Impresa “atravessa uma fase delicada”. Grupo justifica a entrada dos italianos como acionistas

Carla Borges Ferreira,

Impõe-se "a adoção imediata de medidas que assegurem uma recapitalização robusta, certa e integral, apta a restaurar o equilíbrio financeiro, a estabilizar a atividade empresarial", aponta o grupo.

“A situação em que a Sociedade atualmente se encontra reclama uma resposta firme, célere e adequadamente estruturada. A Sociedade atravessa uma fase delicada, caracterizada pela dificuldade em obter novas linhas de crédito e renovar as atuais, o que limita a sua capacidade de assegurar com normalidade e segurança o crescimento sustentado da sua atividade”. É assim que a Impresa começa por justificar a necessidade de aumento de capital para a entrada dos italianos da MFE na empresa, que detém o jornal Expresso e a SIC.

No documento enviado esta quinta-feira à CMVM, na sequência da marcação da assembleia geral extraordinária que permitirá a entrada da MFE no capital do grupo, a Impresa explica que a manutenção da situação atual, sem uma intervenção externa, “teria consequências inevitavelmente graves, traduzindo-se no progressivo enfraquecimento da capacidade operacional da Sociedade, na erosão da confiança dos seus credores e parceiros comerciais e, em última análise, na deterioração do seu valor económico”.

Além disso, prossegue, “os efeitos dessa inação não se circunscreveriam ao âmbito societário, mas afetariam e impactariam igualmente trabalhadores, clientes, fornecedores e a rede alargada de stakeholders cuja relação com a Sociedade é essencial para o desenvolvimento normal e contínuo da sua atividade”.

Assim, impõe-se “a adoção imediata de medidas que assegurem uma recapitalização robusta, certa e integral, apta a restaurar o equilíbrio financeiro, a estabilizar a atividade empresarial e a criar as condições indispensáveis à preservação e crescimento da atividade da Sociedade a médio e longo prazo”, começa por enquadrar o grupo, apontando quatro motivos para a entrada da MFE e a supressão do direito de preferência.

Por um lado, o conselho de administração considerou que a manutenção do direito de preferência geraria incertezas quanto ao sucesso da operação, e poderia conduzir a uma subscrição parcial ou insuficiente e que “apenas a entrada da MFE na estrutura acionista da Sociedade permitiria, com celeridade e certeza, assegurar as condições indispensáveis à estabilização financeira e a crescimento da atividade da Sociedade a médio e longo prazo“.

Depois, CA considera a operação essencial “uma vez que o investimento da MFE não se limita a suprir necessidades de tesouraria, mas visa também recuperar a confiança dos credores, estabilizar as operações, reforçar a estrutura patrimonial e criar as condições necessárias para o desenvolvimento futuro da Sociedade”.

Por último, o órgão liderado por Francisco Pedro Balsemão lembra que a MFE não se limita a aportar capital financeiro, mas traz knowhow que dará “um contributo técnico e estratégico de grande valor, decorrente da sua experiência consolidada no setor dos media, da sua competência reconhecida em gestão e inovação e da sua capacidade de mobilizar uma rede de contactos suscetível de potenciar o crescimento e a competitividade da Sociedade”.

A Impresa marcou para o dia 29 de dezembro a assembleia geral extraordinária para os acionistas autorizarem o conselho de administração liderado por Francisco Pedro Balsemão a avançar com o aumento de capital de 17,325 milhões de euros a ser subscrito pelo grupo italiano Media For Europe (MFE).

Esta é uma das três condições precedentes para a concretização do acordo de investimento anunciado no final do mês passado entre a Impreger, holding da família Balsemão e que controla 58,75% da dona da SIC e Expresso, e o grupo de media da família Berlusconi.

No âmbito deste negócio, a MFE passará a deter 32,934% da Impresa por via da subscrição das novas ações que serão emitidas no aumento de capital a um preço unitário de 21 cêntimos – acima da atual cotação de 20,6 cêntimos. Já a Impreger verá a sua participação reduzida para 33,738%.

O acordo de investimento entre as duas partes está ainda dependente da confirmação por parte da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) de que a MFE não terá de lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a totalidade do capital da Impresa e também da confirmação de que os bancos credores não vão alterar os termos dos financiamentos que celebraram com a Impresa. A expectativa da Impresa é que a luz verde a estas condições ocorra no prazo máximo de dois meses.

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