Elevador da Glória. Manutenção foi antecipada após incidente de 2018
“A Carris interrompeu o serviço e antecipou a manutenção geral do elevador que estava programada para breve”, indica o ex-vereador Miguel Gaspar.
O anterior executivo da Câmara Municipal de Lisboa foi informado do descarrilamento de 2018 no elevador da Glória, bem como da decisão da Carris de responder com a suspensão do equipamento e a antecipação da manutenção geral.
“A Carris na altura informou-nos que tinha existido um descarrilamento, mas não se tinha registado nenhum incidente com os passageiros e que tinha decidido, como já estava programada uma grande manutenção para esse ano, suspender o elevador e antecipar essa operação”, relatou à Lusa o vereador com a tutela da Carris e dos transportes no executivo liderado pelo socialista Fernando Medina, em funções na altura.
Contactado pela Lusa sobre o incidente de 2018 no elevador da Glória, Miguel Gaspar lembra-se de que o incidente “tinha a ver com o estado dos rodados” do ascensor e que o equipamento “ficou suspenso algumas semanas”. Em 17 de maio de 2018, Carlos Cipriano, jornalista especializado em ferrovia, titulou em artigo no Público: “O elevador da Glória descarrilou e ninguém disse nada”.
No artigo, a Carris é citada confirmando uma “anomalia técnica” que fez com que veículo o saísse dos carris, registada a 7 de maio, que levaria à suspensão dos veículos do elevador da Glória até 11 de junho. O texto confirma a informação fornecida à Lusa por Miguel Gaspar: “A Carris interrompeu o serviço e antecipou a manutenção geral do elevador que estava programada para breve”.
O ex-vereador responsável pelas pastas da Mobilidade e Segurança não recebeu informação sobre a classificação que a Carris fez do incidente na altura, sendo certo de que essa classificação era uma prática da empresa, nomeadamente da Autoridade de Segurança de Exploração.
A esta autoridade, que, no organograma da Carris, está na alçada do conselho de administração, cabe fazer os planos anuais de segurança da frota e acompanhar qualquer incidente nos equipamentos da empresa. A Lusa já pediu o registo do incidente de 2018 à Carris, mas ainda não obteve resposta.
“Nessa altura, de facto, houve um problema com o elevador da Glória, que descaiu e terá avançado também para o passeio, mas sem consequências”, recorda Manuel Leal, dirigente nacional da Fectrans (Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações) e do Strup (Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal).
Questionado sobre se os sindicatos se pronunciaram sobre o incidente, o eletricista de autocarros da Carris não conseguiu precisar. “Como foi uma situação que não teve consequências, não tenho ideia, possivelmente terá havido qualquer pedido de esclarecimento”, admitiu.
O incidente de 2018 aconteceu dois anos depois de a Carris ter sido municipalizada, com a aprovação do Decreto-Lei n.º 86-D, de 30 de dezembro de 2016, que passa para a autarquia de Lisboa “a assunção plena das atribuições e competências legais no que respeita ao serviço público de transporte coletivo de superfície de passageiros na cidade”.
O decreto “transfere a posição contratual detida pelo Estado no Contrato de Concessão de Serviço Público celebrado com a Carris, e transmite a totalidade das ações representativas do capital social da Carris do Estado para o município de Lisboa”.
Tratou-se de um regresso à gestão camarária, na alçada da qual o serviço público de transporte coletivo de passageiros em Lisboa esteve várias décadas até passar, no âmbito do processo de nacionalizações subsequente ao 25 de Abril de 1974, para a titularidade do Estado central.
A CML é, desde 30 de dezembro de 2016, o acionista único da Carris, cabendo-lhe, entre outras coisas, nomear a administração da empresa. O elevador da Glória descarrilou na quarta-feira à tarde, num acidente que provocou 16 mortos e duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.
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