Três em quatro portugueses já compram online. Cresce opção por artigos em segunda mão
A opção por entregas fora de casa tem crescido e o preço mantém-se como o fator mais importante na hora da compra online, acima da média europeia. Moda e beleza são as categorias preferidas.
O e-commerce tem vindo a crescer em Portugal, com três em cada quatro pessoas (75%) a já fazerem compras online e com quase metade (46%) a fazerem compras online regulares. Ambos os números traduzem uma subida de quatro pontos percentuais, face aos dados de 2023.
As conclusões constam do barómetro e-Shopper de 2025, elaborado pela distribuidora DPD e que contou com a participação de 1.262 portugueses, num conjunto de mais de 30 mil inquiridos de 22 países.
A frequência anual de compras também aumentou, passando de 34 em 2023 para 39,4 em 2025, embora ainda esteja abaixo da média europeia (48,6), como já se tem vindo a verificar nos últimos anos. Por mês, cada e-shopper nacional recebeu em média 4,2 encomendas, aponta o estudo.
Um crescimento mais acentuado tem sido verificado no que diz respeito às compras online de produtos em segunda mão. O que começou há uns anos por ser uma tendência de nicho tem-se tornado uma prática cada vez mais generalizada. Em 2025, dois em cada três inquiridos (67%) já compraram artigos em segunda mão online, o que representa uma subida de sete pontos percentuais face a 2023.
Por outro lado, regista-se o crescimento das entregas fora de casa, para o qual também contribui o uso crescente de lockers — já adotados por 14% dos portugueses. Este valor traduz um crescimento de cinco pontos percentuais face a 2023 e reflete uma tendência consistente de crescimento. Apesar de ainda abaixo da média europeia (27%), estes números “revelam potencial de expansão, sobretudo entre os consumidores mais jovens e os compradores mais frequentes, que já demonstram maior predisposição para adotar alternativas à entrega ao domicílio”, lê-se em nota de divulgação do estudo.
Estes resultados “são um sinal claro da direção que o e-commerce está a seguir em Portugal: cada vez mais guiado pela conveniência, confiança e inovação. O crescimento das soluções out-of-home, em particular dos lockers, e o peso crescente da Geração Z evidenciam consumidores que estão a moldar novas regras e a exigir soluções mais flexíveis, sustentáveis e alinhadas com as suas expectativas“, entende Américo Mendes, director geral Business da DPD Portugal.
“O futuro do e-commerce dependerá da capacidade das marcas e operadores anteciparem estas tendências e oferecerem experiências de entrega que acrescentem valor em cada interação“, acrescenta.
Preço mantém-se como fator mais importante. Moda e beleza são as categorias preferidas
O preço mantém-se como o fator mais determinante nas decisões de compra online em Portugal, com 78% dos e-shoppers regulares nacionais a assumirem que o preço é um dos fatores decisivos no processo de comprar, um valor claramente superior à média europeia (68%).
“Esta sensibilidade reflete não apenas a conjuntura económica dos últimos anos, marcada pela inflação, mas também a forma como o consumidor português encara o e-commerce: como um canal para obter o melhor negócio possível”, lê-se em comunicado. Esta perceção de poupança é generalizada e evidenciada pelo facto de 70% dos inquiridos afirmar que comprar online é uma forma de poupar dinheiro.
Além disso, 43% dizem ainda comprar fora do país para obter preços mais competitivos, comparando com apenas 34% na média europeia. Espanha, China e Reino Unido continuam a ser os principais destinos digitais dos e-shoppers nacionais.
Entre os e-shoppers portugueses tem também crescido a diversidade das suas escolhas de compras, com cada consumidor online a comprar, em média, em 5,6 categorias diferentes. Entre estas categorias destaca-se a moda (64%), beleza e saúde (53%) e calçado (43%). Mas começam também a despontar outras categorias de consumo como a dos livros (42%) e mercearia (33%), sendo que este último caso evidencia que o digital está a deixar de ser associado apenas a compras pontuais, passando a responder também a necessidades frequentes e de rotina.
Em termos de satisfação com as experiências de compra online, 79% dos e-shoppers portugueses regulares estão satisfeitos com a sua última compra, sendo que 82% consideraram todo o processo simples, contra 69% na Europa. Já 80% avaliaram a entrega como fácil, uma avaliação também acima da média europeia (70%).
Já no que toca a devoluções, o cenário é mais moderado: apenas 8% dos inquiridos devolveram a sua última compra, face a 16% na média europeia. Entre os que o fizeram, 59% consideraram o processo fácil, “revelando que ainda existe espaço para simplificação e inovação nesta etapa da jornada de consumo”.
Jovens altamente ligados às redes mas reticentes na hora da compra
Embora em Portugal 100% da Geração Z (entre 18 e 27 anos) utilize redes sociais semanalmente e 92% recorra a este tipo de plataformas para descobrir ideias ou produtos que pretende adquirir, este público ainda se mostra reticente a adotá-las no processo de compra. Isto tendo em conta que apenas 39% concretizam compras diretamente via social commerce, bem abaixo da média europeia que se cifra em 61%.
As plataformas mais relevantes são o Instagram, YouTube e TikTok, com esta última a registar uma subida expressiva de 17 pontos percentuais face a 2023. Por outro lado, o Facebook perdeu 33 pontos percentuais e caiu para quarto lugar do ranking. Esta reconfiguração do consumo digital “evidencia um novo ecossistema onde o entretenimento e a compra estão cada vez mais próximos”, prossegue o estudo.
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