincontrol”, explica a empresa.

O ambiente de elevada volatilidade de mercado no segundo trimestre proporcionou um impulso significativo às receitas dependentes de volume de negociação. Os mercados FICC (rendimento fixo, matérias-primas e divisas) geraram receitas de 87,7 milhões de euros, um crescimento notável de 20,1%, “impulsionados por outro desempenho recorde na negociação e compensação de rendimento fixo e na negociação de divisas”.

A Euronext está também “a expandir a sua presença nos países nórdicos e no negócio energético com a aquisição do negócio de futuros energéticos da Nasdaq Nordic, cuja aprovação regulamentar final para a aquisição já foi concedida.

Os mercados de ações registaram receitas de 106,2 milhões de euros, uma subida de 9,5%, “refletindo um trimestre forte na negociação e compensação de ações à vista, ainda mais impulsionado pela elevada volatilidade na primeira parte do trimestre”, lê-se no comunicado. A Euronext registou volumes diários médios de negociação de ações de 13,4 mil milhões de euros, um aumento de 21,2% comparativamente ao segundo trimestre de 2024.

O EBITDA ajustado da alcançou 297,3 milhões de euros, um crescimento de 15,8% face ao ano anterior, traduzindo-se numa margem EBITDA ajustada de 63,8%, superior em 1,6 pontos percentuais ao registado no segundo trimestre de 2024. Este nível de margem demonstra a eficiência operacional e a capacidade da empresa de gerar valor a partir das suas operações.

Os resultados mostram também que as despesas operacionais subjacentes, excluindo depreciações e amortizações, situaram-se em 168,4 milhões de euros, um aumento de 7,9% que, segundo a Euronext, refletindo “um aumento dos investimentos de crescimento e o impacto das aquisições, parcialmente compensado por uma forte disciplina de custos”.

O lucro por ação ajustado atingiu 2,02 euros, um crescimento de 27% face aos 1,59 euros do segundo trimestre de 2024. O lucro por ação reportado foi de 1,81 euros, representando um aumento ainda mais impressionante de 32,1% comparativamente ao período homólogo.

Estratégia de crescimento por aquisições ganha impulso

Os resultados do segundo trimestre refletem o impacto das recentes aquisições estratégicas da Euronext sob a liderança de Stéphane Boujnah. A empresa “fortaleceu o seu desenvolvimento nos países nórdicos e no Reino Unido com a aquisição da Admincontrol a 13 de maio. Esta transação melhora a quota de receitas baseadas em subscrição e está alinhada com a sua ambição de expandir a oferta SaaS”, destaca a empresa em comunicado.

A Euronext está também “a expandir a sua presença nos países nórdicos e no negócio energético com a aquisição do negócio de futuros energéticos da Nasdaq Nordic, cuja aprovação regulamentar final para a aquisição já foi concedida. A Euronext e a Nasdaq estão agora focadas na próxima migração de interesse aberto da Nasdaq Clearing para a Euronext Clearing no primeiro trimestre de 2026”.

A anunciada oferta pela ATHEX insere-se numa estratégia mais ampla de consolidação dos mercados de capitais europeus. Como explicou Stéphane Boujnah, “a Europa mostra um compromisso sem precedentes para estabelecer uma União de Poupança e Investimentos, e a Euronext é um ator chave na Europa para acelerar a concretização desta ambição”.

Com estes resultados, a Euronext reforça a sua posição como principal infraestrutura de mercado de capitais europeia, “cobrindo toda a cadeia de valor dos mercados de capitais, desde cotação, negociação, compensação, liquidação e custódia, até soluções para emitentes e investidores”.

A Euronext gere atualmente mercados regulamentados na Bélgica, França, Irlanda, Itália, Países Baixos, Noruega e Portugal, acolhendo “quase 1.800 emitentes cotados com 6,3 biliões de euros de capitalização de mercado”, representando aproximadamente “25% da negociação de ações europeias iluminadas”.

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