Portugueses compram mais online, mas ainda menos que os europeus. Livros e tecnologia em queda

Portugal é o país europeu onde os consumidores são mais sensíveis ao preço em compras online. Inflação trouxe "maior consciencialização" para a poupança e a compra de artigos usados ganhou terreno.

Os portugueses voltaram a comprar mais pela internet, ainda que a fasquia continue abaixo da média da União Europeia (UE). Os internautas nacionais são os mais sensíveis ao preço, face a outros países europeus. No entanto, a compra de livros e de produtos de tecnologia/eletrónica estão em queda. As conclusões constam do barómetro e-Shopper de 2023, elaborado pela distribuidora DPD e que contou com a participação de 1.006 portugueses, num conjunto de mais de 24 mil inquiridos de 22 países.

Em 2023, cerca de sete em cada dez portugueses (71%) fizeram compras online. Trata-se de um aumento de cinco pontos percentuais face ao registado em 2022, ano que tinha sido marcado por uma quebra no comércio online em Portugal. Ainda assim, continua abaixo da média europeia (76% vs. 77% em 2022). “Os portugueses entraram mais tarde no e-commerce em comparação com outros países da Europa, onde existe já uma maior confiança e maior maturidade de utilização nesta tipologia de consumo”, nota o CEO da DPD Portugal.

Os portugueses entraram mais tarde no e-commerce em comparação com outros países da Europa, onde existe já uma maior confiança e maior maturidade de utilização nesta tipologia de consumo.

Olivier Establet

CEO da DPD Portugal

No entanto, Olivier Establet realça ao ECO que este barómetro “mostra não só um crescimento sustentado do número de e-shoppers regulares portugueses”, mas também “um gap cada vez mais baixo entre a média portuguesa e a média europeia”. É que em 2019 a diferença era de 9 pontos percentuais. Por outro lado, lembra que a pandemia fez com que mais pessoas no país se tornassem e-shoppers: progrediu de 65% em 2019 para 71% em 2023.

No comércio online, os portugueses privilegiam sobretudo os segmentos de moda (59%), beleza e saúde (51%) e calçado (41%). Em contrapartida, as vendas de livros e de produtos de tecnologia e eletrónica estão em queda, com um recuo de 10 e 9 pontos percentuais, respetivamente.

No que diz respeito aos compradores regulares, receberam, em média, quatro encomendas no mês anterior ao da realização do inquérito, em linha com o registado em 2022, mas ligeiramente abaixo de 2021 e 2019. A nível comportamental, “os e-shoppers regulares portugueses são na Europa os que se apresentam mais sensíveis ao fator preço na hora de comprar online, uma realidade que se traduz e explica em parte o crescimento do e-commerce C2C em Portugal”, aponta o líder da DPD Portugal.

Em Portugal, 71% dos e-shoppers regulares consideram que comprar online é uma forma de poupar dinheiro, contra 65% da média europeia. “A inflação trouxe uma maior consciencialização dos portugueses para o tema da poupança, reforçando a sensibilidade já evidente que os e-shoppers regulares portugueses tinham em relação ao fator preço”, nota Olivier Establet, numa alusão aos dados que apontam que 76% destes inquiridos indicam que o preço é o fator mais importante quando compram (acima da média europeia que está nos 62%) e 79% procuram sempre “bons negócios”.

Por outro lado, quase metade admite comprar online pela existência de entregas gratuitas e mais de um quarto (28%) valoriza não haver taxas escondidas adicionadas ao preço final do produto (critério que aumentou sete pontos percentuais entre 2022 e 2023), enquanto 22% menciona as devoluções gratuitas. Já metade dos entrevistados “aproveitam eventos que tenham grandes descontos”, quer seja online ou nas lojas físicas, acrescenta o responsável.

Barómetro e-Shopper de 2023 mostra que, apesar de continuarem a liderar por larga margem (70%), as entregas ao domicílio estão a perder peso para as entregas “Out-of-Home”.

O fator preço também explica a aposta cada vez maior na aquisição de produtos em segunda mão, com quase dois terços (65%) a referirem ser mais barato que comprar artigos novos, com 42% a destacar o facto desta tipologia de comércio apoiar uma economia mais responsável. Um em cada três e-shoppers regulares a nível nacional diz ter aumentado a compra de artigos usados.

A tendência, é aliás, confirmada pelo incremento da frequência de compra entre os que compram em plataformas C2C (Consumer to Consumer): 48% dos e-shoppers regulares revelam comprarem nestas plataformas, fazendo-o, em média, 11 vezes por ano (mais 3 vezes que em 2022). Em 2023, a idade média dos utilizadores portugueses C2C era de 41 anos, abaixo dos 40,5 anos da média europeia.

Já no que concerne ao processo de entrega, o barómetro e-Shopper de 2023 revela que as entregas em casa, apesar de continuarem a liderar, estão a perder peso para as entregas “Out-of-Home”. Atualmente, 70% dos e-shoppers regulares portugueses aponta as entregas ao domicílio como o local de entrega habitual (um recuo de 14 pontos percentuais face a 2022), enquanto as entregas no local de trabalho aumentaram oito pontos percentuais (33% destes entrevistados apontam-nas como o local de preferência).

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